Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)
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domingo, 8 de maio de 2016

Carta Aberta das Mães Sem Terra

Domingo, 8 de maio de 2016
"Todas temos origem humilde. Muitas de nós gostaríamos de ter podido sentar nos bancos de escola e assim entender melhor o mundo em que vivemos. Não nos foi dado esse direito. Em nosso país leis são justiça para os ricos e punição para os pobres. Parecem não ter alma. Parecem não ter carne. Preocupação social. Sabem os senhores, quantas crianças estão em nosso meio? Sabem o que fazíamos antes de conseguirmos abrigo e sonhos aqui embaixo de lonas pretas? Sabem da fome? Sabem do choro de nossas crianças, frente às ameaças de violência? Sabem da dor de ver os nossos filhos pisoteados, feridos à bala, mortos, como as mães de nossos companheiros de Eldorado de Carajás? Sabem os senhores o que é dor? Devem saber. Devem saber do riso e da fartura. Devem saber do dormir sem choro de criança com fome. Com a humildade que temos, mas com a coragem que aprendemos, nós lhe dizemos: não recuaremos um passo da decisão de lutar pela terra. A justiça pra nós é aquela que reparte o pão, que reparte a riqueza, que só pode ser reconhecida como o fruto do trabalho, da vida. Após 500 anos de escravidão e opressão de exclusão e ignorância, de pobreza e miséria, chegou o tempo de repartir, chegou o tempo da nossa justiça, que pra muitos pode não ser legal, mas que não há um jurista no mundo que nos diga que não seja legítima. Não queremos enfrentar armas, animais e homens. Nem homens, animais e armas. Mas nós os enfrentaremos. E voltaremos de novo. E cem vezes. E duzentas vezes. Porque os corpos podem ser destruídos pela violência da polícia. Mas os sonhos nem a mais potente arma poderá destruir. Nós somos aquelas que parimos mais que filhos. Parimos os homens do futuro. Nossos filhos serão educados sobre nossas terras libertas ou aqui, debaixo de nossas lonas pretas. Aprenderão a ler, a escrever, coisa que muitos dos nossos não podem fazer. Viverão para entender das leis. Para mudá-las. Para fazê-las de novo, a partir das necessidades do nosso povo." Carta Aberta das Mães Sem Terraganhar dinheiro
"Todas temos origem humilde. Muitas de nós gostaríamos de ter podido sentar nos bancos de escola e assim entender melhor o mundo em que vivemos. Não nos foi dado esse direito.

Em nosso país leis são justiça para os ricos e punição para os pobres. Parecem não ter alma. Parecem não ter carne. Preocupação social.

Sabem os senhores, quantas crianças estão em nosso meio?

Sabem o que fazíamos antes de conseguirmos abrigo e sonhos aqui embaixo de lonas pretas? Sabem da fome? Sabem do choro de nossas crianças, frente às ameaças de violência? Sabem da dor de ver os nossos filhos pisoteados, feridos à bala, mortos, como as mães de nossos companheiros de Eldorado de Carajás? Sabem os senhores o que é dor?

Devem saber. Devem saber do riso e da fartura. Devem saber do dormir sem choro de criança com fome.

Com a humildade que temos, mas com a coragem que aprendemos, nós lhe dizemos: não recuaremos um passo da decisão de lutar pela terra.

A justiça pra nós é aquela que reparte o pão, que reparte a riqueza, que só pode ser reconhecida como o fruto do trabalho, da vida.

Após 500 anos de escravidão e opressão de exclusão e ignorância, de pobreza e miséria, chegou o tempo de repartir, chegou o tempo da nossa justiça, que pra muitos pode não ser legal, mas que não há um jurista no mundo que nos diga que não seja legítima.


Não queremos enfrentar armas, animais e homens. Nem homens, animais e armas. Mas nós os enfrentaremos. E voltaremos de novo.

E cem vezes. E duzentas vezes. Porque os corpos podem ser destruídos pela violência da polícia. Mas os sonhos nem a mais potente arma poderá destruir.

