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(Millôr Fernandes)

quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

Família francesa adota dois irmãos no DF

Quinta, 2 de novembro de 2021


Do TJDF
por Daphne Arvellos Dias

A cidade de La Roche Sur Yon, na França, é o destino de dois irmãos que foram adotados no DF. Trata-se da segunda adoção internacional concluída pela Comissão Distrital Judiciária de Adoção do TJDFT (CDJA) durante o período de pandemia. O acolhimento internacional visa garantir o direito de convivência familiar a crianças e adolescentes que não encontram interessados em adotá-los no Brasil. No DF, esse tipo de adoção é intermediado pela CDJA e conta com apoio de órgãos internacionais relacionados à temática.

A secretária executiva da CDJA, Thaís Botelho Corrêa, explica que a aproximação entre pais e filhos aconteceu antes mesmo de o casal chegar ao Brasil. “Houve troca de materiais como fotos, cartas e vídeos. Também foram realizadas videoconferências entre o casal e as crianças, de modo a favorecer o período de estágio de convivência”, conta ela. Com a chegada ao país, a família adotante visitou a instituição de acolhimento em que os irmãos estavam acolhidos para conhecê-los pessoalmente. Em seguida, puderam passar a conviver com os futuros filhos em passeios e pernoites a fim de favorecer o desenvolvimento de vínculos.

Devido à especificidade dessa adoção, a equipe da CDJA retomou o trabalho 100% presencial. Depois da busca frustrada de famílias para o acolhimento do grupo original de quatro irmãos, foi encontrada uma já habilitada e aberta a alterar seu perfil para acolher dois deles. Pensando no maior interesse das crianças, o processo de adoção dos mais novos, um menino de 5 e outro de 10 anos, foi iniciado. “A situação era muito delicada e exigia, mais ainda, uma vinculação entre a equipe técnica da CDJA e os irmãos. Da parte dos pequenos, no sentido de confiar no nosso trabalho e aceitar experimentar a nova família. Da parte dos maiores, para liberar e apoiar os irmãos diante do projeto adotivo e, ainda, seguir com seus projetos de vida autônoma”, esclarece Thaís.

As crianças reagiram conforme o esperado pela equipe. “Foram corajosas, encararam os medos e desafios, mas também sofreram com a separação dos irmãos, de modo que precisaram de apoio técnico da equipe da CDJA para seguirem em frente”, explica a secretária executiva. Trocar vídeos e desenhos com os irmãos foi uma estratégia usada no sentido de manter o vínculo. Junto a isso, foi desenvolvida pela Comissão uma lembrança dos quatro em formato de quebra-cabeça. “Retratamos, de forma lúdica, um momento dos quatro irmãos que eles julgaram significativo. A intenção foi registrar a união do grupo”, conta Thaís.

Durante todo o processo, os pais mostraram-se empáticos com relação aos sentimentos dos filhos e seguros do que queriam. “Estavam sempre abertos às observações técnicas e dispostos a tentar novos caminhos, de maneira que a adaptação às diferenças culturais fosse menos impactante no cotidiano. Isso tudo com um sistema de valores e regras bem alicerçado”, explica a secretária da CDJA. O casal será acompanhado por dois anos na França, com apoio psicossocial para a família nesse primeiro momento de adaptação.

A preparação para concretizar a adoção envolveu intenso trabalho de diversos atores. Estiveram envolvidos desde psicólogos e equipes técnicas da CDJA e da instituição de acolhimento até o organismo internacional responsável pela adoção, a Confédération Française pour l’Adoption (COFA), que também ajudou na preparação da família adotante, sobretudo em relação ao país de origem dos filhos. “São muitas intervenções para articular a rede de atendimento e, desta forma, promover um olhar que verdadeiramente contemple as necessidades das crianças e adolescentes. São vários investimentos feitos para potencializar as chances de sucesso da adoção”, conclui a secretária executiva da CDJA.