Quarta, 19 de setembro de 2012
Fernando César Oliveira, repórter da Agência Brasil
Curitiba – Os trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos (ECT) aprovaram na noite de hoje (18) a deflagração de uma
greve por tempo indeterminado em pelo menos 18 estados e no Distrito
Federal.
Conforme balanço parcial das assembleias repassado à Agência Brasil pelo
comando nacional da categoria, aprovaram a paralisação a partir de
amanhã (19) os trabalhadores dos Correios das seguintes unidades da
Federação: Alagoas, Amazonas, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Mato
Grosso, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande
do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e
Tocantins. Em Minas Gerais e no Pará, a categoria já havia iniciado a
greve na semana passada.
Dos 35 sindicatos da categoria, dez ainda farão assembleias entre
amanhã e o próximo dia 25. "A direção da empresa achou que a greve
nacional não sairia, mas se enganou. Os trabalhadores estão muito
insatisfeitos", disse Sebastião Cruz, integrante do comando nacional da
categoria, em entrevista à Agência Brasil. "Mesmo com
os 21 dias de reposição e sete dias descontados em folha em 2011, os
trabalhadores não têm hoje outra alternativa senão a greve."
A ação de dissídio coletivo, protocolada pela empresa no Tribunal
Superior do Trabalho (TST), terá uma primeira audiência de conciliação
às 10h30 desta quarta-feira (19). Na sexta-feira (14), o TST negou o pedido de liminar formulado pelos Correios contra a greve, até então localizada no estados do Pará e de Minas Gerais.
"Após a postura da empresa [de acionar o TST], a decisão pela greve
tomou corpo no Brasil inteiro", disse o secretário-geral do Sindicato
dos Trabalhadores nos Correios do Paraná (Sintcom-PR), Luiz Antonio de
Souza. "Os Correios não demonstram o mínimo interesse em negociar com
seus funcionários e tentam deixar a decisão da renovação do acordo para a
Justiça."
A empresa sustenta que o índice de reajuste de 5,2% oferecido aos
trabalhadores garante o poder de compra e repõe a inflação do período.
"Uma paralisação traz prejuízos financeiros e de imagem para a empresa,
para a sociedade e para o próprio trabalhador", declarou a ECT horas
antes das assembleias, em seu blog institucional.
O comando de negociação da Federação Nacional dos Trabalhadores em
Empresas de Correios, Telégrafos e Similares (Fentect) reivindica 43,7%
de reajuste, R$ 200 de aumento linear e piso salarial de R$ 2,5 mil.
Quatro sindicatos dissidentes (São Paulo, Rio de Janeiro, Tocantins e
Bauru), que se desfiliaram da federação, reivindicam 5,2% de reposição,
5% de aumento real e reajuste linear de R$ 100. O salário-base inicial
de carteiros, atendentes comerciais e operadores de triagem e transbordo
é R$ 942.
Os Correios garantem ter um plano de contingência para manter a
prestação de serviços à população. Fazem parte do plano medidas como a
realocação de empregados das áreas administrativas, a contratação de
trabalhadores temporários e realização de horas extras e mutirões para
triagem e entrega de cartas e encomendas nos finais de semana.
"Somente os itens econômicos da pauta de reivindicações dos sindicatos,
se atendidos, gerariam acréscimo de até R$ 25 bilhões na folha de
pagamento da ECT, que tem previsão de receita de R$ 15 bilhões para
2012", diz trecho de nota divulgada pela assessoria de imprensa dos
Correios.
Maior empresa empregadora no regime da Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT), os Correios têm mais de 115 mil funcionários. Os
trabalhadores da empresa entregam, por dia, cerca de 33,9 milhões de
objetos simples, 830,6 mil cartas registradas e 835,2 mil encomendas.