Nós somos aquelas que parimos mais que filhos. Parimos os homens do futuro. Nossos filhos serão educados sobre nossas terras libertas ou aqui, debaixo de nossas lonas pretas. Aprenderão a ler, a escrever, coisa que muitos dos nossos não podem fazer.

Viverão para entender das leis. Para mudá-las. Para fazê-las de novo, a partir das necessidades do nosso povo."


Fonte: WhatsApp
"Todas temos origem humilde. Muitas de nós gostaríamos de ter podido sentar nos bancos de escola e assim entender melhor o mundo em que vivemos. Não nos foi dado esse direito. Em nosso país leis são justiça para os ricos e punição para os pobres. Parecem não ter alma. Parecem não ter carne. Preocupação social. Sabem os senhores, quantas crianças estão em nosso meio? Sabem o que fazíamos antes de conseguirmos abrigo e sonhos aqui embaixo de lonas pretas? Sabem da fome? Sabem do choro de nossas crianças, frente às ameaças de violência? Sabem da dor de ver os nossos filhos pisoteados, feridos à bala, mortos, como as mães de nossos companheiros de Eldorado de Carajás? Sabem os senhores o que é dor? Devem saber. Devem saber do riso e da fartura. Devem saber do dormir sem choro de criança com fome. Com a humildade que temos, mas com a coragem que aprendemos, nós lhe dizemos: não recuaremos um passo da decisão de lutar pela terra. A justiça pra nós é aquela que reparte o pão, que reparte a riqueza, que só pode ser reconhecida como o fruto do trabalho, da vida. Após 500 anos de escravidão e opressão de exclusão e ignorância, de pobreza e miséria, chegou o tempo de repartir, chegou o tempo da nossa justiça, que pra muitos pode não ser legal, mas que não há um jurista no mundo que nos diga que não seja legítima. Não queremos enfrentar armas, animais e homens. Nem homens, animais e armas. Mas nós os enfrentaremos. E voltaremos de novo. E cem vezes. E duzentas vezes. Porque os corpos podem ser destruídos pela violência da polícia. Mas os sonhos nem a mais potente arma poderá destruir. Nós somos aquelas que parimos mais que filhos. Parimos os homens do futuro. Nossos filhos serão educados sobre nossas terras libertas ou aqui, debaixo de nossas lonas pretas. Aprenderão a ler, a escrever, coisa que muitos dos nossos não podem fazer. Viverão para entender das leis. Para mudá-las. Para fazê-las de novo, a partir das necessidades do nosso povo." Carta Aberta das Mães Sem Terraganhar dinheiro

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Denúncia: ataque de milicianos ao acampamento Margarida Alves do Terra Livre em Jataí (Goiás) deixa um ferido

Quarta, 25 de novembro de 2015
Do Movimento Popular Terra Livre
www.terralivre.org

Goiânia, 25 de novembro de 2015
DENÚNCIA: ATAQUE DE MILICIANOS AO ACAMPAMENTO MARGARIDA ALVES DO TERRA LIVRE EM JATAÍ DEIXA UM FERIDO

Milicianos contratados pelo fazendeiro Jorge Dalross, proprietário da Fazenda Campolina, um latifúndio improdutivo, invadiram o acampamento Margarida Alves no município de Jataí realizando vários disparos com armas de grosso calibre e deixaram um ferido em Jataí

No dia 24 de novembro, 22:00, as famílias do acampamento Margarida Alves localizado no município de Jataí, sofreram um atentado contra suas vidas. Vários milicianos invadiram o acampamento realizando disparos com armas de grosso calibre e deixaram ferido o acampado Edmilson Braz de Oliveira, vulgo Pereira, militante histórico do Terra Livre. O companheiro foi encaminhado para a emergência do SUS e está internado.

domingo, 23 de novembro de 2014

Um retrocesso chamado Kátia Abreu

Domingo, 23 de novembro de 2014
Por Celso Lungaretti
 

Jânio de Freitas é um jornalista veterano (82 anos) que, após passar pela revista Manchete e pelo Jornal do Brasil (RJ), integrou uma equipe de redação lendária do Correio da Manhã (RJ) nos anos 60. 
Passou depois pela Última Hora (RJ) e pelo Jornal dos Sports, ingressando na Folha de S. Paulo em 1980. Sua coluna política, lançada em 1983, subsiste até hoje.

