Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)
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quinta-feira, 26 de maio de 2011

Código Florestal: base do governo ou governo da base?

Quinta, 26 de maio de 2011
Por Edilson Silva*
A votação do relatório do deputado Aldo Rebelo para o novo Código Florestal brasileiro não foi só mais um episódio histórico lamentável na política brasileira. Foi um momento pedagógico, ou deveria ser, para todas as forças honestamente de esquerda ou progressistas que, dentro e fora do Brasil, referem-se ao fenômeno supostamente progressivo do Lulismo.

Não era e não é incomum o alarde aos quatro ventos da sabedoria do pragmatismo político do Lulismo. Acho que foi o ator petista Paulo Betti que chegou a afirmar certa vez, num pseudo-surto de honestidade intelectual: “tem que botar a mão na merda para ser governo”. Valia e ainda tem valido a pena até justificar casos de corrupção para garantir a governabilidade de Lula, e agora de Dilma, governabilidade que, implicitamente, vem supostamente transformando o país em favor dos mais pobres.

Neste processo todo de busca de governabilidade, uma das preocupações era e é a manutenção da base aliada no Congresso, para “votar os projetos do governo”. Mas, diante da derrota do governo Dilma na votação do Código Florestal, façamos um esforço para lembrar em que outro momento o governo Lula ou Dilma colocou em votação no Congresso algo que realmente contrariasse os interesses maiores das elites conservadoras do nosso país.

Alguma lei ou medida avançando na reforma agrária? Mexendo na estrutura monopolista das concessões de veículos de comunicação? Alterando minimamente a estrutura tributária progressivamente em desfavor das maiores rendas? Pressionando pela redução da jornada de trabalho? Não adianta procurar, pois não vamos encontrar.

Nas votações de valores do salário mínino as propostas do governo são sempre inferiores às da oposição oportunista e desmoralizada do PSDB e do DEM. Na reforma da previdência o governo queria e impôs a taxação dos inativos em favor dos banqueiros. Na Lei de Falências os banqueiros ganharam prioridade no recebimento das obrigações das empresas falidas, em detrimento dos trabalhadores.

Nas grandes polêmicas do Legislativo Federal, o governo Lula e Dilma, até esta votação do Código Florestal, sempre estiveram ao lado das elites. A única derrota mais emblemática se deu no Senado, contraditoriamente em relação à CPMF, mas até aí os interesses mais brutos do sistema financeiro estavam ao lado do governo, ou da “governabilidade”.

É inegável que a base governista passou projetos importantes para a população mais pobre e desassistida neste período. A Lei Maria da Penha é um exemplo, assim como a Lei que obriga ensino de história e cultura afro-brasileira, o Estatuto da Igualdade racial, dentre outros. Mas, convenhamos, estas leis não tocam diretamente nas estruturas de dominação política e econômica monopolizadas pelos de sempre e muitas delas poderiam mesmo ser aprovadas no advento de um governo não identificado como de esquerda. Muitas destas leis, inclusive, são letras mortas. São mais simbólicas e saudação à bandeira, pura retórica.

A lição que ficou escancarada na votação do Código Florestal na Câmara é que o conceito verdadeiro de governabilidade é o de equilibrar-se no rebaixado jogo político das classes dominantes. Ou faz o que eles querem ou desestabilizam o governo. Foi isso que o líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves, fez no primeiro adiamento da votação, afirmando que o PMDB não votaria mais nada enquanto o relatório do Aldo Rebelo não fosse aprovado.

Foi isso que fez também o deputado Garotinho (PR-RJ), aproveitando a forte audiência externa durante a votação do Código Florestal, ao pedir a cabeça do Ministro da Educação, Fernando Haddad, e exigir na prática o fim do programa de combate à homofobia nas escolas públicas, caso contrário a bancada “cristã” também não votaria mais nada.

Em meio a este ambiente “republicano”, os governos Lula e Dilma ainda se envolvem em casos como este agora do Palloci, tornando-se ainda mais vulneráveis à “base aliada”. Resta então perguntar, a quem realmente se preocupa no encaminhamento de uma pauta popular, republicana, progressista e de esquerda no Brasil: está mesmo valendo a pena meter a mão nesta merda?

*Edilson Silva é Presidente do PSOL-PE e membro da Executiva Nacional do partido.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Partidos em crise

Segunda, 9 de maio de 2011 
Por Ivan de Carvalho
Há no momento um fenômeno comum pelo menos aos quatro partidos brasileiros que protagonizaram a política nacional em tempos recentes – o PT, o PSDB, o DEM e o PMDB. Todos eles estão em crise, embora o PT esteja no controle do governo federal e, assim, numa situação privilegiada.

            Mas, para começar exatamente pelo que está em melhor situação, vale lembrar que, com antecedência, o ex-ministro José Dirceu avisou, não por acaso na Bahia, numa reunião que devia ser secreta, mas não foi – a Bahia tem afinidade com essas coisas absurdas – que o governo de Dilma Rousseff seria muito mais do PT do que o governo Lula.


            Ele queria dizer que, não tendo Dilma uma liderança própria (e certamente que olhava também o grau de aparelhamento em que os petistas já haviam posto o Estado brasileiro nos oito anos anteriores), o PT teria condições de livrar-se dos freios que Lula, na Presidência da República, lhe impusera, e ganhar autonomia para buscar a hegemonia na área partidária e um forte controle do governo.


            No primeiro round disso que será uma luta de vários, Lula e Dilma foram derrotados por correntes do PT. José Eduardo Dutra, afinado com Lula e Dilma, mas doente, não podia continuar no comando da legenda. Então, Lula e Dilma puseram em campo como candidato o ex-ministro Humberto Costa. Mas outros setores lançaram Rui Falcão, que causou desagrado a Lula e Dilma, mas chegou a ameaçar disputar se estes insistissem com Humberto Costa. Lula e Dilma recuaram, Rui Falcão foi eleito e não esconde o apetite de poder do partido que preside. Além disto, o PT, como partido no governo, está às voltas com a herança maldita que deixou para si mesmo, havida do governo Lula. “Quebrei o Estado, mas ganhei a eleição”, disse, intramuros, o ex-governador paulista Orestes Quércia após eleger seu sucessor. Lula talvez possa dizer algo parecido agora.


            Vistas as coisas por outro ângulo, os dois principais protagonistas da política brasileira desde 93 foram o PT e o PSDB. Ambos nascidos na matriz da social democracia, que ideologicamente, em nível internacional, tinha mais afinidade com o PT. Mas evoluiu e, hoje, afina-se mais com o PSDB. De qualquer maneira, o eixo principal da política brasileira, que tem como oponentes, o PT e o PSDB, pode ser visto como falso – ambos nasceram da mesma matriz social-democrata e as diferenças ideológicas estão apenas nas nuanças.


            Se o PT está em crise, o mesmo, com mais ênfase, pode-se dizer do PSDB. Uma das principais razões é a teimosia de José Serra, que busca transformar em monopólio seu a condição de candidato tucano a presidente da República.


