Sexta, 14 de setembro de 2012
Fernando César Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Curitiba – A vice-presidenta do Tribunal Superior do Trabalho (TST),
ministra Maria Cristina Peduzzi, negou hoje (14) pedido de liminar
formulado ontem (13), pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos
(ECT), contra a greve iniciada na última terça-feira (11), pelos
trabalhadores de Minas Gerais e do Pará.
Os Correios queriam a suspensão imediata da greve nos dois estados ou a
determinação de que ao menos 80% dos trabalhadores continuassem em seus
postos em cada unidade operacional. De acordo com a ministra, seria
"prematuro" apreciar a liminar, "uma vez que não foi demonstrado pelo
suscitante [Correios] o estado geral de greve".
O pedido rejeitado faz parte da ação de dissídio coletivo protocolada
contra a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios,
Telégrafos e Similares (Fentect). Na petição, os Correios pedem ainda
que o tribunal, ao julgar o mérito do processo, declare abusiva a greve
da categoria e autorize o desconto dos dias parados.
"Circula nos meios de comunicação a informação de que, até o presente
momento, grande parte da categoria optou por ainda não deflagrar greve",
diz outro trecho do despacho assinado pela vice-presidenta do TST.
Maria Cristina Peduzzi também questiona a falta de informações concretas
sobre eventuais prejuízos graves às atividades da empresa e pede que os
Correios e trabalhadores "não poupem esforços na busca da
autocomposição do conflito, atuando com urbanidade e respeito, mediante
concessões recíprocas".
A ação de dissídio coletivo terá uma primeira audiência de conciliação
na próxima quarta-feira (19), às 10h30, na sede do TST, em Brasília.
"Essa rejeição da liminar pedida pelos Correios só demonstra a
precipitação da empresa ao acionar o TST", disse James Magalhães de
Azevedo, secretário de Imprensa da Fentect, em entrevista à Agência
Brasil. "Enviamos hoje um ofício aos Correios pedindo uma reunião de
negociação na tarde de segunda-feira. Se não houver uma nova proposta da
empresa, a orientação do nosso comando é pelo início de uma greve
nacional a partir da próxima quarta-feira [19]."
Pelo menos 25 dos 35 sindicatos da categoria farão assembleias na noite
de terça-feira (18) e podem decretar greve por tempo indeterminado a
partir da madrugada do dia seguinte. "Este comando reafirma a
necessidade de intensificarmos a mobilização, lotar as assembleias que
virão e, se a ECT seguir sem proposta, que atenda às nossas
necessidades. Se recusando a negociar diretamente com os trabalhadores,
realizarmos uma greve histórica para demonstrar aos juízes nossa
indignação diante da posição da empresa", diz trecho de informe enviado
nesta sexta, pelo comando nacional da categoria, aos sindicatos de todo o
país.
Segundo o secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores nos Correios
do Paraná (Sintcom-PR), Luiz Antonio de Souza, o pedido de dissídio
coletivo não impedirá a deflagração de uma paralisação nacional da
categoria. "Conversamos com a nossa assessoria jurídica e nada nos
impedirá de entrar em greve a partir da 0h de quarta-feira [19]", disse.
Procurada pela Agência Brasil, a ECT argumentou, por
meio de sua assessoria de imprensa, que ingressou com o dissídio para
solucionar o “impasse” na negociação salarial. “Os Correios, que vêm
tentando negociar com a Fentect desde o início de julho, sempre
estiveram abertos ao diálogo e acreditam na possibilidade de um acordo
na audiência de conciliação no Tribunal Superior do Trabalho”, diz a
empresa, em nota.
O comando de negociação da Fentect reivindica 43,7% de reajuste, R$ 200
de aumento linear e piso salarial de R$ 2,5 mil. Quatro sindicatos
dissidentes (São Paulo, Rio de Janeiro, Tocantins e Bauru), que se
desfiliaram da federação, reivindicam 5,2% de reposição, 5% de aumento
real e reajuste linear de R$ 100. O salário-base inicial de carteiros,
atendentes comerciais e operadores de triagem e transbordo é R$ 942. A
direção dos Correios ofereceu 5,2% de reajuste, que seria aplicado aos
salários e a benefícios como o vale-alimentação.
Em caso de eventual paralisação, os Correios garantem ter um plano de
contingência para manter a prestação de serviços à população. Fazem
parte deste plano medidas como a realocação de empregados das áreas
administrativas, a contratação de trabalhadores temporários e realização
de horas extras e mutirões para triagem e entrega de cartas e
encomendas nos finais de semana. Os trabalhadores dos Correios entregam,
por dia, cerca de 33,9 milhões de objetos simples, 830,6 mil cartas
registradas e 835,2 mil encomendas.