Não esconde sua simpatia pelo Partido dos Trabalhadores, mas é um profissional honesto, à moda antiga: não deixa de bater pesado no PT, quando o partido faz opções incoerentes com seus valores e sua história, como a anunciada transformação do Ministério da Agricultura em Ministério da Promoção do Agronegócio Predatório (pois esta será, na prática, a consequência de ter a ruralista Kátia Abreu como à sua frente).

Eis o que Jânio disse --e eu assino embaixo-- em sua coluna dominical, cuja íntegra pode ser acessada aqui
"...a apontada indicação da senadora Kátia Abreu para a Agricultura sugere, ou confirma, uma disposição incomum de Dilma Rousseff para incrementar problemas com as correntes não conservadoras. A senadora exerce com muita competência a liderança do agronegócio e dos grandes proprietários de terra. Mas nem todos os interesses que defende coincidem com o que deveriam ser objetivos do governo, de todo governo.

Dilma Rousseff entra no segundo mandato devendo muito para reparar os desempenhos deploráveis do seu governo em três capítulos da desgraça nacional: 
  • o problema indígena, sem as demarcações territoriais devidas e com o genocídio em progressão; 
  • a questão fundiária em geral, com imensos territórios tomados e explorados; 
  • e, ainda e sempre, a reforma agrária, pendente de correções e de avanços. Três assuntos em que o responsável pela Agricultura tem deveres e poderes muito grandes. 
Três assuntos em que os interesses representados pela senadora Kátia Abreu conflitam, em todos os sentidos desta palavra, com as vítimas e com as obrigações e as dívidas administrativas e sociais do governo Dilma.
O primeiro movimento para o novo governo parece feito em marcha a ré".

sábado, 1 de novembro de 2014

Carta Aberta da Comissão Pastoral da Terra (CPT) à presidenta Dilma Rousseff aponta assassinatos de trabalhadores, impunidade de assassinos, corrupção e inoperância de órgãos governamentais

Sábado, 1º de novembro de 2014
O presidente da CPT, Dom Enemésio Lazzaris, assina Carta enviada pela Pastoral da Terra à presidenta Dilma Rousseff, em que destaca  que "os conflitos e a violência, inclusive com assassinatos de camponeses e camponesas, 130 no seu governo, conforme os dados registrados pela CPT, acobertados pela impunidade, só tenderão a crescer se se mantiverem a inoperância e a corrupção em muitos órgãos governamentais, ao par do que fazem ou deixam de fazer o Legislativo e o Judiciário". Confira o documento na íntegra:
Para a

Sra. Presidenta da República Dilma Rousseff

Excelentíssima Senhora,
A Comissão Pastoral da Terra, CPT, reunida em Conselho Nacional, em Luziânia-GO, entre 27 e 29 de outubro de 2014, dirige-se respeitosamente a V. Excia. para, em primeiro lugar, parabenizá-la pela reeleição e desejar-lhe um novo mandato profícuo e benéfico para toda a nação brasileira, de modo especial para os menos favorecidos, já que foram estes a maioria dos que a reelegeram. Por isso merecem uma atenção toda especial de sua parte.
Atendendo à sua abertura e solicitação para o diálogo, expresso em seu primeiro pronunciamento após a vitória nas eleições, queremos apresentar-lhe situações e questões nacionais que passaram ao largo de toda a campanha eleitoral e que, agora, forçosamente, se tornam em alertas e reivindicações. São situações, questões e reivindicações dos povos dos campos, das águas e das florestas com quem a CPT atua e apoia.
A Senhora ao assumir a presidência jurou, e novamente vai jurar, defender e aplicar a Constituição Federal. Esta, em seu artigo 184, diz que “compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social”. Constatamos que, sobretudo em seu mandato atual, no que exige este artigo, a Constituição foi tratada como letra morta, pois foi efetuado o menor número de desapropriações dos últimos 20 anos. Também não foi feita a retomada das áreas devolutas e da União que estão nas mãos de grileiros. Atribuímos isso à total falta de interesse político de seu governo em relação a este tema. São claramente privilegiados os interesses de grupos ruralistas que estão entre os principais que sempre comandaram e desmandaram sobre este país.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Julgamento do Massacre de Felisburgo pode ser adiado pela segunda vez

