Terça, 30 de junho de 2015
Bruno Bocchini - Repórter da Agência Brasil
A organização não governamental Greenpeace criticou hoje (30) os
termos do compromisso assumido pelo governo brasileiro, em acordo
bilateral com os Estados Unidos, para acabar com o desmatamento ilegal
de florestas e mitigar as causas das mudanças no clima. O documento
informa que o Brasil pretende restaurar e reflorestar 12 milhões de
hectares de florestas até 2030. Não foi definido, no entanto, um prazo
para zerar o desmatamento.
“É inaceitável que o compromisso mais
ambicioso que Dilma assume para proteção das florestas e combate às
mudanças climáticas seja tentar cumprir a lei. Mas foi exatamente isso o
que ela fez em aguardada reunião com [o presidente Barack] Obama hoje
(30) pela manhã, em Washington (EUA): prometeu fazer o possível para
combater o desmatamento ilegal no Brasil, sem dar prazo ou garantia
concreta”, diz a nota do Greenpeace.
“Dilma também prometeu
restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares de florestas até 2030,
mas isso é cerca de metade do exigido pelo atual Código Florestal para
zerar nosso passivo ambiental”, acrescenta a nota.
Para o
Greenpeace, o governo brasileiro, em vez de defender o desmatamento
zero, propõe desmatamento ilegal zero ou o desmatamento líquido zero, o
que abriria grande margem aos desmatadores. Enquanto dezenas de governos
se comprometeram a zerar suas perdas florestais até 2030, como consta
na Declaração de Nova York sobre Florestas, no ano passado – que o
governo brasileiro se recusou a assinar –, a ONG ressalta ser
"vergonhoso que o nível do debate e do compromisso no país ainda sejam
tão baixos”.
No acordo assinado hoje pelos dois países, os
presidentes destacaram que vão trabalhar em cooperação na geração de
energia nuclear segura e sustentável, além de reconhecer a necessidade
de acelerar o emprego de energia renovável para ajudar a mover as
economias. Os países propuseram a adoção de “ações ambiciosas”, no
sentido de atingir, individualmente, 20% de participação de fontes
renováveis em suas respectivas matrizes elétricas, até 2030 – além,
naturalmente, da geração hidráulica.
“[O governo brasileiro] na
verdade, poderia alcançar pouco mais que o dobro disso, segundo dados do
Observatório do Clima”, ressalta o Greenpeace. A nota do Greenpeace
menciona ainda o "assustador anúncio de uma cooperação nuclear para
compartilhar tecnologias de geração ‘seguras e sustentáveis’ entre os
dois países”.