Quarta, 12 de setembro de 2012
Por
Ivan de Carvalho

É tanto maior a
aposta quanto maior o risco de o PT perder em algumas outras capitais estaduais
que prioriza – Recife, Belo Horizonte, Salvador e mesmo Fortaleza.
Em
Fortaleza, o primeiro problema. A prefeitura está nas mãos de Luizianne Lins, do
PT, mas este partido está muito mal na disputa da sucessão dela (é muito ruim
ou o PT considera muito ruim perder o que já havia conquistado). Dez candidatos
aspiram ao cargo de prefeito de Fortaleza. Pesquisa do Ibope divulgada em 13 de
agosto atribuiu a Elmano de Freitas, o candidato petista, esquálidos seis por
cento.
Para complicar:
o líder na pesquisa é o democrata Moroni Torgan, com 31 por cento, firme no
mesmo patamar que obteve em pesquisa anterior do mesmo instituto em 30 de
julho, quando conseguiu 32 por cento. A diferença de um ponto percentual é
irrelevante. Em segundo lugar, na pesquisa de 13 de agosto, está Inácio Arruda,
do PC do B, com 13 por cento, seguido por Heitor Ferrer, do PDT, com 12 por
cento. Em tempo: a pesquisa ainda não registra os efeitos da propaganda
eleitoral gratuita no rádio e televisão.
Em Recife, o
comando nacional do PT conduzido por Lula escanteou o popular prefeito petista
João Costa, que queria disputar a reeleição e impôs o ex-ministro da Saúde
Humberto Costa, que entrou como favorito. Mas o governador Eduardo Campos, do
PSB, não gostou e também viu a oportunidade de controlar a prefeitura de seu
estado – escolheu no secretariado estadual um candidato, Geraldo Júlio, pouco
conhecido, que rapidamente, graças ao apoio de Eduardo Campos, assumiu a
liderança, já agora com notável vantagem, ganhando ainda o apoio do PMDB do
senador Jarbas Vasconcelos. A coisa ficou preta para o PT e uma tentativa de
salvamento com a participação e presença de Lula está sendo preparada às
pressas.
Em Belo
Horizonte, o PT se desentendeu com o prefeito Márcio Lacerda, do PSB. Os
petistas então lançaram Patrus Ananias (que já foi prefeito), com articulações
feitas por Lula e a presidente Dilma Rousseff (que levaram o PSD e o PMDB a
apoiarem o petista). Mas é o prefeito socialista Márcio Lacerda que está na
liderança, com o decidido apoio do tucano Aécio Neves e o PT precisa fazer um
quase milagre para virar o jogo.
Finalmente,
Salvador. A terceira maior cidade do país, em um estado governado pelo PT e no
qual este partido e seu governo atravessam uma fase de forte desgaste popular.
Um candidato do Democratas, ainda mais, líder do partido na Câmara dos
Deputados, ACM Neto, é o adversário principal em Salvador. E está com ampla
vantagem em todas as pesquisas eleitorais. Então lá vem Lula e pode vir Dilma.
Hoje, há especulações de que ACM Neto poderá ganhar no primeiro turno, mas não
há garantia. No entanto, se não vencer no primeiro continuará com grande chance
de vencer no segundo turno.
Com esse
panorama desagradável em algumas capitais fundamentais para o PT, o partido investe
pesado em São Paulo. Uma vitória do petista Fernando Haddad, candidato
“inventado” por Lula, poderia ser usada como uma espécie de compensação por
possíveis derrotas nas outras capitais citadas. E, vejam só, a candidatura do
suposto principal adversário do PT em São Paulo, o tucano José Serra, desmorona.
Mas apareceu um tal de Celso Russomano, do PRB, com um mínimo de tempo de
propaganda no rádio e televisão – assumiu a liderança das pesquisas e tem
ampliado sua vantagem.
Haja sufoco para
o PT. Ainda mais com o processo do Mensalão (perdão, a Ação Penal 470) rolando.
- - - - - - - - - - - - - - - - - -
Este artigo foi publicado
originalmente na Tribuna da Bahia desta quarta.
Ivan de Carvalho é jornalista
baiano.