Terça, 14 de maio de 2013
Luciano Nascimento Repórter da Agência Brasil
O julgamento do principal acusado do chamado Massacre de Felisburgo, o fazendeiro Adriano Chafik Luedy, pode ser adiado pela segunda vez porque sua defesa solicitou à Justiça o depoimento de 60 testemunhas. O julgamento está previsto para ser iniciado nesta quarta-feira (15), mas a defesa de Chafik apresentou nesta segunda-feira (13), o pedido de adiamento para que sejam novas testemunhas. O juiz Glauco Soares, presidente do 2º Tribunal do Júri do Fórum Lafayette, em Belo Horizonte (MG), onde ocorrerá o juri, não havia decidido até a noite de hoje (13) sobre a petição.

Chafik vai a júri pela acusação de comandar ataque ao acampamento Terra Prometida, na Fazenda Nova Alegria, no município de Felisburgo, no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, em 20 de novembro de 2004. Na ocasião, foram assassinados cinco trabalhadores rurais - Iraguiar Ferreira da Silva, de 23 anos, Miguel Jorge dos Santos, de 56, Francisco Nascimento Rocha, de 72, Juvenal Jorge da Silva, de 65, e Joaquim José dos Santos, de 48 - e mais 20 pessoas ficaram feridas, inclusive crianças.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Famílias retiradas de rodovia ocupam terreno na região central de Brasília

Quinta, 16 de fevereiro de 2012
Agência Brasil
Alex Rodrigues*
Oitenta e sete famílias removidas ontem (15) das margens de uma estrada vicinal ocuparam, na manhã desta quinta-feira (16), parte de um terreno baldio em plena região central de Brasília. Ligados à Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar (Fetraf), os líderes do grupo ameaçam levar mais 2 mil famílias para o local, caso suas reivindicações por terra não sejam atendidas.

O terreno ocupado hoje fica ao lado do prédio do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), onde também funciona a Secretaria de Patrimônio da União (SPU), a poucos quilômetros do Congresso Nacional. Há meses a Fetraf negocia com a SPU a transferência de um terreno da União, situado próximo à região administrativa de Itapoã, para o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). O objetivo da Fetraf é obter do Incra a destinação do terreno ao programa de reforma agrária para assentamento de famílias de trabalhadores rurais. A área do terreno é calculada em 360 hectares (o equivalente a 360 campos de futebol).

As 87 famílias estavam acampadas desde o último dia 27 às margens da rodovia BR-330, próximo a Itapoã, a cerca de 30 quilômetros do centro de Brasília. O grupo voltou ao local – onde já estivera acampado -, após o governo do Distrito Federal (GDF) ter removido quase 500 famílias da área pertencente à União. Destas, cerca de 150 famílias são ligadas à Fetraf.

“Estávamos [na estrada] aguardando que a superintendente da SPU no Distrito Federal [Lucia Helena de Carvalho] cumprisse o compromisso assumido de transferir a área para o Incra para que o assentamento seja feito. E isso não é por um tempo indeterminado, mas apenas pelo prazo de tramitação do processo ”, disse à Agência Brasil o coordenador-geral da Fetraf, Francisco Miguel de Lucena, o Chiquinho.

De acordo com Chiquinho, nas duas últimas operações de desocupação, os agentes do GDF e policiais militares que acompanharam a ação não apresentaram mandado judicial. “Estamos percebendo que o crime organizado da grilagem de terra tem não apenas a conivência, mas a cumplicidade das autoridades do DF”, afirmou.

“Queremos retornar à área onde estávamos e permanecer aguardando [a eventual transferência do terreno para o Incra]. Só que, se não resolverem isso logo, vamos trazer outras 2,5 mil famílias de Brazlândia e aguardar mais bem acomodados dentro do prédio”, disse Chiquinho.

