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(Millôr Fernandes)

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Raio-x do descaso: para a Secretaria de Saúde do DF, vidas valem menos que um contrato de manutenção

Quarta, 7 de dezembro de 2016
Por SindSaúde DF — 7/12/2016
O SindSaúde-DF apurou nesta semana situação de total abandono no Hospital Regional da Asa Norte (HRAN). Tomógrafo, aparelhos de raio-x, ar condicionados e elevadores estão quebrados. Todas essas ocorrências têm em comum um único causador, a falta de contrato que garanta a constante manutenção do maquinário.

O único aparelho de raio-x que ainda funcionava, embora parcialmente, na unidade está parado desde sábado (3) devido ao ar condicionado do local estar sem gás. O outro dispositivo já está inativo desde janeiro deste ano. Com o defeito do único aparelho que ainda funcionava, os exames de raio-x estão totalmente parados.

Além de tudo, faltam filmes para as máquinas reveladoras. Somente uma está funcionando. ‘Embora os equipamentos sejam de alta qualidade, isso sobrecarrega. O ideal seria uma impressora para cada aparelho. Se essa quebrar, estaremos numa situação muito complicada’’, explica a presidente do SindSaúde-DF, Marli Rodrigues. Outra impressora está parada por ser de um tipo diferente, pois com a padronização do maquinário, não há material para revelar que seja compatível.

Sem tomógrafo
O tomógrafo do HRAN está quebrado há mais de seis meses. ‘’Aqui tem um tomógrafo que está quebrado e no Hospital de Base tem outro que está parado aguardando uma sala. É uma secretaria muito incompetente. Enquanto isso, pacientes amargam uma longa fila de espera e os servidores ficam acuados aguardando um exame para poder fechar diagnóstico’’, lamenta Marli.


Em vídeo gravado com a presidente do SindSaúde-DF, o vice-presidente do Sindicato de Técnicos e Auxiliares em Radiologia (Sintar-DF), Ubiratan Gonçalves Ferreira,  explicou a situação. “O aparelho de tomografia do HRAN é o mais moderno da rede e o ar condicionado (da sala) dele está quebrado há três meses. Vão pifar esse equipamento por causa de uma peça que custa 300 ou 400 reais”, indignou-se.


De acordo com ele, os hospitais de Base (HBDF), Santa Maria (HRSM), Gama (HRG) e Paranoá (HRG) também têm tomógrafos quebrados.

Caos também na odontologia A odontologia também foi afetada pela falta de exames panorâmica, pois o aparelho parou de funcionar no fim de outubro. O processo para arrumar a máquina está sendo providenciado via PDPAS (Programa de Descentralização Progressiva das Ações de Saúde) e já tramita há um mês — o prazo mínimo é de 60 dias. A falta de diagnóstico compromete cirurgias além de atrapalhar pacientes fraturados e vítimas de violência doméstica. Péssimas condições por todo o HRAN Em todo o HRAN, somente um elevador faz o transporte de pacientes, servidores, alimentos, lixo e até mesmo cadáveres, tudo ao mesmo tempo. Há relatos ainda de problemas na refrigeração do centro cirúrgico, UTI, nos boxes de emergência e até mesmo na Central de Material Esterilizado (CME). 

O que diz a Secretaria de Saúde
Em nota, a Secretaria de Saúde (SES-DF) afirma que o processo para contratação de empresa que fará manutenção preventiva e corretiva de todos os equipamentos da rede está tramitando, mas não estipula prazo.

Sobre os elevadores, a direção do hospital alegou ter apenas dois quebrados, situação diferente da encontrada pelo SindSaúde-DF. Ainda de acordo com a nota, a previsão é que eles voltem a funcionar até esta quarta-feira (7).

Marli Rodrigues contesta o posicionamento da Pasta. ‘’O que a Secretaria de Saúde vende é que está tudo bem e funcionando, isso é uma mentira’’, critica.