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(Millôr Fernandes)

quinta-feira, 10 de junho de 2021

Controle da pandemia nas Américas levará anos se ritmo da vacinação não mudar, alerta diretora da OPAS

Quinta, 10 de junho de 2021

Da ONU 
Em alguns países, nem 1% da população foi vacinada. Em outros, o número é de apenas 3%. Diante da desigualdade aterradora nos ritmos de vacinação dos países, Clarissa F. Etienne pede um aumento “urgente” do acesso às vacinas e chama países a contribuírem com doses ou recursos financeiros.

Etienne pediu o aumento “urgente” do acesso às vacinas na América Latina e no Caribe e a priorização de países onde “mesmo as populações vulneráveis ainda precisam ser protegidas”.
 
Alguns países - incluindo Equador, Peru e Bolívia - vacinaram apenas 3% de suas populações. Na América Central, apenas 2 milhões de pessoas foram totalmente vacinadas; no Caribe, menos de 3 milhões. Em alguns países, incluindo Guatemala, Trinidad e Tobago e Honduras, nem mesmo 1% da população foi vacinada.

Alguns países - incluindo Equador, Peru e Bolívia - vacinaram apenas 3% de suas populações

A diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa F. Etienne, chamou a atenção para a baixa taxa de vacinação contra a COVID-19 na América Latina e no Caribe e alertou que o controle do vírus levará anos caso as atuais tendências persistirem. “Estamos vendo o surgimento de dois mundos: um retornando rapidamente ao normal e outro onde a recuperação continua sendo um futuro distante”, afirmou Etienne na coletiva de imprensa semanal da OPAS.

Em contraponto aos Estados Unidos que vacinaram totalmente mais de 40% de sua população, o ritmo é muito mais lento na América Latina e no Caribe. Alguns países - incluindo Equador, Peru e Bolívia - vacinaram apenas 3% de suas populações. Na América Central, apenas 2 milhões de pessoas foram totalmente vacinadas; no Caribe, menos de 3 milhões. Em alguns países, incluindo Guatemala, Trinidad e Tobago e Honduras, nem mesmo 1% da população foi vacinada.

“As inequidades na cobertura vacinal são inegáveis”, disse Etienne. A diretora da OPAS acrescentou que, “se as tendências atuais continuarem, as disparidades de saúde, sociais e econômicas em nossa região ficarão ainda maiores e levará anos até que possamos controlar este vírus nas Américas”.

“Infelizmente, o fornecimento de vacinas está concentrado em algumas nações, enquanto a maior parte do mundo espera que as doses se esgotem. Embora as vacinas COVID-19 sejam novas, esta história não é — a desigualdade muitas vezes dita quem tem o direito à saúde.”

Exemplo - Etienne pediu o aumento “urgente” do acesso às vacinas na América Latina e no Caribe e a priorização de países onde “mesmo as populações vulneráveis ainda precisam ser protegidas”. Ela chamou os países ricos em vacinas e recursos a seguirem o exemplo dos Estados Unidos, que doou 6 milhões de doses iniciais; da Espanha, que contribuiu com 5 milhões; e do Canadá, que comprometeu 50 milhões de dólares canadenses para expandir o acesso às vacinas na América Latina e Caribe.

“Esperamos que outros países - especialmente aqueles com doses sobrando - e instituições financeiras globais sigam seus passos para fornecer o apoio de que precisamos para proteger 70% da nossa população que não será coberta pelo COVAX”, disse Etienne, referindo-se ao mecanismo global para garantir a igualdade de acesso às vacinas contra a COVID-19.

Medidas preventivas - Segundo Etienne, os países da América Latina e do Caribe devem aderir a medidas comprovadas de saúde pública, como uso de máscaras, higienização das mãos e distanciamento físico. A diretora da OPAS também pediu a implementação de “sistemas de vigilância robustos” apoiados por testes regulares e rastreamento de contatos. “Isso continuará sendo fundamental para controlar o vírus, mesmo com a expansão da cobertura vacinal e a redução dos casos”.

“A deterioração das condições continua na América Latina e no Caribe", alertou Etienne. “As tendências que estamos vendo são claras: em nossa região, este ano foi pior do que o anterior. Em muitos lugares, as infecções são mais altas agora do que em qualquer momento desta pandemia.”

Quadro preocupante - A diretora da OPAS informou que, no Caribe, Trinidad e Tobago notificou o maior aumento nas infecções e mortes por COVID-19 durante o mês passado. No Haiti, as hospitalizações de pacientes com COVID-19 estão sobrecarregando os suprimentos de oxigênio do país. Na Costa Rica, as infecções estão diminuindo após semanas de aceleração, mas outros países da América Central, incluindo Panamá e Guatemala, estão registrando um aumento de novos casos.

Equador, Brasil e Peru notificam um declínio nos casos, mas a maioria dos países sul-americanos, incluindo Argentina, Uruguai e Chile, estão notificando infecções crescentes. Tanto os casos quanto as mortes aumentaram na Bolívia e na Colômbia durante as últimas duas semanas e, em muitas cidades colombianas, os leitos de UTI estão quase no limite de sua capacidade.

Em todas as Américas, incluindo a América do Norte, houve quase 1,2 milhão de novos casos de COVID-19 na semana passada e mais de 34 mil mortes. Quatro dos cinco países com o maior número de mortes no mundo estão nas Américas. “Apesar de dobrar - ou mesmo triplicar - os leitos hospitalares em toda a região, os leitos de UTI estão cheios, o oxigênio está acabando e os profissionais de saúde estão sobrecarregados”, disse Etienne.