Maria Zelia Leite, de 58 anos, estava no acampamento quando os agentes chegaram. Segundo ela, a maior parte dos homens estava trabalhando e algumas crianças, nas escolas. “As mulheres pediam para que eles [agentes] esperassem ao menos a gente tirar as coisas, mas eles chegaram rasgando as lonas dos barracos, passando por cima de tudo”, contou Zelia, moradora do Itapoã, onde diz já ter uma casa “pequena”. “Estou aqui porque quero uma terra para trabalhar honestamente. Ninguém mais dá trabalho para alguém na minha idade.”

Procurado pela reportagem, o secretário de Ordem Pública e Social (Seops), Agrício da Silva, garantiu que, por a rodovia ser um espaço público, o estado não precisa de mandado judicial para retirar as pessoas da área. Em matéria da Agência Brasil publicada no dia 1º, o chefe da Delegacia Especial de Proteção ao Meio Ambiente, delegado Hailton da Silva Cunha, informa que o recente crescimento das operações de desocupação em áreas públicas resulta de orientação do GDF para que os órgãos locais "não tenham nenhum tipo de tolerância” em relação às “invasões’, que devem ser “extirpadas” já em sua fase inicial.

Conforme a Agência Brasil revelou, mais de 1,1 mil casas, barracos e abrigos construídos irregularmente em áreas públicas foram derrubados no mês de janeiro, o que equivale a um terço do total de edificações removidas durante todo o ano passado, quando cerca de 3 mil construções foram destruídas.

A reportagem esteve na SPU, mas não conseguiu falar com a superintendente no Distrito Federal,  Lucia Helena de Carvalho, que estava em reunião. Mais tarde, a assessoria da SPU informou que as negociações com a Fetraf sobre a transferência do terreno, que vem sendo feitas há algum tempo, vão continuar.
*Colaborou Pedro Peduzzi

segunda-feira, 28 de março de 2011

Camponeses criminalizados em 2006 terão retratação publicada em outdoors

Segunda, 28 de março de 2011
Da Radioagência NP
Os trabalhadores rurais sem terra do estado de Pernambuco deram um passo importante na luta pela efetivação dos direitos humanos e em defesa da reforma agrária.  21 outdoors com a mensagem: “Reforma Agrária: Esperança para o campo, comida na sua mesa” encontram-se espalhados por todo o estado. A mensagem foi publicada após a assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), pela Associação dos Militares Estaduais de Pernambuco (AME), antiga AOSS, junto ao Ministério Público.

Em 2006, a Associação promoveu uma veiculação massiva de propagandas de cunho difamatório e preconceituoso contra os sem terra. Em resposta, os movimentos Terra de Direitos, Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH), Comissão Pastoral da Terra (CPT) e Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), protocolaram uma denúncia de danos morais e direito de resposta no Ministério Público do estado, que resultou na formulação do TAC.

Além dos outdoors, a Associação terá que divulgar retratações públicas aos trabalhadores e trabalhadoras rurais no jornal de circulação interno, aos membros da Associação e na página da internet.

De São Paulo, da Radioagência NP, Danilo Augusto.
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sexta-feira, 6 de novembro de 2009

MST denuncia à OEA perseguição política sofrida pelos Sem Terra

Sexta, 6 de novembro de 2009
Do site do MST
O integrante da coordenação nacional do MST João Paulo Rodrigues denunciou o processo de repressão e criminalização da luta dos trabalhadores rurais pela Reforma Agrária no país, em audiência com a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, um órgão da Organização dos Estados Americanos (OEA), nesta quinta-feira (05/11), em Washington, nos Estados Unidos.

A denúncia foi apresentada em parceria com o Centro pela Justiça e o Direito Internacional (CEJIL) e com a Comissão Pastoral da Terra (CPT). Em outubro, foi instalada por iniciativa de parlamentares da bancada ruralista uma CPI contra o MST, como forma de represália ao anúncio do governo federal da atualização dos índices de produtividade. Essa é a terceira CPI contra o MST instalada nos últimos quatro anos.

"O Parlamento, especialmente a bancada ruralista, tem se utilizado de um instrumento chamado CPI contra o MST. Já fomos perseguidos em duas CPIs nos últimos três anos. A CPI é um espaço ideológico, que pretende paralisar a Reforma Agrária e desgastar o MST", afirmou João Paulo, em seu pronunciamento em Washington.

