Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

A volta da falácia do Brasil "credor" e "independente"

Sexta, 10 de dezembro de 2010
Deu em "Auditoria Cidadã da Dívida"
Ao mesmo tempo em que anuncia cortes de gastos sociais, e alega a impossibilidade de aumentar o salário mínimo, as aposentadorias e os salários dos servidores públicos, o governo acena com a ajuda financeira a Portugal, para que este país tente refinanciar sua questionável dívida.

Conforme já comentado na edição de 1/12/2010 desta seção, e confirmado na edição de hoje do jornal Estado de São Paulo, “o Brasil poderá socorrer Portugal com a compra de títulos da dívida pública portuguesa”. Ou seja: o povo brasileiro, além de pagar o custo da questionável dívida brasileira -  sofrendo com a carência de serviços públicos básicos, como saúde, educação, reforma agrária, etc - agora poderá pagar também o custo da questionável dívida de Portugal, contribuindo para salvar bancos, que agora especulam contra o próprio país, cobrando altos juros para refinanciar a dívida portuguesa.

As dívidas dos países europeus também se multiplicam devido à opção de reduzir drasticamente os impostos sobre os mais ricos: de 1995 a 2010, a alíquota máxima sobre a renda das empresas portuguesas caiu de 40% para 26,5%, conforme mostra Relatório da Comissão Européia (pág 31).

No Brasil, ao mesmo tempo em que qualquer aumento de gasto social ameaça a meta do “superávit primário”, os investimentos  em títulos de dívida pública de outros países não influenciam tal meta, razão pela qual podem ser feitos sem limite.

Caso se confirme esta compra de títulos portugueses pelo Brasil, muito provavelmente isso será fortemente explorado pelo governo como mais uma suposta prova da “independência” do Brasil, que agora estaria salvando da crise a sua antiga Metrópole, e se tornando credor dela.

Porém, os recursos que o Brasil tem destinado para comprar títulos de outros países (como os EUA) têm sido obtidos às custas de aumento da dívida interna, que paga os maiores juros do mundo, às custas do povo. 
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