Quarta, 8 de dezembro de 2010
Por Ivan de Carvalho

Alguma dúvida? Atente-se ao pequeno trecho que segue, parte de uma entrevista do líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves.
A pergunta: “Legendas como o PSB reivindicam ministérios comandados pelo PMDB. O da Integração Nacional, por exemplo. O que acha?”. A resposta: “Veja bem, o PT tem 15 ministérios, o PMDB tem apenas seis. Fala-se em dispor da Saúde, da Integração... Mas alto lá. O PMDB tem hoje o tamanho que o Lula reconheceu na hora em que apoiamos o governo (em 2007). Tem gente nossa que quer inclusive ampliar a participação.
No princípio do debate para a composição do Ministério do próximo governo era assim que falava o PMDB. E listava, pela voz do mesmo líder: “Os ministérios do PMDB são Saúde, Integração Nacional, Agricultura, Comunicações, Minas e Energia e Defesa.
Bem, ainda é esta a relação. Mas logo deixará de ser. A partir de 1º de janeiro. Está decidido que o PMDB terá quatro ministérios: mantém Minas e Energia e Agricultura. Perde Integração Nacional e Comunicações, duas pastas de grande “densidade” e em troca recebe as pastas da Previdência Social (com um grande orçamento no qual não se pode por a mão, por ser todo amarrado para pagamento de aposentadorias, pensões e outros chamados benefícios) e o Ministério do Turismo, uma coisa que poderia ser uma mão na roda se fosse na França, na Espanha, na Itália, nos EUA, no Egito, em Israel, mas que no Brasil é um negócio raquítico, esquálido.
O Ministério da Defesa continua com o peemedebista de fantasia Nelson Jobim. É um ministério do qual o PMDB não se beneficia e nem pode, através dele, beneficiar o país, pois aos ouvidos de Nelson Jobim o apito do PMDB é absolutamente surdo. Jobim foi uma escolha do presidente Lula, sem pedido nem concessão de aval do PMDB, e continuará no cargo por decisão da presidente eleita Dilma Rousseff, atendendo, inclusive, a pedido de Lula.
O Ministério da Saúde, de alta densidade, foi para o espaço, mas isso não incomoda o PMDB, que tanto no caso de Jobim quanto no do ministro José Gomes Temporão funcionou, como reconhece nos bastidores, como “barriga de aluguel”. Lula pediu ao governador peemedebista do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, que “indicasse” Temporão para ministro da Saúde e Cabral atendeu à solicitação presidencial. Portanto, o PMDB só tinha os ministérios da Defesa e da Saúde na teoria. Na prática, para nada lhe serviam.
Na composição do futuro Ministério, O PMDB está na desvantagem, pois teve que se conformar em trocar os de Comunicações e de Integração Nacional pelos de Previdência e de Turismo. Péssimo negócio. E um prêmio de consolação: o PMDB deve ganhar a Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos, aquela famosa Sealopra inventada para Mangabeira Unger. Seria a “cota pessoal” do presidente do PMDB e vice-presidente da República, Michel Temer, que para o posto indicaria o ex-governador fluminense Moreira Franco. O que ainda não se sabe é se a Sealopra continuará aloprada (onde só é possível dar asas à imaginação futurística) ou será reforçada com atribuição de competências objetivas, concretas, de alguma relevância política.
- - - - - - - - - -
Este artigo foi publicado originalmente na “Tribuna da Bahia” desta quarta.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.
- - - - - - - - - -
Este artigo foi publicado originalmente na “Tribuna da Bahia” desta quarta.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.