            A falsidade ideológica da polarização PT-PSDB abre espaço para outras legendas se apresentarem como representantes de setores da sociedade que estão hoje órfãos de representação. Mas as duas legendas que poderiam fazer isto, o PMDB e o DEM, também estão em crise. E crise grave.


            O PMDB tem dois problemas básicos. O primeiro: depois de conquistar suas antigas bandeiras (anistia, redemocratização, eleição direta para presidente, entre outras menos vistosas), não soube por outras bandeiras no lugar. Sem bandeiras, sem mensagem, não dá. O segundo: corre o mesmo risco que devastou o DEM, ex-PFL – como, depois que abandonou Ulysses e Quércia, nunca mais lançou candidato próprio, apoiando sempre candidatos alheios a presidente, o PMDB começou a definhar. Como diz um experiente peemedebista: “Time que não joga não faz torcida”. O PMDB está examinando essa coisa, já fala em lançar o vice-presidente Michel Temer ou o governador fluminense Sérgio Cabral à sucessão de Dilma em 2014. É esperar para ver, mas me parece improvável que isso ocorra.


            Quanto ao DEM, que mudou de nome e tentou mudança que não deu certo, creio que sua chance de permanência e recuperação está em representar os setores liberais da sociedade, defendendo a liberdade econômica, redução da carga tributária, os direitos e garantias individuais e assumir corajosamente certas bandeiras do tipo “contra o aborto”, entre outras. Não para representar a sociedade, mas uma fatia dela.
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Este artigo foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Prefeitura e sucessão

Quinta, 20 de janeiro de 2011
Por Ivan de Carvalho
Recentemente, abordei aqui o tema da sucessão municipal em Salvador, tendo em vista o cenário que existia na época, já com uma guerrilha em curso entre o comando estadual do PMDB e o prefeito João Henrique. Mas agora há justificativa para revisitar o tema, já que a guerrilha transformou-se em batalha campal e guerra sem quartel.

    A Executiva Estadual do PMDB reuniu-se, decidiu e anunciou que o prefeito está suspenso do partido por 90 dias, prazo no qual tramitará um processo de expulsão dele da legenda. Sem disposição para sofrer essa prolongada tortura política, João Henrique entrou na Justiça Eleitoral com um pedido de sua desfiliação do PMDB, partido graças ao qual conquistou (juntamente com o apoio que recebeu do DEM e de ACM Neto no segundo turno) a reeleição para a prefeitura.

    Um novo episódio aconteceu ontem. Numa reunião ampliada e que durou toda a manhã, as direções estadual e municipal e a bancada de vereadores do PMDB decidiram romper politicamente com o prefeito. Quatro vereadores estavam presentes e assinaram o documento do partido e um quinto, que viajava, autorizou que o incluíssem entre os assinantes. Somente o vereador Alfredo Mangueira, que também está viajando, não pôde ser contatado.

    Agora, o PMDB está na oposição ao prefeito João Henrique, mas o partido não fechou questão quanto à aprovação ou não das contas do prefeito referentes a 2009, cuja rejeição o Tribunal de Contas do Municípios recomendou. Os vereadores peemedebistas estão livres para votar pela aprovação ou rejeição.

   Com o rompimento formal e irreversível entre o PMDB e o prefeito, a sucessão de 2012 em Salvador ganha novos elementos. Tem-se como certo que o PT, liderando uma coligação, lançará um candidato a prefeito. Pode ser o persistente deputado Nelson Pelegrino, que não pensa em outra coisa, pode não ser, no que outros pensam.

    São ainda vertentes importantes na sucessão:

   1. O Democratas, partido no qual há dois nomes. O do deputado ACM Neto, que já disputou a prefeitura em 2008 e o do deputado José Carlos Aleluia, que na semana passada declarou que seu nome “está à disposição”. O Democratas e esses dois políticos, que agem de comum acordo, têm até 2012 para fazer suas avaliações

  2. O PMDB. Tem na agulha o nome do deputado estadual e ex-presidente da Câmara Municipal, Alan Sanches. Mais de 30 mil votos só na capital. No entanto, o PMDB pode perfeitamente fechar uma coligação com o Democratas, o PR e partidos menores. Neste caso, o candidato a prefeito seria quase certamente do Democratas (ACM Neto ou Aleluia). As articulações de uma tal aliança já poderiam prospectar o cenário da sucessão de governador de 2014.

3. A terceira vertente seria mesmo a do prefeito João Henrique. Como a lei já não lhe permite candidatar-se novamente e outra vez emergir de uma situação de forte rejeição para a vitória espetacular, ele poderá, ou apoiar o candidato do PT (dependente de o PT querer e de acordos que sejam ou não feitos) ou lançar um candidato do seu grupo para marcar território eleitoral, marcar presença na campanha, ganhar espaço para uma campanha majoritária e eleger um grupo de vereadores ligado a ele. Mesmo que esse grupo, como vem ocorrendo tão sistematicamente, acabe se desligando.
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Este artigo foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia desta quinta.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

PMDB prepara reciclagem

Sexta, 14 de janeiro de 2011
 Por Ivan de Carvalho
A crise entre o PMDB e o PT por causa de espaços políticos no governo Dilma Rousseff não arrefeceu. Apenas, a batalha passou a ser travada em surdina, por exigência da presidente. Mas o PMDB, embora já conformado em não ter um representante partidário no núcleo político do governo (Michel Temer integra esse núcleo, mas por ser vice-presidente da República e não por ser peemedebista), insiste em cobrar postos que minimizem as duas pesadíssimas perdas que sofreu na composição do primeiro escalão e já também em algumas áreas do segundo escalão, como ocorreu na Saúde, onde, além do cargo de ministro, perdeu a Secretaria de Atenção à Saúde e a Funasa.

    O PMDB está consciente de que perdeu espaço e força na composição do governo, além de ter encolhido na Câmara dos Deputados, onde, desde que é PMDB, pela primeira vez não terá a maior bancada, mas a segunda em número de integrantes, superada pela do PT. A estratégia petista, a esta altura absolutamente óbvia, é a de desidratar o PMDB e torná-lo cada vez mais um aliado frágil e controlável. Ao tempo em que os petistas ocupam os espaços a fórceps arrancados ao PMDB.

    O partido que já foi de Ulysses Guimarães está consciente de que se as coisas continuarem no rumo em que vão lhe caberá o mesmo destino que atualmente amarga o DEM (antes PFL), hoje próximo, muito próximo da extinção. Está idéia, assinala um analista ligado ao PMDB, está “fermentando no partido” e deverá produzir resultados a seu tempo.

   Uma observação atenta dos fatos recentes leva à conclusão de que o comando peemedebista teve fraco desempenho na negociação com o novo governo, o que facilitou ao PT ocupar espaços que no governo Lula eram do PMDB. Michel Temer bem teria feito se renunciasse à presidência do PMDB imediatamente à proclamação de sua eleição para vice-presidente da República pelo TSE. Como vice de Dilma, ele não podia brigar por seu partido. Então deixasse a outro essa tarefa e ele se preservaria para atuar como conciliador. Mas não fez isto e, assim, prejudicou.

