Quinta, 1º de dezembro de 2016
Do El País Brasil
Afonso Benites e Flávia Marreiro
Apenas horas depois de a Câmara aprovar o controverso pacote anticorrupção desfigurado para incluir mecanismos mais amplos de punição para juízes e promotores, Renan Calheiros (PMDB-AL), tentou fazer o mesmo no Senado. O presidente da Casa colocou em votação no plenário na tarde desta quarta-feira um pedido de urgência de votação do conjunto de medidas aprovado, que agora está sendo chamado de pacote anti-Lava Jato. A manobra para acelerar a análise do texto pelos senadores foi articulada pelas lideranças do PMDB, o partido do presidente Michel Temer, e também do PSD e do PTC, ambos da base governista. Os senadores foram pegos de surpresa e iniciaram um longo debate sobre o assunto, com duras críticas à iniciativa, que acabou, no entanto, derrubada no plenário por 44 votos a 14.
O movimento de Renan Calheiros só exalta o clima de salve-se quem puder instalado no Congresso que convive com dezenas de implicados na Operação Lava Jato. Horas antes de o pedido de urgência ser colocado em pauta (com 19 votos do PMDB, 4 do PSD e 1 do PTC do senador Fernando Collor), os procuradores que lideram a investigação do esquema de corrupção na Petrobras haviam falado à imprensa. Declararam que, caso o pacote anticorrupção modificado seja aprovado no Congresso, eles renunciariam em conjunto a seus postos na megainvestigação.