Segundo o dirigente do MST, "setores do Judiciário têm uma relação promíscua com as elites locais e com o latifúndio. Tem um posicionamento ideológico claro contra a Reforma Agrária e, com apoio do Ministério Público, continuam fazendo perseguição".

"A luta pela terra continua com muitas tensões no Brasil. Em primeiro lugar, porque o Brasil é um dos únicos países do mundo que não realizou uma Reforma Agrária", afirmou Joao Paulo, que denunciou o uso de milícias armadas contra os Sem Terra e a violência da Polícia Militar em estados governados por setores conservadores.

"É importante a comunidade internacional dos direitos humanos acompanhar de perto a situação política que estamos vivendo no Brasil".

Abaixo, leia o pronunciamento do integrante da coordenação nacional do MST João Paulo Rodrigues, em audiência com comissão da OEA.

Bom dia, comissariado da OEA.

É a primeira vez que MST vem à Comissão Interamericana de Diretos Humanos, com a representação de um dirigente. Já estivemos presentes, infelizmente, em denuncias de casos em processos de desrespeito aos direitos humanos no Brasil.

Viemos aqui hoje em função da continua campanha de criminalização dos movimentos sociais brasileiros, do campo e da cidade, e dos movimentos sindicais. Estivemos essa semana na sede da Organização Internacional do Trabalho (OIT) fazendo a mesma denúncia.

A luta pela terra continua com muitas tensões no Brasil. Em primeiro lugar, porque o Brasil é um dos únicos países do mundo que não realizou uma Reforma Agrária.

Em segundo lugar, está em marcha no último período um processo de desenvolvimento no meio rural, que tem excluído os pequenos agricultores familiares, os sem-terra, os indígenas e os quilombolas. Esse modelo de desenvolvimento tem aumentado a concentração das terras e a violência contra os pobres. Além disso, causa problemas ambientais sérios.

Os dados do último censo agropecuário do IBGE mostram que o Brasil tem um dos maiores índices de concentração de terra do mundo.

O MST é apenas um dos movimentos sociais que lutam pela Reforma Agrária no Brasil. Temos 25 de história e já tivemos muitas conquistas, como escolas para as nossas mais de 100 mil crianças, ajudamos a organizar várias cooperativas em mais de 1.500 assentamentos, que representam 370 mil famílias.

São mais de 1,5 milhão de pessoas, que vivem com dificuldades, mas conseguem produzir seus alimentos, têm moradia e vivem com dignidade.

Hoje há um processo de criminalização dos movimentos sociais e do MST. Isso tem se dado de várias maneiras e formas, mais sempre com objetivo de paralisar a Reforma Agrária.

Em primeiro lugar, os Sem Terra são vítimas de despejos violentos, feitos pelas Polícias Militares estaduais. A situação mais complicada que estamos vivendo hoje é no Rio Grande do Sul, onde no último despejo foi assassinado o Sem Terra Elton Brum.

As milícias armadas dos fazendeiros - que na maioria das vezes estão à margem da lei - usam a força para intimidar as mobilizações e lideranças do nosso Movimento. A situação hoje é mais delicada nos estados do Pará e Pernambuco.

Setores do Judiciário tem uma relação promíscua com as elites locais e com o latifúndio. Tem um posicionamento ideológico claro contra a Reforma Agrária e, com apoio do Ministério Público, continuam fazendo perseguição.

Os meios de comunicação da burguesia têm feito uma campanha permanente contra as lutas sociais e a Reforma Agrária. Tem sido parcial nas coberturas dos fatos .

O Parlamento, especialmente a bancada ruralista, tem se utilizado de um instrumento chamado CPI contra o MST. Já fomos perseguidos em duas CPIs nos últimos três anos. A CPI é um espaço ideológico, que pretende paralisar a Reforma Agrária e desgastar o MST, acusado de violência até terrorismo.

Diante desses fatos, entendemos que é importante a comunidade internacional do direitos humanos acompanhar de perto a situação política que estamos vivendo no Brasil.

João Paulo Rodrigues, da coordenação nacional do MST
Washington D.C., 5 de novembro de 2009