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(Millôr Fernandes)

segunda-feira, 8 de julho de 2019

NA DITADURA ERA DIFERENTE. Dossiês inéditos da ditadura mostram que militares sabiam que políticos traficavam armas e drogas na fronteira

Segunda, 8 de julho de 2019
O então deputado federal Gandi Jamil Georges, aliado do governo militar, usava um Opala para traficar drogas pela fronteira do Paraguai com o Mato Grosso do Sul. Ilustração: Rodrigo Bento/The Intercept Brasil



Do
The Intercept
Por Lázaro Thor Borges
8 de julho de 2019

OPALA PRETO, com placas do Poder Legislativo Federal, cruzava tranquilamente a fronteira do Brasil com o Paraguai em Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul. Afinal, em plena ditadura, nenhum policial cometeria o erro de parar o carro que era usado pelo então deputado federal Gandi Jamil Georges, aliado do governo militar. No porta-malas, inúmeras cargas de armas e drogas traficadas sem problemas país adentro, como revelam dossiês exclusivos obtidos pelo Intercept.
Os arquivos do Serviço Nacional de Informações, o todo poderoso SNI, esquecidos por 30 anos, ligam pela primeira vez políticos da ditadura ao tráfico de drogas. Eles mostram que políticos apoiados pelo regime eram amigos, aliados e até irmãos de traficantes e contrabandistas que atuavam no Mato Grosso e no Mato Grosso do Sul. O Opala da Câmara é o exemplo mais característico.