Sexta, 26 de junho de 2015
Do ESQUERDA.NET
“Os mesmos que falharam
redondamente em prever os estragos que a austeridade causou estão agora a
dar lições aos outros sobre crescimento?”, questiona o Prêmio Nobel da
Economia no New York Times.
Krugman:
"Afinal o que se passa? O objetivo é partir o Syriza? É obrigar a
Grécia a uma bancarrota presumivelmente desastrosa, para dar força aos
outros?"
Na sua coluna,
Paul Krugman ataca o FMI quando diz que as propostas gregas prejudicam o
crescimento, recordando o historial de falhanço das previsões de
crescimento da economia grega feitas pelo mesmo FMI. Leia aqui o texto
traduzido pelo infoGrécia:
“Tenho
estado bastante calado sobre a Grécia, por não querer gritar Grexit num
auditório cheio de gente. Mas ao ouvir os relatos das negociações em
Bruxelas, algo tem de ser dito – nomeadamente, o que é que os credores,
em especial o FMI, julgam que estão a fazer?
“Esta devia ser uma
negociação sobre metas para os excedentes orçamentais, e depois sobre o
perdão da dívida que previne futuras crises intermináveis. E o governo
grego concordou com metas que são até bastante altas, sobretudo
considerando que o orçamento teria excedentes enormes se a economia não
estivesse tão deprimida. Mas os credores continuam a rejeitar as
propostas gregas com o argumento de que dependem muito dos impostos e
não o suficiente em cortes na despesa. “Continuamos ainda no ramo de
ditar a política interna.
“A suposta razão para a rejeição de uma
resposta com base em impostos é que irá prejudicar o crescimento. A
resposta óbvia é: estão a gozar connosco? Os mesmos que falharam
redondamente em prever os estragos que a austeridade causou – vejam o
gráfico, que compara as previsões no memorando de 2010 com a realidade –
estão agora a dar lições aos outros sobre crescimento? Mais ainda, as
preocupações sobre crescimento estão todas do lado da oferta, numa
economia a funcionar pelo menos 20% abaixo da sua capacidade.
A azul, as projeções do FMI sobre o crescimento do PIB da Grécia; a vermelho, o que aconteceu na realidade.
"Falem com as pessoas do FMI e elas vão afirmar a impossibilidade de
lidar com o Syriza, a sua irritação com o exibicionismo, e por aí
adiante. Mas aqui não estamos na escola secundária. E neste momento são
os credores, muito mais que o Syriza, que estão a mudar as balizas de
sítio. Afinal o que se passa? O objetivo é partir o Syriza? É obrigar a
Grécia a uma bancarrota presumivelmente desastrosa, para dar força aos
outros?
Nesta altura é preciso deixar de falar sobre o “Graccident”;
se acontecer o “Grexit” será porque os credores, ou pelo menos o FMI,
quis que isso acontecesse".