  Na avaliação da bancada na Câmara, o líder Henrique Alves apresenta (apresenta) fraco desempenho na negociação e na batalha. O critério de avaliação é o dos resultados. Ao ensaiar uma proposta de salário mínimo bastante acima da que o governo admite, o líder teria visado principalmente a, mostrando disposição para a briga, reduzir seu desgaste junto à bancada peemedebista na Câmara. A proposta colocaria o PT na terrivelmente incômoda posição de defender um salário mínimo menor. E, na duvidosa ou improvável hipótese de o maior ser aprovado, a presidente Dilma estaria na incômoda posição de vetá-lo.

   Há no PMDB o entendimento de que, a curto prazo, o partido não vai recuperar a posição confortável de que desfrutava no governo Lula (na minha opinião, o Projeto de Poder do PT entrou em novo estágio com o início do governo Dilma). Mas estima-se, no partido, que este tem experiência para, a prazo maior, recuperar espaços. “Se não recuperar, Aécio está aí mesmo”, assinala o anônimo analista já referido antes.

   O tucano Aécio Neves tem, dentro do PMDB, um apelo muito forte. Se o PMDB não estiver confortável no governo Dilma, abrirá outro caminho, pois sabe que, do contrário, acabará tendo o mesmo destino do DEM – e é esta consciência que vai se firmando entre os peemedebistas.
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Este artigo foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia desta sexta.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

PMDB está sendo espancado

Segunda, 10 de janeiro de 2011 
Por Ivan de Carvalho
Já existe alguma expectativa, no meio político, de que a forte tensão entre o PT e o PMDB por causa da composição da equipe do governo Dilma Rousseff possa vir a por em risco o acordo entre estes dois partidos para a presidência da Câmara. Não apenas como uma tentativa de retaliação do PMDB ao apetite por cargos de mando demonstrado pelo PT, enquanto este insiste em colar no seu principal aliado o rótulo de “partido fisiológico”.

   A enunciação pela mídia, ou por intermédio dela, desse desagradável rótulo tem precedido, a cada vez, reduções dos espaços do PMDB (em comparação com os de que desfrutava no governo Lula) no ministério ou em postos de segundo e terceiro escalões. Como já assinalara no fim da semana passada neste espaço, o PMDB está apanhando. Na verdade, está sendo espancado política e moralmente.

   O PT está conseguindo fazer humor negro com o PMDB. Faz que seja proclamado o caráter “fisiológico” do PMDB e o apetite voraz e irrefreável da legenda de Ulysses Guimarães por cargos e quem abocanha os cargos é o PT. O Partido dos Trabalhadores conquistou 17 ministérios, enquanto o PMDB ficou com seis.

   Destes seis, no entanto, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, chegou ao cargo no governo Lula sem indicação do PMDB e permanece por sugestão ou pedido de Lula. E o partido não tem qualquer influência sobre ele ou seu ministério. A Secretaria de Assuntos Estratégicos é um espaço para pensar, meditar, estudar e só. A Previdência Social é um abacaxi, com orçamento comprometido, cheio de problemas e condenado à rotina. O Turismo, no Brasil, não é um ministério importante.

   Valem os Ministérios de Minas e Energia (pelo setor elétrico, pois a Petrobrás está com o PT e tem autonomia) e de Agricultura. Em assuntos ministeriais, o PMDB estava melhor no ministério do ex-presidente Lula. E, como já se delineou, no segundo e terceiro escalões tende a perder espaço também, enquanto o PT avança com firmeza. Afinal, qual partido é mesmo fisiológico?

   O PMDB poderá reagir quanto a isto? Começa, como assinalado, a existir uma expectativa de que sim, na eleição para presidente da Câmara, mas isto romperia o acordo entre PT e PMDB sobre o rodízio na presidência desta casa do Congresso. Se a bancada do PMDB embarcar na candidatura de Aldo Rabelo, do PC do B, a presidente da Câmara, o PT pode retaliar retirando o compromisso de apoiar um peemedebista para presidente da casa para o biênio 2013-2015. Além disso, o PMDB do Senado (Sarney, Renan Calheiros), embora não feliz, parece acomodado, indisposto para solidariedades ao PMDB da Câmara, muito menos para batalhas.

    Pessoalmente, não acredito numa reação séria do PMDB na atual conjuntura política, de forte apoio popular à presidente Dilma e a seu governo, sem esquecer a popularidade da principal liderança petista, o ex-presidente Lula. Uma retaliação peemedebista, como sugeri na semana passada, pode acontecer se o quadro econômico e financeiro entrar em dificuldade e cair o apoio popular ao governo. O quadro já não é muito tranquilo. O ex-ministro da Fazenda, Rubens Ricúpero, responsável pela implantação do Plano Real, diz em entrevista concedida à Rede Bandeirantes de Televisão, que “a inflação não vai voltar, já voltou”. Foram os gastos para minimizar no Brasil a crise econômica mundial e a gastança do ano eleitoral. Agora, Dilma tem que por o pé no freio – e isto não é simpático em lugar nenhum do mundo.
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Este artigo foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia desta segunda.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.

sábado, 18 de dezembro de 2010

A desidratação do PMDB


Sábado, 18 de dezembro de 2010
Por Ivan de Carvalho
Políticos do PMDB percebem que a longa permanência da legenda como força coadjuvante na política brasileira, durante um longo período, já está produzindo resultados preocupantes. Entendem que está deflagrado processo semelhante ao que levou o DEM, antigo PFL, a uma desidratação profunda e muito provavelmente mortal.

            A diferença é que o PMDB, desde o início, sempre foi maior que o PFL/DEM, e que nos últimos oito anos o PMDB ou pelo menos parte dele esteve participando de forma expressiva do governo federal, razões pelas quais o processo de desidratação foi retardado. Mesmo assim já vai se tornando notório. Também conta a maior capilaridade que o PMDB sempre teve no país, se comparado ao PFL/DEM.

            Para entender melhor o que atualmente assombra mentes peemedebistas capazes de desviar a vista das árvores para observar a floresta, vale um exame conjunto com o que aconteceu ao DEM, novo nome do extinto PFL.

            O PMDB conquistou o poder com Tancredo Neves e governou com José Sarney, tudo com preciosa ajuda do PFL. O governo Sarney, no entanto, terminou com forte impopularidade. E então começou o desastre.

            O PFL apresentou candidato à presidência da República em 1989. Foi Aureliano Chaves, mas os pefelistas massivamente abondonaram seu candidato e apoiaram a candidatura de Fernando Collor, que foi eleito. Na mesma ocasião, o PMDB apresentou candidato a presidente, Ulysses Guimarães, mas este, apesar de sua enorme relevância na história política do país durante o regime militar e nos anos subsequentes, não tinha carisma eleitoral. Ulysses não foi abandonado por seu partido tanto quanto Aureliano foi pelo dele, mas os eleitores abandonaram ambos. Entre outros motivos, por causa da grande impopularidade do governo Sarney.

