Quinta, 29 de agosto de 2013
De Alex Ferraz,
jornalista que publica a "Coluna em Tempo" na Tribuna da Bahia
Contestando declaração de um dos diplomatas brasileiros envolvidos na fuga do senador boliviano Roger Pinto Molina de La Paz para o Brasil, que comparou a situação do político asilado na embaixada brasileira à daqueles presos políticos que estiveram no DOI-CODI, na ditadura militar, a presidente Dilma Rousseff foi taxativa: "Eu conheci o DOI-CODI e a diferença entre o que aconteceu em nossa embaixada e o DOI-CODI é como a diferença entre o céu e o inferno". A presidente sabe o que fala, porque realmente sofreu muito nas mãos da famigerada ditadura militar brasileira.
Contestando declaração de um dos diplomatas brasileiros envolvidos na fuga do senador boliviano Roger Pinto Molina de La Paz para o Brasil, que comparou a situação do político asilado na embaixada brasileira à daqueles presos políticos que estiveram no DOI-CODI, na ditadura militar, a presidente Dilma Rousseff foi taxativa: "Eu conheci o DOI-CODI e a diferença entre o que aconteceu em nossa embaixada e o DOI-CODI é como a diferença entre o céu e o inferno". A presidente sabe o que fala, porque realmente sofreu muito nas mãos da famigerada ditadura militar brasileira.
Mas eu gostaria de aproveitar a metáfora presidencial e estendê-la a
outras situações contrastantes, para dizer o mínimo. Por exemplo, ser
atendido no Hospital Sírio Libanês e em um hospital público, no Brasil, é
uma diferença entre o céu e o inferno; passear a pé, tranquilo, em
cidades como Santiago, capital do Chile, ou Buenos Aires, na Argentina, e
fazer o mesmo no Rio, São Paulo ou Salvador, é uma diferença entre o
céu e o inferno; ser desempregado em Barcelona, Madri ou Londres, e
estar na mesma situação em qualquer cidade brasileira é, também, uma
diferença entre o céu e o inferno. Viver, enfim, em países civilizados,
onde o ser humano é alvo de um mínimo de respeito, e morar numa
sociedade onde prevalece o mau caratismo, a indignade, a esperteza e a
vontade de levar vantagem em tudo, é, sim, presidente, uma diferença
entre o céu e o pior dos infernos.