Sábado, 3 de dezembro de 2016
Do Esquerda.Net
Novo caso de fuga aos
impostos recorrendo a empresas "offshore" exposto pelo consórcio europeu
de investigação, que inclui semanário Expresso.
3 de Dezembro, 2016
Cristiano Ronaldo no lançamento de um perfume com o seu nome, em setembro, em Madrid. Foto de Angel Diaz/EPA/Lusa.
No futebol, os casos mais recentes de fuga aos impostos recorrendo a esquemas de empresas offshore foram os dos jogadores internacionais do Barcelona Lionel Messi e Neymar Jr. Agora, o semanário Expresso revela o Football Leaks,
uma nova investigação do consórcio europeu de investigação que indica
que Cristiano Ronaldo e José Mourinho podem estar envolvidos num caso de
evasão fiscal.
O consórcio inclui 12 jornais europeus que analisaram 18,6 milhões de
documentos sobre este sofisticado esquema de fuga aos impostos, que, ao
que tudo indica, foi concebido pelo influente agente desportivo e
empresário português Jorge Mendes.
Segundo o estudo, Cristiano Ronaldo recebeu 149.8 milhões de euros de
direitos de imagem, dos quais declarou 22.7. O dinheiro terá sido
transferido para empresas fantasmas sediadas nas Ilhas Virgens
Britânicas, na Irlanda ou no Caribe, desde 2009. O fisco espanhol já
abriu uma investigação a este caso.
José Mourinho, por sua vez, terá enviado para estas empresas 12
milhões de euros de ganhos publicitários. A empresa de Jorge Mendes, a
Gestifute, ao ser confrontada com esta investigação, emitiu um
comunicado em que garante que tanto Ronaldo como Mourinho têm as suas
declarações fiscais em dia e que qualquer acusação em sentido contrário
será alvo de um processo judicial.
O esquema utilizado
Segundo o consórcio internacional de jornalistas, o esquema utilizado
por Cristiano Ronaldo foi o seguinte: em 2009, entregou os seus
direitos de imagem à Tollin, uma empresa sediada nas Ilhas Virgens
Britânicas, que os passa às empresas Multisports & Image Management
(MIM) e Polaris Sports, ambas com sede na Irlanda. A segunda é gerida
por um sobrinho de Jorge Mendes. Estas duas empresas assinam, em
representação do internacional português, contratos com grandes
patrocinadores, que, por sua vez, lhes pagam diretamente. A MIM e a
Polaris voltam a transferir as receitas, excetuando as comissões, para a
Tollin, onde ficam depositadas. No final do ano de 2014, a Tollin
transfere os milhões de euros de volta para Cristiano Ronaldo.