Collor renunciou no dia em que ia ser declarado seu impedimento pelo Senado, assumiu o vice Itamar Franco e o PSDB plantou o Plano Real e colheu a eleição de Fernando Henrique Cardoso para presidente.

O PFL /DEM, sem lançar candidato próprio a presidente, apoiou, como força auxiliar do PSDB, as candidaturas e governos do tucano FHC durante oito anos. Nos oito anos seguintes, após tentar em 2002 a candidatura abortada de Roseana Sarney a presidente, dividiu-se entre os candidatos Ciro Gomes e José Serra. Apoiou Geraldo Alckmin em 2006 e José Serra este ano.

E então o PFL/DEM havia quase que desaparecido – elegeu agora somente dois governadores, seis senadores e 43 deputados federais.

O PMDB seguiu uma estrada mais ou menos paralela. Depois de 1989, não disputou com candidato próprio eleições presidenciais. Deixou que o PSDB e o PT disputassem o poder maior. Dividiu-se no apoio a um e outro desses partidos, até que este ano praticamente uniu-se no apoio à candidatura apresentada pelo PT.
   
         Enquanto o PFL/DEM e, mais lentamente, o PMDB, murchavam, emergia cada vez com mais força o PT e abria-se também espaço para o crescimento de partidos médios. Em 1986, o PMDB elegeu a maior bancada na Câmara, com 89 deputados, contra 83 do PT, a segunda bancada. Este ano, o PT passou a primeira bancada, com 88 e o PMDB caiu para 79. Só elegeu um governador de estado importante, o Rio de Janeiro. No Senado, manteve a maior bancada, 20 senadores. O processo de desidratação está no início, mas já é sensível.
    
        O PMDB, até uns anos atrás, era a legenda mais popular do país, a preferida dos eleitores, segundo as pesquisas. Atualmente, a popularidade desta legenda não chega aos calcanhares da popularidade da legenda PT. Sem designar candidaturas a presidente, o 15 é pouco presente na propaganda eleitoral.
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Este artigo foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia deste sábado.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Problema mal resolvido

Quarta, 8 de dezembro de 2010
 Por Ivan de Carvalho
    O chamado primeiro escalão do futuro governo Dilma Rousseff ainda está longe de ficar pronto, mas o problema principal parece ter sido resolvido, talvez mal resolvido – o espaço que caberá ao PMDB. O grande aliado-concorrente do PT vai ficar com menos do que sonhou e sugeriu, com o mínimo que reivindicou para valer quanto ao número de pastas e com menos do que pedia no que diz respeito à “densidade” política e orçamentária das pastas que lhe estão sendo concedidas.
 
Alguma dúvida? Atente-se ao pequeno trecho que segue, parte de uma entrevista do líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves.
 
A pergunta: “Legendas como o PSB reivindicam ministérios comandados pelo PMDB. O da Integração Nacional, por exemplo. O que acha?”. A resposta: “Veja bem, o PT tem 15 ministérios, o PMDB tem apenas seis. Fala-se em dispor da Saúde, da Integração... Mas alto lá. O PMDB tem hoje o tamanho que o Lula reconheceu na hora em que apoiamos o governo (em 2007). Tem gente nossa que quer inclusive ampliar a participação.
 
No princípio do debate para a composição do Ministério do próximo governo era assim que falava o PMDB. E listava, pela voz do mesmo líder: “Os ministérios do PMDB são Saúde, Integração Nacional, Agricultura, Comunicações, Minas e Energia e Defesa.
 
Bem, ainda é esta a relação. Mas logo deixará de ser. A partir de 1º de janeiro. Está decidido que o PMDB terá quatro ministérios: mantém Minas e Energia e Agricultura. Perde Integração Nacional e Comunicações, duas pastas de grande “densidade” e em troca recebe as pastas da Previdência Social (com um grande orçamento no qual não se pode por a mão, por ser todo amarrado para pagamento de aposentadorias, pensões e outros chamados benefícios) e o Ministério do Turismo, uma coisa que poderia ser uma mão na roda se fosse na França, na Espanha, na Itália, nos EUA, no Egito, em Israel, mas que no Brasil é um negócio raquítico, esquálido.
 
O Ministério da Defesa continua com o peemedebista de fantasia Nelson Jobim. É um ministério do qual o PMDB não se beneficia e nem pode, através dele, beneficiar o país, pois aos ouvidos de Nelson Jobim o apito do PMDB é absolutamente surdo. Jobim foi uma escolha do presidente Lula, sem pedido nem concessão de aval do PMDB, e continuará no cargo por decisão da presidente eleita Dilma Rousseff, atendendo, inclusive, a pedido de Lula.
 
O Ministério da Saúde, de alta densidade, foi para o espaço, mas isso não incomoda o PMDB, que tanto no caso de Jobim quanto no do ministro José Gomes Temporão funcionou, como reconhece nos bastidores, como “barriga de aluguel”. Lula pediu ao governador peemedebista do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, que “indicasse” Temporão para ministro da Saúde e Cabral atendeu à solicitação presidencial. Portanto, o PMDB só tinha os ministérios da Defesa e da Saúde na teoria. Na prática, para nada lhe serviam.
 
Na composição do futuro Ministério, O PMDB está na desvantagem, pois teve que se conformar em trocar os de Comunicações e de Integração Nacional pelos de Previdência e de Turismo. Péssimo negócio. E um prêmio de consolação: o PMDB deve ganhar a Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos, aquela famosa Sealopra inventada para Mangabeira Unger. Seria a “cota pessoal” do presidente do PMDB e vice-presidente da República, Michel Temer, que para o posto indicaria o ex-governador fluminense Moreira Franco. O que ainda não se sabe é se a Sealopra continuará aloprada (onde só é possível dar asas à imaginação futurística) ou será reforçada com atribuição de competências objetivas, concretas, de alguma relevância política.
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Este artigo foi publicado originalmente na “Tribuna da Bahia” desta quarta.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.

sábado, 4 de dezembro de 2010

PMDB em estado de sítio

Sábado, 4 de dezembro de 2010 
Por Ivan de Carvalho
É consenso no meio político que o PMDB foi, no segundo mandato do presidente Lula e na campanha eleitoral da presidente Dilma Rousseff, o aliado fundamental.
 
Para o próximo quatriênio, o PMDB chega com um status mais elevado em relação ao quatriênio anterior, o do segundo mandato do presidente Lula

Neste caso, o PMDB não deu apoio formal ao candidato do PT a presidente, não lhe deu seu tempo de propaganda gratuita no rádio e na televisão e foi para as urnas dividido praticamente ao meio, como estivera durante o primeiro mandato de Lula. O “PMDB do Senado” (com notórias exceções) apoiava o governo e apoiou as candidaturas do presidente, enquanto o “PMDB da Câmara” colocava-se na oposição.

