Sexta, 1 de março de 2011
Do site "Auditoria Cidadã da Dívida"
O Jornal Estado de São Paulo mostra que o Banco Central (BC)
reconheceu grandes problemas denunciados na CPI da Dívida. Um deles é o
fato de o BC consultar membros do mercado financeiro para estimar
variáveis como inflação e juros. Segundo o jornal:
“Os críticos da pesquisa apontam que ela funciona como mecanismo
de pressão do mercado financeiro sobre a condução da política de juros.”
O jornal mostra quais serão as mudanças: “O BC também vai dividir
a amostra em três grandes grupos, o que garantirá uma "fotografia" mais
clara dos cenários traçados pelos diversos grupos econômicos e
facilitará a identificação de onde saem movimentos significativos de
alterações nas previsões. Para cada um dos grupos - bancos, gestoras de
recursos e demais (como corretoras, consultores e setor produtivo) -, o
BC vai apresentar os dados separados da pesquisa.
Diferenças. O BC identificou que a visão dos agentes econômicos
sobre as expectativas de inflação é heterogênea, o que, em teoria, leva a
cenários distintos, ligados aos incentivos que cada um tem - por
exemplo, maior ou menor lucratividade com juros altos. Essa alteração já
foi introduzida no relatório de inflação trimestral, divulgado ontem, e
será colocada também nas atas das reuniões do Comitê de Política
Monetária (Copom).”
Ou seja: verifica-se que o Banco Central reconheceu como válidas as
críticas feitas há muito tempo pela Auditoria Cidadã da Dívida, sobre o
BC consultar rentistas para definir variáveis que são utilizadas pelo
COPOM (Comitê de Política Monetária do BC) na definição dos juros, o que
beneficia os próprios rentistas.
Outro grave problema denunciado pela Auditoria Cidadã da Dívida
também foi reconhecido pelo Banco Central: a utilização de juros altos
para combater uma inflação causada pela chamada “indexação” (como os
preços administrados pelo próprio governo) e pela alta internacional do
preço dos alimentos.
O Jornal O Globo de hoje mostra que o BC admite que estes preços não
podem ser combatidos por meio de juros altos, e por isso já admite
deixar a inflação superar a meta de 4,5% neste ano.
Embora estas mudanças no BC não signifiquem uma alteração
significativa na política de juros (que continuarão sendo os maiores do
mundo por um bom tempo), elas provam que as críticas feitas à condução
desta política estavam corretas.