Domingo, 30 de março de 2014
Acílio Lara Resende
Em qualquer lugar do mundo, quem sempre paga a conta da incompetência, da safadeza, dos desatinos ou dos simples desacertos dos nossos “ilustres representantes” – sejam eles ditadores ou eleitos pelo voto popular – é o povo. O presidente Jacob Zuma, por exemplo, eleito pelo voto direto, é acusado, em relatório de 444 páginas do órgão de combate à corrupção na África do Sul, de se beneficiar indevidamente de uma reforma em sua residência no valor de US$ 23 milhões. A relação dos gastos incluiu, além de uma piscina que foi construída para funcionar como moderno equipamento anti-incêndio, sub-itens indispensáveis, como um curral, um galinheiro e um anfiteatro.
Em qualquer lugar do mundo, quem sempre paga a conta da incompetência, da safadeza, dos desatinos ou dos simples desacertos dos nossos “ilustres representantes” – sejam eles ditadores ou eleitos pelo voto popular – é o povo. O presidente Jacob Zuma, por exemplo, eleito pelo voto direto, é acusado, em relatório de 444 páginas do órgão de combate à corrupção na África do Sul, de se beneficiar indevidamente de uma reforma em sua residência no valor de US$ 23 milhões. A relação dos gastos incluiu, além de uma piscina que foi construída para funcionar como moderno equipamento anti-incêndio, sub-itens indispensáveis, como um curral, um galinheiro e um anfiteatro.
O governo da África do Sul, um país de 52 milhões de habitantes, mas com 40% deles vivendo abaixo da linha de pobreza, está preocupado com as “alegações de inconveniência sobre a reforma”. Essa foi a expressão usada na nota oficial explicativa distribuída pelo governo. Mas Zuma é o favorito nas eleições de 7 de maio próximo.
QUESITO CORRUPÇÃO
O nosso país, por sua vez, imbatível no quesito corrupção, consegue
ser ainda pior. O Conselho de Administração da Petrobras, em 2006, então
presidido pela presidente Dilma Rousseff, também eleita pelo voto
direto, autorizou a compra, pela bagatela de US$ 360 milhões, de 50% da
refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), de propriedade da empresa belga
Astra Oil, embora soubesse que os 100% tinham sido adquiridos pela mesma
empresa, alguns meses antes, pela importância de US$ 42,5 milhões. E
isso só aconteceu, leitor, porque o Brasil, um país de 200 milhões de
habitantes, está com todos os seus problemas – referentes à saúde, à
educação ou quaisquer outros – resolvidos pelo governo…
O contrato desse negócio da China ainda continha duas belas
cláusulas: uma garantia de rentabilidade mínima à Astra Oil; e a outra
que obrigava a Petrobras a ficar com os restantes 50% da refinaria caso
houvesse atrito entre as partes, coisa que, obviamente, ocorreu. O
Conselho tentou descumprir essa segunda cláusula, mas a Astra Oil
ingressou na Justiça do Texas. A condenação levou a Petrobras a pagar,
pela outra metade da refinaria de Pasadena, a quantia de US$ 820
milhões. O total pago foi de quase US$ 1,2 bilhão!
Mas Dilma Rousseff é a favorita, segundo as últimas pesquisas, nas
eleições de 5 de outubro próximo. Para alguns “analistas”, sua reeleição
são favas contadas. Tão contada que, contrariando o teor da nota
redigida pela Petrobras, com o objetivo de dar alguma satisfação aos
seus acionistas, afinal abortada por ela, a presidente declarou, em nota
provavelmente do seu próprio punho, que a autorização para a compra da
refinaria se deu com base em um resumo de informações técnico e
juridicamente falho. Se soubesse disso, acrescentou, não teria aprovado o
negócio. Donde se conclui que a responsabilidade pela aquisição cabe,
unicamente, ao ex-presidente da Petrobras Sérgio Gabrielle e aos
ex-diretores Nestor Cerveró e Paulo Roberto da Costa, sendo este, por
coincidência, acusado e preso, há dias, por lavagem de dinheiro.
As linhas acima estavam escritas desde a semana passada. Anteontem,
ao relê-las, lembrei-me da entrevista da grande poeta Adélia Prado ao
programa “Roda Viva”, na última segunda-feira. Uma entrevista que
deveria ser obrigatoriamente ouvida, e com urgência, por todos os
brasileiros, mas, sobretudo, pela presidente Dilma.
Ou será que a presidente jamais a entenderia? Ora, leitor, depois do que fez, tudo é possível… (transcrito de O Tempo)
Fonte: Tribuna da Internet