Mas depois da eleição de Lula para seu segundo mandato presidencial as coisas mudaram. O PMDB da Câmara apoiou o governo Lula. Como não apoiara sua eleição, entrou no governo, como instituição partidária, sem “comer sal e poeira”, na expressão criada pelo governador Jaques Wagner. Então, era compreensível que não tivesse todos os privilégios concedidos aos que travaram a batalha eleitoral ao lado de Lula.

Mas agora é diferente. Como instituição, o PT apoiou Dilma Rousseff, participou da coligação, marcou solidariedade total com a presença do presidente da legenda, deputado Michel Temer, na chapa de Dilma, como candidato a vice. Deu seu tempo de propaganda eleitoral gratuita no rádio e televisão à candidata petista e ajudou-a com sua capilaridade partidária em praticamente todo o território nacional. E com o enorme reforço psicológico que a aliança com o PMDB representava.

Então, era de se esperar que – uma vez que a rainha teria de ser mesmo a presidente Dilma – o PMDB entrasse na história como se fosse o príncipe. Mas nada. Está arriscado até a não ser tratado como duque. Barão, talvez.

A primeira e dolorosa paulada está sendo aplicada no Congresso: uma proposta de emenda constitucional que retira do vice a atribuição de suceder o (a) presidente, caso este fique impedido (por morte, impeachment ou doença gravíssima, incapacitante) de exercer o cargo. O vice continuaria sendo substituto eventual (uma viagem do presidente aqui, outra ali), mas nunca sucessor. Teria que assumir e promover eleições presidenciais em, no máximo, 90 dias ou, se mais de metade do mandato presidencial já houver passado, ver o Congresso Nacional escolher um novo presidente titular. O PT não quer correr riscos, nem mesmo os atualmente previstos na Constituição.

A segunda paulada está sendo ensaiada na formação do ministério do próximo governo. O PMDB exige (e isso já faz tempo) cinco ministros para pastas com “densidade”: dois indicados pelo PMDB do Senado, dois pelo PMDB da Câmara e o quinto na “cota pessoal” do vice Michel Temer. Dilma está oferecendo quatro. Convém esperar o resultado dessa queda de braço.

Outra paulada? Sim, em duas fases.

Primeira fase. O líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves, desconfiado que o PT pretendia passar-lhe a perna, articulou, formou e anunciou um bloco de bancadas partidárias envolvendo o PMDB, PT, PP, PTB e outros, num total de 202 dos 513 deputados da Câmara. O “blocão” atuaria, se preciso, na eleição para a Mesa da Câmara e continuaria ativo, apoiando o governo, e, claro, se defendendo dele. O PT entrou em pânico – e em guerra. Dilma e Lula lançaram-se à operação desmanche e ainda pressionaram Temer para que pusesse panos quentes. A primeira defecção foi o PP. O “blocão” articulado pelo PMDB na Câmara entrou (na melhor das hipóteses) em estado de catalepsia.

Segunda fase. Na quinta-feira, o PT anunciou a formação de um “blocão” no Senado. Sem o PMDB. Mas com PT, PDT, PSB, PC do B, PRB, num total de 29 senadores. Isso dá ao bloco o comando de quatro comissões permanentes no Senado e cargos-chave na Mesa Diretora.

E aí?
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Este artigo foi publicado na Tribuna da Bahia deste sábado.
           Ivan de Carvalho é jornalista baiano.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Vice de brinquedo

Quinta, 2 de novembro de 2010 
Por Ivan de Carvalho
A notícia está mui discretamente rolando pelos jornais, sites e blogs há vários dias, mas foram duas notas publicadas na colina do jornalista e amigo Alex Ferraz, na Tribuna da Bahia, que me convenceram a abordar o assunto. Menos pelo conteúdo das notas, que não chega a ser notícia em primeira mão, mas pelo verdadeiro e, convenhamos, impiedoso título escolhido para ambas: “Um golpe em Temer?”.
   Ah, sim, já que o título foi posto, talvez ironicamente, em forma de pergunta, cumpre responder e a resposta é, evidentemente, afirmativa: trata-se realmente de um golpe contra Temer. O que causa certa admiração é o PMDB temer (veja aí, Alex, você perdeu esse trocadilho) manifestar inconformismo com o golpe que lhe está sendo aplicado.
   É bem verdade que o PMDB está em pleno exercício de sua nova aptidão de engolir sapos, uns atrás dos outros. Isso já ocorrera na fase final da campanha para o primeiro turno das eleições. Agora, a aptidão de engolir sapos sem estrilar se aprofunda. Primeiro, a questão da alternância da presidência da Câmara dos Deputados, exigida pelo PMDB como uma retribuição à concessão feita ao PT na Legislatura passada.
   O PT ainda não assinou o acordo e o PMDB, a essa altura já cansado de desconversas, faz questão da assinatura do PT no papel, como, aliás, procedeu o PMDB na Legislatura anterior. Mas, por enquanto, pelo menos, o PT está dando uma de Tiririca, como se não soubesse assinar o nome.
   Em outra frente, de grande importância, acontece o absurdo político-fisiológico. No quatriênio anterior, o PMDB, com instituição e também por sua bancada na Câmara, não participou da coligação que reelegeu Lula em 2006. Tornou-se aliado formal e em quase toda sua inteireza como partido aderente após as eleições. E teve amplo espaço no governo.
   Pois agora, quando integrou a coligação de apoio a Dilma Rousseff e deu inteiramente sua estrutura e capilaridade, além de seu tempo em televisão e rádio, para a candidata a presidente do PT se eleger com o presidente do PMDB como seu companheiro de chapa e uma espécie de “avalista” junto a setores empresariais e outros setores conservadores ou simplesmente desconfiados, aí as primeiras tratativas para formação do governo apontam para uma perda expressiva de espaço sob controle peemedebista.
   E é nesse contexto tão desagradável que medra uma proposta de Emenda Constitucional que subtrai do vice-presidente da República a atribuição de suceder ao presidente no caso de vacância do cargo. De acordo com a PEC, Temer e todos os vices depois dele serão apenas eventuais substitutos temporários do (da) presidente. Se o presidente fica definitivamente impedido de exercer o mandato antes que este chegue à metade, assume o vice e tem que convocar eleições a se realizarem no prazo máximo de 90 dias. Caso o mandato do titular já esteja além da metade, o Congresso elegerá o sucessor (escanteando, também desta forma, o vice eleito na chapa votada pelo eleitorado do país.
   Atualmente (como lembra Alex Ferraz), o vice sucede o (a) presidente em caso de morte, impeachment ou doença gravíssima (incapacitante). Ninguém está livre do imprevisto (Alex lembra Tancredo-Sarney e Collor-Itamar). Outros, a exemplo de Deodoro e Getúlio, também poderiam ser lembrados. E também vale lembrar, como sabe toda a nação, que a presidente eleita teve um câncer agressivo, tratado logo no início e declarado curado. Mas se Dilma, eventualmente, não puder concluir seu mandato, trata o PT de garantir que o PMDB não chegue à presidência. Haveria uma nova eleição e Lula... Ora, não interessa, felizmente os médicos garantem que Dilma está muito bem e não há o que temer. Nem haverá Temer.
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Este artigo foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia desta quinta.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Democratas escolhem viver

Terça, 16 de novembro de 2010
 Por Ivan de Carvalho
    O presidente do Democratas, deputado Rodrigo Maia e seu pai, o ex-prefeito do Rio de Janeiro, César Maia, asseguram que já está sepultada a proposta de fusão ou incorporação do DEM ao PMDB, mas afirmam-se convencidos de que ela serviu para “reorganizar a tropa” da legenda. É que a partir do surgimento da proposta, seu presidente, com ajuda de César Maia e alguns outros democratas, entrou em campo em busca da unificação do DEM.

