Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

segunda-feira, 20 de abril de 2020

Personagens públicos, mais importantes, mais destrambelhados

Segunda, 20 de abril de 2020
79% DOS BRASILEIROS QUEREM PUNIÇÃO PARA QUEM DESOBEDECER A QUARENTENA

Por
Helio Fernandes*

Ninguém  ganha, em disparate, do Bolsonaro. Garantiu a uma TV: "Rodrigo Maia faz tudo para me tirar do Poder".

Esqueceu: o presidente da Câmara do alto do seu trono, afirmou sem constrangimento: "Se chegar um pedido de impeachment para Bolsonaro, não coloco em pauta para  votação".


O novo Ministro da Saúde, no primeiro minuto da posse, na primeira entrevista, esgotou o estoque  de barbaridade: "Estou completamente alinhado com o presidente".

Iam descobrir. Mas essa é a parte  da sua biografia, que não devia confessar.

BOLSONARO REPROVADO EM TODOS OS SETORES

O litígio, divergência, ataques públicos insensatos e continuados ao ministro, comprovaram a irresponsabilidade e  a leviandade do presidente. Qual a razão ou explicação desse comportamento do presidente em relação ao ministro escolhido unicamente por ele, sem interferência ou influência de ninguém?  

Irritação, inveja, ciúme, pura  e burra discordância de quem acertava e marcava pontos, salvando vidas, seguindo as instruções, conselhos e recomendações dos cientistas, médicos  e especialistas da OMS.

Unanimidade da OMS: ISOLAMENTO social. UNANIMIDADE de  Primeiros ministros e presidentes do mundo: seguir e atender integralmente  a OMS. Com uma única discordância: do sábio presidente Bolsonaro. Que  deu festa para uma multidão, todos felizes, e se abraçando apertadamente, demoradamente, carinhosamente.

PS- Aproveitaram, "comemoraram" a reprovação sem exceção. O Datafolha recolheu nas ruas, 64 por cento contra a demissão de Mandetta.

PS2- E numa pergunta sobre comportamento pessoal, a resposta: "Agiu mal"

O NOVO MINISTRO DA SAÚDE, FALA DESNECESSÁRIA E DESASTRADAMENTE

Na posse, uma revelação que devia ficar desconhecida: "Eu e o presidente Bolsonaro temos total alinhamento". Bobagem de tamanho descomunal, o capitão expulso do Exército, riu muito, não sabe fazer outra coisa.

48 horas depois no que  chamou de "programa resumo", revelação sobre o relacionamento que pretende manter com governadores e prefeitos: "Posso ajudá-los muito e trabalharei para isso".

Primeiro, precisa se informar sobre seus poderes e os poderes de governadores e prefeitos. Constatará: ministro da Saúde não tem a menor importância ou influência em qualquer outra área ou setor.

PS- Nestes tempos de coronavírus, governadores e prefeitos valem mais do que o ministro. Vão se chocar "sobre o problema do isolamento social", ponto que levou ao rompimento entre o ministro e o presidente. 

PS2- Que provocou a participação do STF no problema, e o reforço do quanto eles podem. Por decisão quase unânime do mais alto  tribunal do país, governadores e prefeitos podem legislar sobre isolamento  social, e nem o presidente da República pode modificar qualquer coisa.

PS3- Se nem o presidente pode, como o ministro pensa que pode?

MANDETTA NÃO PODIA PEDIR DEMISSÃO. BOLSONARO DEVIA TER SAÍDO PELO IMPEACHMENT

Ele cumpriu integralmente seu dever, função e obrigação, sem nenhuma falha, desde que tomou posse. Até o momento que o presidente percebeu que estava sendo superado pelo ministro e começou a hostilizá-lo, aberta e publicamente.

A grandeza do ministro nada a ver com demissão a pedido. O comportamento do presidente contrastando com a falta de compostura que tem pautado os atos e as ações de Bolsonaro, quando se trata do Ministério da Saúde.

Em 48 horas, três quebras de ética, dignidade e credibilidade do senhor do Planalto.

1- Reunião do "gabinete da crise", (lógico, sobre o coronarovírus) com o ministro da Saúde ausente. Motivo: Bolsonaro recomendou que "não fosse convidado e fizessem tudo para que não soubesse"

2- No dia seguinte, reunião ministerial, a presença de Mandetta, imprescindível para Bolsonaro. Que tratou o ministro da forma mais desprezível e sem qualquer consideração.

3- No dia seguinte, de forma torpe e bolsonariana, foi demitido o secretário-executivo do ministério. Não contavam com a reação de Mandetta. Não aceitou o ato deprimente, respondeu: "Entramos juntos, trabalhamos juntos, sairemos juntos".

Depois da extrema dignidade, não pode pedir demissão. Será demitido.

PS- Em matéria de combate ao coronavírus, tem sido insensato e irresponsável, desprezando todas as recomendações da OMS. O presidente da Câmara, afirmou na TV:" Se Bolsonaro descumprir as recomendações da OMS, será RESPONSABILIZADO".

PS2- O que estão esperando? Devia ser RESPONSABILIZADO, quando sistematicamente, chama esse vírus que já matou mais de 2 milhões pelo mundo, de "gripezinha".

PS3- Crime mais grave. Foi fazer o teste para saber se estava "infectado", num médico particular. 

Até hoje ninguém viu o resultado. Dos 24 que estiveram com ele nos EUA, 23 foram infectados.

PS4- Não demora, como ex-ministro estará sendo recebido pela direção da OMS com honra e glória.

PS5- O Brasil

79% DOS BRASILEIROS QUEREM PUNIÇÃO PARA QUEM DESOBEDECER A QUARENTENA

Esses  números foram pesquisados, constatados, divulgados pelo Datafolha. A palavra quarentena pode ser substituída por isolamento ou outra qualquer do vasto dicionário desagregador do capitão expulso do Exército e  fingindo de presidente da República.

De qualquer maneira, bolsonaro, (EM MINÚSCULA PARA NÃO FUGIR DA REALIDADE)  é insubstituível, ninguém é capaz de praticar tanta barbaridade, a vivo e a cores, e se considerar notável personagem.

PS- E personalidade distante  desses 79%
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*Fonte: Blog Oficial do Jornal da Tribuna da Imprensa. Matéria pode ser republicada com citação do autor.