Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Banco Central reconhece problemas denunciados na CPI da Dívida e promove mudanças

Sexta, 1 de março de 2011
Do site "Auditoria Cidadã da Dívida"

O Jornal Estado de São Paulo mostra que o Banco Central (BC) reconheceu grandes problemas denunciados na CPI da Dívida. Um deles é o fato de o BC consultar membros do mercado financeiro para estimar variáveis como inflação e juros. Segundo o jornal:
Os críticos da pesquisa apontam que ela funciona como mecanismo de pressão do mercado financeiro sobre a condução da política de juros.”

O jornal mostra quais serão as mudanças: “O BC também vai dividir a amostra em três grandes grupos, o que garantirá uma "fotografia" mais clara dos cenários traçados pelos diversos grupos econômicos e facilitará a identificação de onde saem movimentos significativos de alterações nas previsões. Para cada um dos grupos - bancos, gestoras de recursos e demais (como corretoras, consultores e setor produtivo) -, o BC vai apresentar os dados separados da pesquisa.

Diferenças. O BC identificou que a visão dos agentes econômicos sobre as expectativas de inflação é heterogênea, o que, em teoria, leva a cenários distintos, ligados aos incentivos que cada um tem - por exemplo, maior ou menor lucratividade com juros altos. Essa alteração já foi introduzida no relatório de inflação trimestral, divulgado ontem, e será colocada também nas atas das reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom).

Ou seja: verifica-se que o Banco Central reconheceu como válidas as críticas feitas há muito tempo pela Auditoria Cidadã da Dívida, sobre o BC consultar rentistas para definir variáveis que são utilizadas pelo COPOM (Comitê de Política Monetária do BC) na definição dos juros, o que beneficia os próprios rentistas.
Outro grave problema denunciado pela Auditoria Cidadã da Dívida também foi reconhecido pelo Banco Central: a utilização de juros altos para combater uma inflação causada pela chamada “indexação” (como os preços administrados pelo próprio governo) e pela alta internacional do preço dos alimentos.

O Jornal O Globo de hoje mostra que o BC admite que estes preços não podem ser combatidos por meio de juros altos, e por isso já admite deixar a inflação superar a meta de 4,5% neste ano.

Embora estas mudanças no BC não signifiquem uma alteração significativa na política de juros (que continuarão sendo os maiores do mundo por um bom tempo), elas provam que as críticas feitas à condução desta política estavam corretas.