    Rodrigo Maia e César Maia estão convictos de que acontecerá a unificação do partido em torno do plano de “fortalecer o DNA conservador” do Democratas, deixando no passado o papel de linha auxiliar do PSDB que o PFL, depois DEM, vinham desempenhando, para dedicar a legenda à construção de uma candidatura própria à presidência da República em 2014.

    “Essa hipotética proposta (de fusão ou incorporação ao PMDB) não existe mais. Até Kassab é contra”, disse César Maia em conversa, por e-mail, com o jornal O Estado de S. Paulo, que publicou a respeito matéria assinada pelo jornalista Alexandre Rodrigues. “Hoje, ninguém no DEM defende fusão com o PMDB. Nem no PMDB, segundo se diz”, afirmou César Maia, que também afastou as hipóteses de fusão com o PSDB ou com o PPS.

    Na verdade, o PSDB e o PPS estão estudando uma fusão entre eles, segundo admitiu o presidente deste último partido, Roberto Freire, ressalvando que a iniciativa está com o PSDB, o partido maior, pois fusão não pode ser feita com um partido grande por iniciativa de um partido pequeno.

    Há um ponto crucial que pode ter contribuído para arrefecer o ânimo de fusão com o PMDB ou até com o PP que lavrava em setores do DEM e que também poderá travar a imaginada fusão do PSDB e PPS ou incorporação deste último pelos tucanos. Trata-se da legislação sobre fidelidade partidária.

    Explicando: se há fusão, desaparecem legalmente os partidos que se fundem e surge um terceiro. Imagine-se DEM e PMDB se fundindo e dando origem ao MDB. Este seria um “novo” partido. Estão, os filiados ao DEM e ao PMDB detentores de mandatos eletivos e que quisessem ir para outras legendas estariam livres, sem risco de quaisquer punições, a exemplo de expulsão e perda de mandato. O mesmo ocorreria numa fusão PSDB-PPS. Já no caso de incorporação, o que haveria legalmente seria a extinção de um dos partidos e a migração de seus quadros para o outro. Mas estes quadros (incluindo os detentores de mandatos), poderiam aproveitar a “janela” e optar por outras legendas.

    Em síntese: seria a oportunidade de ouro que adesistas buscam para saltarem a cerca e ingressarem em partidos governistas. No caso DEM-PMSB, os democratas adesistas poderiam ir para o PMDB mesmo, se quisessem, mas peemedebistas poderiam ser estimulados a trocar esta legenda pelo PSB ou outra, de modo a enfraquecer o grande rival do PT dentro do governo.

    Independente de toda essa questão da fidelidade partidária, a desistência anunciada do DEM de desaparecer é boa para a preservação e o exercício do regime democrático. Há uma faixa do eleitorado – e da sociedade – que o DEM, bem ou mal, representa. Já disse recentemente que o fim deste partido não seria bom para o exercício democrático. Há mais tempo, havia observado, com certa insistência, que o papel de coadjuvante cativo que o PFL-DEM assumira ante o PSDB era (e realmente foi) politicamente contraproducente e um desvio quanto ao que o DEM deveria representar.
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Este artigo foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia desta terça.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.

sábado, 13 de novembro de 2010

O destino do DEM

Sexta, 12 de novembro de 2010 
Por Ivan de Carvalho

    Continua a movimentação em torno da possível fusão do DEM ao PMDB ou, se isto se revelar por algum motivo inviável, ao PP, que seria o Plano B dos democratas interessados na fusão.
O principal deles é o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. Com a derrota eleitoral e possível decadência política do tucano José Serra, seu principal suporte na aliança com o PSDB e deste partido com ele, Kassab, o prefeito vê o PSDB paulista ficar mais sob a influência de Geraldo Akckmin.
Alckmin pode ser considerado e é visto por Kassab como um adversário. Afinal, enquanto nas eleições municipais de 2008 o então governador paulista José Serra apoiava discreta, mas decididamente, a reeleição de Kassab – que fora seu vice na prefeitura e assumira quando Serra deixou o cargo para disputar o governo estadual –, Alckmin ousadamente lançou-se candidato a prefeito, contra Kassab.
Perdeu, como já perdera a eleição presidencial de 2006, disputando com Serra nos bastidores e de público o direito de ser o candidato tucano a enfrentar o presidente Lula naquela ocasião. Alckmin, então, conseguiu o que queria, ser candidato, porque Serra se convenceu de que o PSDB não venceria aquela eleição presidencial e apenas fingiu ir na bola dividida com Alckmin. Na verdade, ele queria mesmo era deixar a bola com este e ir cuidar de outros planos.
Sentindo-se órfão do PSDB, o democrata Kassab é hoje o político do DEM mais em evidência e tem lá suas pretensões de disputar o governo paulista em 2014. Mas ele não tem o controle de seu partido neste momento e, pior, dá conta o noticiário de que ele não acredita na recuperação política e eleitoral do Democratas, hoje sob a presidência do deputado fluminense Rodrigo Maia.
Imaginou-se uma fusão imediata do DEM ao PMDB (que poderia ser rebatizado de MDB, o que seria uma espécie de resgate histórico, ao menos sob o aspecto nominal). O PP, como já assinalado, seria o Plano B. Mas Kassab foi aconselhado por lideranças democratas, incluindo o presidente de honra e ex-senador Jorge Bornhausen (também já agora pouco crente numa recuperação do DEM) a ter paciência. Antes de partir para negociar a fusão seria preciso tomar o controle do partido. E Rodrigo Maia não vai entregá-lo de boa vontade. Controle que, uma vez tomado, poderia levar o grupo liderado por Kassab até a desistir da fusão, já que estaria com um partido pronto nas mãos – e um partido de porte, ainda.
Kassab e os que estão com ele decidiram esperar até três meses. Se até o fim do prazo houver fracassado a tomada do controle do partido, então voltarão, aí já para agir, à negociação de uma fusão ou, na pior das hipóteses, de dissolução, o que a todos liberaria para cada um seguir o caminho que quiser.
Essa coisa de fusão (que poderia ser, evidentemente, uma simples incorporação do DEM pelo PMDB) está aumentando a tensão entre o PMDB e o PT. Uma tensão já notória pela questão da presidência da Câmara, principalmente, além de espaços postos no Executivo. É que o PMDB, acontecendo a fusão, deixaria de ter a maior bancada na Câmara dos Deputados na próxima Legislatura e ganharia peso incontrastável em todas as situações no Congresso, além de aumentar seu poder de fogo na luta por espaços no Poder Executivo e nas empresas estatais.
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Este artigo foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia deste sábado.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

O PMDB e os governos federal e de Brasília

Quinta, 4 de outubro de 2010
1 - “Nem Dilma nem Lula perceberam ainda o Poder que colocaram nas mãos do vice-presidente. O PMDB sabia disso, mas não sabia tanto. Temer e os lobistas do PMDB achavam que ele devia ser ministro. Agora negam, acham que a força dele é a vice acoplada ao PMDB. Pobre Dona Dilma.”

