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(Millôr Fernandes)

quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

A segunda morte de Landulpho Alves

Quinta, 2 de dezembro de 2021

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A segunda morte de Landulpho Alves

AEPET 02 Dezembro









Ex-senador foi um dos mais ferrenhos defensores da Lei que criou a Petrobrás



Neste dia 30 de novembro de 2021, a atual gestão da Petrobrás assinou o segundo atestado de óbito de Landulpho Alves de Almeida (1883/1954). Político baiano, formado em Engenharia Agronômica, correligionário de Getúlio Vargas, foi nomeado interventor da Bahia, em 1938. Como senador, entre 1951 e 1954 e líder da bancada do Partido Trabalhista Brasileiro no Senado Federal, defendeu em intensa luta política, durante os anos de 1952 e 1953, e foi o relator da Lei nº 2.004, de 1953, que estabeleceu o monopólio estatal do petróleo e criou a Petrobrás.


Por este histórico, deu nome à primeira refinaria de petróleo do Brasil, a Refinaria Nacional do Petróleo ou Refinaria de Mataripe, que começou a ser construída em 1949 e que entrou em funcionamento em 17 de setembro de 1950. Com a criação da Petrobrás, em 1953, a refinaria foi incorporada ao patrimônio da companhia, passando a chamar-se, quatro anos depois, Refinaria Landulpho Alves-Mataripe, em homenagem ao engenheiro baiano que muito lutou pela causa do petróleo no Brasil.

Como interventor do Estado Novo na Bahia, Landulfo Alves pleiteava desde 1938 a construção de uma refinaria em território baiano, o que só foi autorizado pelo governo federal em 1946. Em consequência da nova refinaria, a Bahia se manteve como principal estado produtor por quase três décadas e chegou a ser responsável por produzir cerca de 30% da demanda do Brasil.



A Refinaria Landulpho Alves possui capacidade instalada para 323 mil barris/dia (51.352 m³). É a segunda em capacidade instalada no País, depois da Refinaria de Paulínia (Replan). Em 24 de Março de 2021, o conselho da Petrobrás aprovou a venda da RLAM para a Mubadala Capital pelo valor de US$ 1,65 bi.

Além de desnecessária, a venda da Refinaria Landulpho Alves (RLAM), pela atual administração da Petrobrás para o Fundo Mubadala, de US$ 1,65 bilhão, comprova que a privatização da unidade está sendo feita sem sua devida valoração. A avaliação feita pela Federação Única dos Petroleiros (FUP) se baseia em cálculos do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), que, usando o método de fluxo de caixa descontado, apontou que a refinaria valeria entre US$ 3 bilhões e US$ 4 bilhões. Ou seja, a RLAM foi vendida pela metade de seu real valor.

Desde este 1º de dezembro de 2021, a refinaria que faz parte da história do Brasil, da Petrobrás e da garantia da nossa soberania, passa a ser gerida por um fundo de investimentos dos Emirados Árabes Unidos e soterra a lembrança e o passado de luta de Landulpho Alves.