Sábado, 10 de março de 2012
Discurso do distrital Chico Leite (PT) proferido em plenário, na sessão ordinária de 8 de março de 2012 |
"Nós fiscalizávamos, naquela ocasião, quando oposição, e continuamos fiscalizando o governo que apoiamos, liderado pelo Governador Agnelo Queiroz. Nos dois governos em que fui oposição nesta Casa, lutei firmemente contra toda e qualquer terceirização. (...) Àquela ocasião, eu era contra a terceirização e as privatizações. Fui o autor da primeira lei nacional dos concursos públicos. Sempre defendi concursados. Então, naquela ocasião (...) nós lá estávamos e sempre tivemos o mesmo posicionamento. (...) O que nós não podemos admitir é que em um governo se defenda a terceirização e no outro se conteste a terceirização. É isso que não podemos admitir. Porque no Direito nós dizemos que a toda fundamentação corresponde uma conclusão. Essa conclusão só pode mudar se a fundamentação também mudou, porque, se a fundamentação não mudou, é porque a conclusão é meramente circunstancialista, casuística. Lembrem-se do Instituto Candango de Solidariedade, por exemplo, lembrem-se das organizações sociais, das tentativas de privatização da saúde com as organizações sociais. Dos concursos públicos. Dos concursos públicos que os colegas que estão aqui na galeria fizeram em outras gestões, em outros governos. E quantas vezes eu fui àquele microfone para assim defender? Pois hoje, (...) eu também afirmo, como afirmava outrora, eu não afirmo só hoje não, eu também afirmava nos últimos oito anos, está em notas taquigráficas, que esses setores estratégicos têm de ter efetivamente concursados. Não podem ser entregues à iniciativa privada. (...) Nesses setores, quando se terceiriza, na verdade se faz a saúde virar objeto de lucro. E a saúde não pode ser objeto de lucro. Nesses setores, na saúde e na educação, e eu dizia isso quando entrei na Casa em 2003, dizia isso em 2007, e digo isso hoje, mesmo nas atividades mais modestas e não finalísticas, é necessário entender que não se pode terceirizar nem privatizar. Eu me lembro de que, quando se privatizaram as atividades das merendeiras, eu fui contra, aqui neste plenário. Há gente que, àquela ocasião, defendia a terceirização, a extinção das merendeiras como cargo público. E eu fui àquele microfone contestar. Da mesma forma contesto hoje, no governo que apoio. A coerência é um patrimônio. E a forma de se acreditar na política é a coerência. Essa é a posição deste modesto parlamentar, defensor de que o Estado tenha setores estratégicos e seja contrário à terceirização, à privatização e à formatação da educação e da saúde como objeto de lucro." = = = = = = = = = = = = = = = = = = = =
Comentário do Gama Livre: Chico Leite é, certamente, um dos mais coerentes políticos brasileiros, fiel ao que sempre defendeu. Diferente do governador Agnelo Queiroz, que mudou conceitos, certamente também a ideologia, deixou de lado a coerência e adotou as mesmas posições de governantes conservadores, privatizando (através da terceirização e da fajuta parceria público-privada) serviços de saúde e outros igualmente estratégicos.
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