2 –“Com a vitória de Agnelo Queiroz, não houve nem haverá mudança na capital. Quando ele preferiu Tadeu Filippelli para vice, estava se definindo. Nem precisava, para ganhar da mulher de Roriz, seus votos e do PT chegavam e sobravam.
Escolheu Filippelli, do bom e descartável PMDB. Além do mais, Filippelli sempre foi intimíssimo e comensal do próprio Roriz. Malandríssimo, Filippelli vai influenciar o Secretariado, que terá a sua cara.”
(Helio Fernandes na Tribuna da Imprensa de hoje (4/11)

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Dilma e o comando do Congresso

Terça, 2 de outubro de 2010 
Por Ivan de Carvalho
    A presidente eleita Dilma Rousseff assumirá o cargo em 1º de janeiro e nessa ocasião talvez já esteja enfrentando os primeiros lances de um sério, mas normal, problema político, relacionado com o Congresso Nacional.

    Aliás, no Congresso a situação do governo, sob o aspecto formal, é absolutamente tranqüila. A coligação que apoiou a eleição de Dilma elegeu 311 deputados, o que representa 60 por cento da Câmara dos Deputados. Essa proporção lhe assegura até mesmo o quorum qualificado de três quintos da Casa, suficiente para a aprovação de emendas constitucionais.

    No Senado, a coligação que apoiou Dilma obteve resultado ainda mais espetacular, dispondo agora de 58 cadeiras, 70 por cento do total. Poderia aprovar emendas constitucionais até pelo antigo sistema de maioria de dois terços, mudado há tempo, numa iniciativa bastante perigosa, para três quintos, de modo a facilitar alterações na Constituição.

    No entanto, essa maioria toda não garante total tranqüilidade. O partido mais importante que Dilma Rousseff tem em sua pose político-parlamentar é o PMDB, cujo presidente, deputado Michel Temer, será o vice-presidente da República durante o mandato de Dilma.

    E o primeiro problema será exatamente com o PMDB. Este partido continuará na próxima legislatura com a maior bancada no Senado e, portanto, segundo a tradição (às vezes quebrada) no Congresso Nacional, com o “direito” de indicar o presidente da Casa. Tudo indica que o PT não se enfeitará para reivindicar a presidência do Senado Federal e, portanto, aí não haverá esse problema.

    Mas na Câmara dos Deputados é diferente. Na atual Legislatura, o PMDB tem a maior bancada, mas numa atenciosa atitude à fome de poder do PT, concordou em fazer um trato, que cumpriu. O PMDB teria, pela tradição, o “direito” de indicar o presidente da Câmara nos dois biênios da Legislatura, mas cedeu esse privilégio ao PT, quanto ao primeiro biênio. E, magnânimo, reservou para si, na pessoa de Michel Temer, a presidência apenas no segundo biênio.

    Ocorre que na próxima Legislatura não será do PMDB, mas do PT, a maior bancada. Aproxima-se o momento em que o PMDB vai cobrar, sem gritaria, que o partido não é disso, mas com muita energia, a reciprocidade. Para ser mais claro, se isto for possível: vai querer que em um dos dois biênios da Legislatura o presidente da Câmara seja indicado pela bancada do PMDB, mesmo sem ter este partido a maior bancada na Casa, da mesma forma que permitiu ao PT, que não tinha a maior bancada, indicar o presidente da Câmara no primeiro biênio da atual Legislatura.

    Resta saber se o PT vai dar ao PMDB o que o PMDB deu ao PT. Não será uma questão a ser resolvida com facilidade, vai haver, com certeza, muita resistência dentro do PT a essa reciprocidade. Caso os dois partidos cheguem a um acordo, virá a segunda parte da querela: o primeiro biênio será presidido pelo PMDB ou pelo PT? Isso é meio complicado, porque o partido que presidir no primeiro biênio (estou pensando mais no PT, mas vale também para o PMDB) pode quebrar o acordo e brigar pela presidência também no segundo biênio.

    Essas são questões típicas do Congresso, mas a presidência da República, no Brasil, não pode nem imaginar ficar alheia ao assunto. Daí que entre os muitos problemas que terá de enfrentar ao assumir, Dilma Rousseff terá de incluir também este em sua agenda.
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Este artigo foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia desta terça.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Tribuna da Imprensa: Dilma presidente, nenhuma surpresa. Agora começará uma espécie de terceiro turno. Entre ela e Lula, ela e o PT, ela e o lobista PMDB. O país é o mesmo, os personagens, iguais?

Segunda, 1 de novembro de 2010
Helio Fernandes, hoje, na Tribuna da Imprensa:

"Não havia a menor possibilidade de erro: Dilma ganharia a eleição, o que deveria ter ocorrido no primeiro turno. O que aconteceu de circunstâncias, adiando a decisão para 28 dias depois, nem interessa. O importante e irrefutável: Serra não tinha uma possibilidade em um milhão de ser presidente.

Ele mesmo errou na análise e nas conclusões. Afirmou textual e taxativamente: “Tive 33 por centos dos votos, Dilma 46 e Marina 20 por cento. Somando os meus votos e os de Marina, chegávamos a 53 por cento, provando que o povo queria segundo turno”.

Impressionante a falta de compreensão de Serra para os fatos. Digo há 8 anos que “Serra jamais será presidente”, ele não conseguiu obter vantagem nem mesmo enfrentando candidata sem experiência política ou eleitoral, sem capacidade de articulação, sem carisma, sem competência, sem projeto, sem programa, sem compromisso.
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Leia o artigo completo de Helio Fernandes.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

O PMDB e a natureza do PT

Segunda, 23 de agosto de 2010
Por Ivan de Carvalho
    Com a dianteira assumida nas pesquisas eleitorais pela candidata do governo e da coligação liderada pelo PT a presidente da República, o PMDB, principal aliado, tanto da base do governo quanto do PT na coligação, apressa-se a marcar a fatia do bolo que imagina comer no futuro a aparentemente provável governo de Dilma Rousseff.

    A coisa mais essencial de todas é que o PMDB espera continuar sendo o maior partido no Congresso Nacional. Está certo de que terá a maior bancada no Senado, como já ocorre atualmente, e quase certo de que conseguirá também contar, como já ocorre, com a maior bancada na Câmara dos Deputados. Neste último objetivo, há uma certa ameaça do PT, mas os peemedebistas confiam que, embora por uma diferença que poderá ser mínima, terão mesmo a maior bancada dentre todos os partidos.

