Quinta, 19 de setembro de 2012
Por
Ivan de Carvalho

No
caso de a candidatura a presidente da República se revelar política ou
eleitoralmente inviável, Eduardo Campos teria planos para ser o candidatos a
vice-presidente na chapa encabeçada pelo PT, o que afastaria da posição o
peemedebista Michel Temer e deixaria seu partido em situação vexatória – pois
desconfortável já está faz tempo.
Não
sendo aconselhável pelas circunstâncias e a conjuntura, no entanto, ser
candidato a presidente pelo PSB nem possível substituir um peemedebista na
chapa liderada pelo PT, Eduardo Campos teria ainda uma terceira vertente a
explorar. Seu relacionamento com o senador e ex-governador mineiro Aécio Neves,
nome posto do PSDB para candidato a presidente da República, é excelente.
Bem,
se Aécio vir boas condições para disputar o pleito ficaria extremamente feliz
em ter em sua chapa, como candidato a vice, o presidente do PSB, Eduardo
Campos. Caso, em hipótese extrema, Aécio perceba que não é a sua vez, até
poderia, com o aval de seu partido, aceitar ser vice em chapa encabeçada pelo
socialista Eduardo Campos.
Note-se
que, paralelamente a essa dança das perspectivas do PSB e de Eduardo Campos
(bom lembrar que o PSB tem também Ciro Gomes e seu irmão, Cid Gomes, atual
governador do Ceará), ocorre em São Paulo outro fenômeno político-eleitoral – o
ocaso da liderança política, popular e eleitoral do ex quase tudo José Serra.
Ele, que já deputado e senador, ministro do Planejamento e da Saúde (um bom
ministro), duas vezes candidato a presidente da República, prefeito de capital
paulista e governador de São Paulo, liderava inicialmente a atual corrida para
a prefeitura paulistana.
Mas
agora Serra está engalfinhado com o candidato petista Fernando Haddad para ver
qual dos dois consegue classificar-se para disputar, no segundo turno, o cargo
de prefeito com o candidato do PRB, Celso Russomano. Caso Serra não consiga ir
ao segundo turno ou vá e se saia muito mal nele, sua liderança no PSDB fenecerá
e Aécio Neves passará a jogar praticamente sozinho no campo dos tucanos. Esta
circunstância tenderia – quase diria tenderá – a facilitar bastante uma
eventual aliança entre o PSDB e o PSB, caso este partido não encontre vantagem
numa aliança eleitoral com o PT em 2014.
Contra-ataque – A propaganda da coligação representada pela
candidatura de ACM Neto a prefeito empreende ultimamente o contra-ataque à tese
fundamental da campanha do petista Pelegrino – a importância, para a cidade, em
termos de recursos financeiros, do alinhamento entre o prefeito, o governador e
o presidente da República. A campanha do oposicionista ACM Neto passou a sustentar
que a tese do alinhamento não tem validade. A prova disso é que o governador
Wagner é alinhado com a Presidência da República (primeiro, Lula, depois,
Dilma) e o governo dele não consegue fazer acontecer.
Com
isso, a propaganda da oposição na TV e no rádio contesta a tese do
“alinhamento” e, de quebra, ataca o governo Wagner, que está atualmente
desgastado, “para que, à custa de propaganda, não se recupere do desgaste
popular”, segundo comentou ontem o líder da oposição na Assembleia Legislativa.
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Este artigo foi publicado
originalmente na Tribuna da Bahia desta quinta.
Ivan de Carvalho é jornalista
baiano.