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(Millôr Fernandes)

segunda-feira, 2 de abril de 2018

PGR denuncia deputado federal Arthur Lira (PP/Alagoas) por lavagem de dinheiro e prevaricação

Segunda, 2 de abril de 2018
Foto: Câmara dos Deputados

Do MPF
Raquel Dodge pede ainda que o Supremo Tribunal Federal decrete a perda do mandato do parlamentar
A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta segunda-feira (2), denúncia contra o deputado federal Arthur Lira (PP/AL), líder do Partido Progressista na Câmara dos Deputados, por lavagem de dinheiro e prevaricação. No documento, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, requer ainda a decretação da perda do mandato do parlamentar.

De acordo com a denúncia, em 10 de fevereiro de 2012 Arthur Lira aceitou a propina de R$ 106 mil ofertada pelo então presidente da Companhia Brasileira de Transportes Urbanos (CBTU), Francisco Colombo, e enviou, para recebimento da quantia no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, o seu assessor parlamentar Jaymerson José Gomes. A quantia foi entregue em dinheiro vivo.
Momentos depois, com o intuito de ocultar a natureza e a origem ilícita do valor, Arthur Lira determinou que seu subordinado, antes de embarcar para Brasília, escondesse as notas pelo corpo, sob suas vestes, nos bolsos do paletó, junto à cintura e dentro das meias. E ainda orientou que o funcionário dissimulasse a real propriedade do dinheiro, em caso de ser descoberto. Ao tentar passar pelo aparelho de raio x, o assessor foi abordado por agentes aeroportuários e detido pela Polícia Federal.
Esquema do PP – procuradora-geral da República esclarece que o crime cometido pelo parlamentar está inserido no contexto da Operação Lava Jato, mais precisamente no esquema criminoso revelado pelo doleiro Alberto Youssef, operador financeiro pelo Partido Progressista. Em outra denúncia apresentada pela PGR, em setembro do ano passado, o colaborador Youssef revelou que o deputado Arthur Lira, juntamente com o seu pai, Benedito de Lira, exercia influência nas sucessivas gestões da CBTU, inclusive na de Colombo.
“Francisco Colombo, para se manter na presidência da CBTU, oferecia e pagava vantagens indevidas a Arthur Cesar Pereira de Lira para que este, na condição de deputado federal, líder do PP na Câmara dos Deputados, com a prerrogativa de fazer indicações para cargos em comissão, mantivesse-o naquele cargo como nomeação política da agremiação”, afirmou Dodge.
Pedidos – Além de denunciar Arthur Lira pelos crimes de lavagem de dinheiro e prevaricação, a PGR requer que o parlamentar ressarça os danos materiais causados, no valor do montante recebido, e indenize a União em R$ 106,4 mil, uma vez que as condutas ferem a ordem econômica, a administração da Justiça, o patrimônio moral da coletividade e confiança coletiva nas instituições públicas.