Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Dilma? Lembrei de Collor e o impeachment; fidelidade do PMDB não vale um cibazol

Terça, 10 de fevereiro de 2015
Lembrei agora de um fato passado na política do Brasil recente, dos anos de 1992. Acossado pelas denúncias de corrupção feitas por partidos de oposição ao seu governo, um certo presidente do Brasil viu desmoronar de uma hora para a outra o seu mandato. Até irmão apareceu para denunciá-lo por corrupção. Mas o que atropelou mesmo o presidente naquela época foi uma Elba, um carro comum, vagabundo.
A pressão aumentava e a arrogância do presidente, a sua prepotência, o impedia de ver com clareza a gravidade da situação. Com mais pressão, veio o infeliz (não para nós) conselho de um determinado político que, dizem, era de Brasília e por aqui ainda anda, mas sem cargo no Legislativo.  Se a pressão aumentava, era só usar uma força contrária. Qual? O povo nas ruas, claro. E o presidente anunciou o seu apelo para que as pessoas em determinado dia fossem às ruas vestidas de verde e amarelo. Naquele dia o povo foi às praças, avenidas e ruas do país. Inclusive nas daqui de Brasília. Mas foi de preto, cara pintada e exigindo a cabeça do presidente Collor.
Não demorou e a cabeça rolou. É verdade que depois, para tristeza de milhões, mas felicidade dos seus algozes no PT, maior partido de oposição naqueles anos de 1992, Collor voltaria depois como queridinho aliado de Lula e Dilma no Senado. Mas essa não é a questão central.
Uma questão é: se mesmo esfrangalhada a oposição, depois de mensalões que se infiltraram também travestidos de petrolões [e bilhões], a oposição terá forças para de fato fazer oposição.
E a mãe de todas as indagações: O povo brasileiro, desalentado, envergonhado, anestesiado, depois de tantas trações de seus sucessivos e recentes governos —de FHC até Dilma— ainda terá pique para vestir preto e sair às ruas?
Acho difícil, mas não impossível, pois as forças do povo são imprevisíveis. E se isso acontecer, a indignação, no próximo dia 15, quando estão convocando manifestações em várias cidades contra a presidente, e o PT está apelando para seus militantes também irem às ruas vestidos de vermelho? Aí...seja o que Deus quiser. Poderá ser um tiro no pé da própria presidente.
P.S.: O PMDB seria fiel na defesa do mandato da presidente? Ora, a fidelidade desse partido hoje ‘não vale um cibazol’.