Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

quarta-feira, 13 de abril de 2011

O novo partido


Quarta, 13 de abril de 2011
 Por Ivan de Carvalho
Um evento importante atinge e altera, hoje, o quadro partidário brasileiro. Ao meio dia, no Congresso Nacional, pelo menos 101 signatários – número mínimo exigido em lei – firmarão o manifesto de fundação do Partido Social Democrático, o novo PSD.

            Os pelo menos 101 signatários – que deverão estar distribuídos proporcionalmente ao eleitorado de pelo menos nove Unidades da Federação, de acordo com a lei – serão os co-fundadores do PSD, cuja fundação é até agora o único caminho coletivo encontrado para os políticos com mandato que não estejam satisfeitos nos partidos pelos quais se elegeram.

            O novo partido é, assim, numa primeira leitura, um drible na rigidez exagerada da fidelidade partidária imposta em lei e interpretada draconianamente pelo Tribunal Superior Eleitoral, com reiteração do Supremo Tribunal Federal.

Pretendeu-se dar um merecido chega-prá-lá no reincidente descompromisso dos mandatários com as legendas pelas quais foram eleitos e acabaram, o legislador e o Judiciário, exagerando na dose e estabelecendo uma verdadeira ditadura partidária sobre os representantes, na verdade, não dos partidos, mas do povo, do qual, conforme a Constituição “todo o poder emana” e “em seu nome será exercido”.

           Bem, mas voltando ao PSD, cumpre registrar que a iniciativa de fundá-lo nasceu em São Paulo, basicamente do prefeito da capital, Gilberto Kassab e do vice-governador Afif Domingos. O PSD, no nascimento, reúne algumas figuras políticas relevantes. Kassab, prefeito de São Paulo e aspirante ao governo do Estado. Afif Domingos, vice-governador de São Paulo e ex-candidato a presidente da República, aspirante, a depender da conjuntura, a candidato do PSD à sucessão de Kassab na prefeitura. Isso vai depender muito de como terminar o mandato de prefeito de Kassab.
  
          Kassab e Afif saem do DEM para o PSD, assim como o faz no Tocantins a senadora Kátia Abreu, figura de destaque na bancada ruralista. Mas no Rio Grande do Norte, onde o senador Agripino Maia é o presidente nacional do DEM, o vice-governador sai deste partido para o PSD. E isso pode até ser o início de uma ligação da governadora Rosalba Ciarlini, do DEM, com o partido que está nascendo.

            O mínimo de Unidades federadas participantes para a fundação de um partido é de nove, por exigência legal. O PSD vai começar com 13. Um número visto sob suspeita por muitos supersticiosos (mais nos EUA do que no Brasil), mas que ao PT parece haver dado muita sorte.

            Das 13 seções estaduais com as quais o PSD pretende dar partida, duas se destacam, de saída, como as mais expressivas. Uma, claro, a paulista. A segunda, a da Bahia.

            Aqui, sob a liderança do vice-governador Otto Alencar, o PSD tem, a partir de hoje, oito deputados estaduais e seis federais. Os estaduais e os partidos dos quais estão saindo: Gildásio Penedo e Rogério Andrade, do DEM; Temóteo Brito, Ivana Bastos e Alan Sanches, do PMDB; Ângelo Coronel, do PP; Adolfo Menezes, do PRP; e Maria Luiza Laudano, do PT do B. Os federais: Paulo Magalhães e Fernando Torres, do DEM; José Carlos Araújo, do PDT; Jânio Natal, do PRP; e Edson Pimenta, do PC do B (!?!?!!!).

            Nacionalmente, tem sido divulgado que o PSD vai ter 40 deputados federais. Bem, isso é uma esperança para o futuro. Para agora, a previsão é de 25 a 30 deputados federais.
- - - - - - - - - - - - - - - - -
Este artigo foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia desta quarta.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.