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(Millôr Fernandes)

quarta-feira, 3 de julho de 2019

Saúde e bem-estar: Colesterol e Estatinas

Quarta, 3 de julho de 2019
53 - SAÚDE E BEM-ESTAR
Colesterol e Estatinas

SAÚDE E BEM-ESTAR
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Por
Aldemário Araújo

Colesterol e Estatinas

A American Medical Association, por intermédio de sua revista oficial (JAMA), formulou o seguinte questionamento: “Um homem saudável de 55 anos, com pressão arterial máxima de 11 cm, colesterol total de 250 mg/dL e sem história familiar de morte prematura por doença coronariana deve ser tratado com estatinas?”. Especialistas de alto nível responderam tanto “sim” quanto “não” para a pergunta. 

O episódio envolvendo a Americam Medical Association mostra que praticamente tudo relacionado com colesterol e estatinas está marcado por intensas controvérsias. O debate passa, entre outros aspectos: a) pelo papel desempenhado pelo colesterol no organismo humano; b) pela definição dos níveis preocupantes de colesterol e c) pelos eventuais malefícios causados pelas estatinas (prescrição médica básica para combater o colesterol elevado). O colesterol é um álcool policíclico de cadeia longa. Trata-se de um componente essencial das membranas celulares dos mamíferos. Ele desempenha funções fundamentais como: a) síntese dos hormônios sexuais e da digestão; b) absorção de vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K) e lipídios; c) produção da vitamina E e d) prevenção da perda excessiva de água por evaporação na pele. 

Algo em torno de 75% do colesterol do organismo é endógeno (produzido pelo corpo). Somente um quarto do colesterol utilizado pelo organismo é obtido pela alimentação. 

O colesterol não pode ser dissolvido pelo sangue. Assim, ele precisa se ligar a lipoproteínas transportadoras para circular pela corrente sanguínea. A lipoproteína LDL, conhecida como “mau colesterol”, transporta o colesterol para células e tecidos. Já a lipoproteína HDL, ou “bom colesterol”, transporta o colesterol dos órgãos e tecido para o fígado, removendo a substância do organismo. 

Estão amplamente disseminadas as seguintes informações sobre a arteriosclerose: a) é uma doença que resulta do acúmulo de placas de gordura no interior das artérias; b) é uma das principais causas de morte no mundo; c) seu desenvolvimento é progressivo e provoca a diminuição do sangue nos tecidos irrigados pelas artérias e d) o colesterol é o responsável pela obstrução arterial. Ademais, é voz corrente que: a) o “colesterol LDL” deve ser baixo (menos de 130 mg/dl); b) o “colesterol HDL deve ser alto (acima de 40 mg/dl) e c) o “colesterol total” deve estar abaixo dos 200 mg/dl. 

Também parece um padrão de comportamento médico receitar o uso de estatinas diante de registros, em exames de sangue, fora dos valores referidos. Vivenciei uma típica experiência nessa seara. Quando meu nível de colesterol total indicou a marca de 235 mg/dl recebi, de imediato, a prescrição médica de um comprimido diário de uma das estatinas mais vendidas no mercado. Considerações acerca de hábitos alimentares ou prática de exercícios físicos foram completamente ignoradas. 

Um amplo e significativo número de médicos e cientistas da área de saúde contesta com veemência os números antes referidos e usados como “padrões de normalidade”. Nessa seara, sustentam vários especialistas, acontece algo parecido com os chamados níveis normais de pressão arterial. Esses parâmetros são continuamente reduzidos para produzir uma demanda crescente por medicamentos. 

A contestação vai mais longe ao afirmar: a) a ausência de base científica para a teoria de que a arteriosclerose tem como culpado o colesterol depositado progressivamente nas artérias e b) que pesquisas demonstram que algo em torno de 75% das pessoas que sofrem o primeiro ataque cardíaco apresentam níveis normais de colesterol. 

Em relação às estatinas, crescem, na comunidade científica, registros: a) do reconhecimento da gravidade do efeito diabetogênico; b) de recomendações para que os laboratórios atentem para seus efeitos secundários; c) da necessidade de anotação desses efeitos secundários nas normas de utilização e d) das evidências de piora da saúde cardíaca com o seu uso. 

Não são poucos os especialistas que contestam o papel preponderante do colesterol na formação da “placa” ateromatosa, que reduz o diâmetro das artérias. Afirmam, esses cientistas, que a “placa” é constituída por células do tecido muscular liso das artérias, cálcio, ferro e colesterol. Esse último seria minoritário e funcionaria como um curativo reparando o desgaste provocado pela inflamação das paredes dessas estruturas. Nessa linha de análise, o aumento do colesterol consistiria num mecanismo que o organismo encontra para se proteger. Portanto, taxas elevadas de colesterol devem ser consideradas como um problema essencialmente de estilo de vida. A correção passa, preponderantemente, por modificações de comportamento no campo das atividades físicas e alimentação. 

Mesmo os críticos das estatinas, reconhecem sua utilidade nos casos de hipercolesterolemia familiar. Trata-se de uma doença rara que mantém elevada a taxa de colesterol (acima de 330), independentemente da alimentação e do estilo de vida. Nesses casos, alerta-se para a necessidade de ingestão também de CoQ10 ou ubiquinol. A produção dessas coenzimas antioxidantes também é bloqueada pelas estatinas.