   Não é da lei – porque os presidentes do Senado e da Câmara são eleitos e qualquer senador ou deputado pode apresentar sua candidatura –, mas é da praxe, por todos admitida e reconhecida publicamente, que o partido que tenha a maior bancada numa Casa do Congresso indica o presidente dessa Casa.
  
    Como o PMDB espera ter as maiores bancadas no Senado Federal e na Câmara dos Deputados, espera “fazer” os presidentes das duas Casas que compõem o Legislativo federal. E faz saber – por enquanto, com porta-vozes no anonimato – que exercerá sua “prerrogativa” de indicar os presidentes das duas casas, estando fora de cogitação estabelecer, como ocorreu sob Lula, um rodízio com o PT na presidência da Câmara.
  
   De agora em diante, rodízio no Congresso, se houver, só de pizza. O que, forçoso é admitir, parece bem provável, tendo em conta os precedentes. Além dos presidentes das duas Casas do Congresso, o PMDB conta ter, naturalmente que se Dilma Ducheff (esse lapso está me perseguindo, é Rousseff, gente) for eleita, o que nunca teve desde a primeira redemocratização, em 1945 – o vice-presidente da República, na pessoa de  Michel Temer, presidente da Câmara e do próprio PMDB.

    Outra coisa que o PMDB está avisando (o jornal O Estado de S. Paulo publicou matéria a respeito ontem) é que não aceitará mais ser “barriga de aluguel”. Explicando melhor: o presidente Lula quis nomear alguém indicado pelo governador fluminense Sérgio Cabral (do PMDB, por conveniência) para ministro da Saúde e então nomeou José Gomes Temporão, atribuindo o cargo à cota do PMDB, que como partido não foi ouvido nem cheirado a respeito, apenas “alugou a barriga” para Lula fazer o filho. Daí que o PMDB, ó...

    Pois não aceitará mais isto. E avisa que o cenário, uma vez eleita Dilma, será radicalmente diferente do que havia no governo Lula. O PMDB não será um aliado “convidado” a participar do governo depois da eleição de Lula. Será também dono da casa, do governo que terá ajudado a eleger. E quer poder dividido “meio a meio”. Não sei como pode ser isso, se a Constituição só admite um presidente e só um (a) será eleito. Mas quer Henrique Meirelles na equipe econômica, ministérios com “porteira fechada” – antigamente, o nome era mais sutil, dizia-se “ministérios verticalizados” –, sua cota de cargos, inclusive de comando, nas estatais.

   Aposto que o PT, se continuar na Presidência da República, vai fazer um esforço descomunal para que as coisas não aconteçam como quer o PMDB. Não é da natureza do PT conformar-se com o que o PMDB pretende.
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Este artigo foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia desta segunda.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Casaram-se, mas os amigos não gostaram

Quarta, 14 de julho de 2010
Causou constrangimento também na festa de inauguração do comitê central da chapa Dilma/Michel Temer, ontem (14/7) no Setor Comercial Sul de Brasília, a vaia que o público deu ao vice da petista.

O acordo dos pais foi bem feito nos cartoriais partidos brasileiros, mas os filhos rejeitam a união. Espera-se, contudo, que os interesses particulares de cada um acabem sendo satisfeitos pela união (sem segundas intenções).

Dilma perdeu um voto

Quarta, 14 de julho de 2010
Do site da Revista Veja
“Não tenho mais candidata. Agora não quero mais saber de Dilma”, afirmou Edivaldo Freitas, candidato a deputado distrital pelo PMDB. Ele levou uma gravata de um segurança da campanha da petista ao tentar entrar na área vip destinada a políticos no evento de inauguração do comitê nacional do PT. Ele disse que apanhou por não ser um “engravatado”. O candidato estava sem gravata.  

O vidro da porta de entrada do comitê foi quebrado com a confusão antes mesmo do espaço ser lançado. A organização colocou uma faixa com o nome de Dilma para disfarçar o estrago no local.

Edivaldo Freitas deixou o evento e chamou os militantes de sua chapa para acompanhá-lo. O megafone que ele estava usando para gritar a favor de Dilma mudou de função. E serviu para que ele protestasse contra a petista.

O secretário de comunicação do PT, André Vargas, justificou o ocorrido dizendo que o espaço estava apertado e candidatos distritais não foram chamados. 

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Palavra de Rosso volta atrás

Quinta, 17 de junho de 2010
Rosso, o governador-tampax de Brasília, jurou que não seria candidato a governador nas eleições de outubro. Agora vai disputar a indicação na convenção regional do PMDB. Não mudou, apenas a externou. Aqui pra nós, dá para acreditar na palavra de alguém como ele?
As outras candidaturas, Roriz-Jofran Frejat e Agnelo-Filippelli, estão impacientes. Os efeitos em uma hipotética vitória de Rosso-Ivelise Longhi na convenção do PMDB no próximo sábado são desconhecidos. No mínimo, na de Agnelo tomaria os preciosos minutos do PMDB e o seu vice. Na de Roriz, muitos dos votos da periferia escorreriam pelo ralo.
As duas candidaturas não querem turbulências. Chegam as da Operação Caixa de Pandora.

sábado, 12 de junho de 2010

Com 560 votos favoráveis, PMDB oficializa Temer como vice de Dilma

Sábado, 12 de junho de 2010
Da Agência Brasil
Yara Aquino - Repórter

Brasília – Com maioria dos votos, a cúpula do PMDB oficializou hoje (12) o apoio à indicação do presidente nacional do partido, Michel Temer (SP), como vice na chapa encabeçada pela ex-ministra Dilma Rousseff (PT) à Presidência da República. Na votação na convenção do PMDB, houve 560 votos a favor de Temer. Mas os dissidentes Roberto Requião, ex-governador do Paraná, e Antônio Pedreira, também receberam votos.

Requião obteve 95 votos a favor da sua candidatura independente à Presidência da República, enquanto Pedreira conseguiu 4 votos. Ambos defendiam o direito à candidatura própria à Presidência. Dos cerca de 800 convencionais do PMDB com direito a voto, 473 votaram totalizando 660, uma vez que alguns deles têm direito a votar mais de uma vez porque ocupam função dupla, ou até tripla, na legenda. É o caso do próprio Temer, que é presidente nacional da legenda e também convencional.

Requião defendia a candidatura própria em nome da independência e autonomia do partido. Segundo o ex-governador, a candidatura própria de um peemedebista fortaleceria a legenda. Para Pedreira, o partido deve ser observado como capaz de compor e não apenas um coadjuvante.

Nos últimos dias, o PMDB e o PT alinhavaram acordos políticos em favor de uma chapa unindo os dois partidos. A pré- candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, participa convenção do PMDB nesta tarde. Antes, Dilma esteve em São Paulo, onde discursou na convenção nacional do PDT que oficializou o apoio à candidatura dela.