Lembrei
agora de um fato passado na política do Brasil recente, dos anos de 1992.
Acossado pelas denúncias de corrupção feitas por partidos de oposição ao seu governo,
um certo presidente do Brasil viu desmoronar de uma hora para a outra o seu
mandato. Até irmão apareceu para denunciá-lo por corrupção. Mas o que atropelou
mesmo o presidente naquela época foi uma Elba, um carro comum, vagabundo.
A pressão
aumentava e a arrogância do presidente, a sua prepotência, o impedia de ver com
clareza a gravidade da situação. Com mais pressão, veio o infeliz (não para
nós) conselho de um determinado político que, dizem, era de Brasília e por aqui
ainda anda, mas sem cargo no Legislativo.
Se a pressão aumentava, era só usar uma força contrária. Qual? O povo
nas ruas, claro. E o presidente anunciou o seu apelo para que as pessoas em
determinado dia fossem às ruas vestidas de verde e amarelo. Naquele dia o povo
foi às praças, avenidas e ruas do país. Inclusive nas daqui de Brasília. Mas
foi de preto, cara pintada e exigindo a cabeça do presidente Collor.
Não demorou
e a cabeça rolou. É verdade que depois, para tristeza de milhões, mas
felicidade dos seus algozes no PT, maior partido de oposição naqueles anos de
1992, Collor voltaria depois como queridinho aliado de Lula e Dilma no Senado.
Mas essa não é a questão central.
Uma questão
é: se mesmo esfrangalhada a oposição, depois de mensalões que se infiltraram também
travestidos de petrolões [e bilhões], a oposição terá forças para de fato fazer
oposição.
E a mãe de
todas as indagações: O povo brasileiro, desalentado, envergonhado, anestesiado,
depois de tantas trações de seus sucessivos e recentes governos —de FHC até
Dilma— ainda terá pique para vestir preto e sair às ruas?
Acho
difícil, mas não impossível, pois as forças do povo são imprevisíveis. E se
isso acontecer, a indignação, no próximo dia 15, quando estão convocando manifestações em
várias cidades contra a presidente, e o PT está apelando para seus militantes também
irem às ruas vestidos de vermelho? Aí...seja o que Deus quiser. Poderá ser um tiro no pé da própria presidente.
P.S.: O PMDB
seria fiel na defesa do mandato da presidente? Ora, a fidelidade desse partido
hoje ‘não vale um cibazol’.