Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sexta-feira, 8 de abril de 2022

Ignorância ou corrupção?

Sexta, 8 de abril de 2022

Ignorância ou corrupção?

Em 1982, foi publicado na França o livro “La crise de l’energie: le mal, le remède”.

A seu autor, Pierre Desprairies (1921-2019) não faltavam credenciais: professor, diretor da Elf Aquitaine, presidente do Instituto Francês de Petróleo, autor de numerosos artigos sobre petróleo e energia.

“A energia é fundamental à nossa civilização ocidental, que se tornou o modelo universal de progresso. Ela é indispensável ao nascimento, ao crescimento e à sua sobrevivência. A inquietação que existe atualmente sobre o suprimento deste recurso essencial é, portanto, legítima”. E, com o olhar dos anos 1980, garantia que as reservas de petróleo existentes garantiriam seu suprimento por mais de um século.

Demonstra que as denominadas “crises dos anos 1970” não eram reais, pois “a preços constantes de 1980”, nada mais fizeram do que trazer a 1973, os mesmos valores cobrados em 1950, que respondiam pelos “30 anos gloriosos” da França. Mostra igualmente que a redução do ritmo de crescimento devia-se a muitos outros fatores, porém advertia que o equilíbrio do mercado internacional de petróleo “é frágil e de difícil controle”.

Só um servidor do sistema financeiro apátrida poderia aplicar e defender o Preço de Paridade de Importação (PPI), para calcular o valor de venda dos derivados de petróleo no Brasil.

Primeiro porque o Brasil é autossuficiente em produção de petróleo, e tem petróleos de vários tipos, inclusive o mais desejado no mercado, como os leves, com o grau API superior a 31, no pré-sal.

Segundo porque nossas refinarias estão aparelhadas para processar todos os tipos de óleo, inclusive os pesados, como os venezuelanos da bacia do Orenoco, que permitem retirar mais óleo diesel, como o faz a Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.

Terceiro porque os custos de produção de derivados, somando o barril do óleo cru produzido no Brasil ao do custo de refino da Petrobrás, não ultrapassam R$ 0,40, o litro, na média para todos derivados, dos asfaltos aos solventes, dos óleos combustíveis ao gás liquefeito de petróleo (GLP).

Mesmo que, por estarem totalmente privatizados a distribuição, o transporte e o varejo dos derivados no Brasil, se multiplique por cinco o valor calculado, nenhum derivado poderia custar mais de R$ 2,00 o litro.

E quanto estão cobrando, com base no PPI?

No lamento pela demissão, como se deduz do artigo “Lei não permite política partidária com preços de combustíveis - Silva e Luna: Petrobras “não tem espaço para aventureiro” (Monitor Mercantil, quarta-feira, 30 de março de 2022, página 20), o general Joaquim Silva e Luna falou uma bobagem: “empresas que tabelaram combustíveis tiveram perda de capacidade de investimento”. Ora general, PPI é um tabelamento contra o consumidor nacional, como os números deste artigo demonstram.

E ainda devem piorar pois o sucessor do general é bem recebido pelo “mercado”, pois tem seu passado de lobista deste “mercado”.

O Brasil e os brasileiros que se danem.

ENERGIZANDO

*Na eleição de representantes dos trabalhadores no Comitê de Gestão da Mudança, criado em 2019, três valorosas mulheres associadas à AEPET as mais votadas: Érika Rebello Grisi e Francine Moreira (AEPET-BA) e Patrícia Laier ( vice-diretora de Comunicação da AEPET).

**Incompetência do governo Bolsonaro deixa Petrobrás à deriva, em meio à crise dos combustíveis



***Preços do petróleo caem após EIA confirmar crescimento da produção de petróleo





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