Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Não deixem minha avó morrer no Hospital de Base

Sexta, 27 de janeiro de 2017
Do Metrópoles

Priscilla Borges

PRISCILLA BORGES




Desde o dia 29 de dezembro, eu e minha família experimentamos o sofrimento vivido por milhões de brasileiros em todo o país: a dependência do Sistema Único de Saúde (SUS). Contar com uma rede de hospitais públicos que atende a qualquer cidadão poderia ser privilégio. No Brasil, no entanto, tornou-se fonte de frustração e impotência para quem depende dela.
Descaso, impotência e revolta massacram o estado de espírito de quem já está doente do corpo. As informações não são repassadas pelos profissionais de forma clara. A espera é longa. A solução, sempre distante. A sensação de desespero aumenta quando se observa o cenário ao redor. Nos relatos dos pacientes, falta amparo e sobra desatenção.

Neste caso, quem sofre com a falta de atendimento adequado é a minha avó, uma velhinha fofa de 97 anos. Quase centenária, ela faz parte de um pequeno grupo. De acordo com o último Censo Demográfico do IBGE, de 2010, apenas 489 pessoas em Brasília tinham entre 95 e 99 anos.
A minha avó é uma pessoa rara não só por causa da óbvia estatística da idade. Dona Maria Pereira da Silva, de nome e sobrenome tão comuns, tem uma força fora do normal.