Segunda, 1º de dezembro de 2014
Da Tribuna da Imprensa
Igor Mendes
Dissemos
repetidamente, durante as eleições, que Dilma e Aécio representavam o mesmo
projeto econômico e político para o país. Passadas as eleições afirmamos que,
apesar do blá-blá-blá sobre reforma política, Dilma governaria com e para a
direita –pois foi a direita que ela chamou para o diálogo em seu discurso de
posse, e não os ditos “movimentos sociais”.
Há
uma máxima na política –a política burguesa, claro, que só se baseia no
princípio pragmático de que o que importa é se manter por cima –que governo é
igual violino: se pega com a esquerda e se toca com a direita. Expressão
perfeita, em se tratando do PT.
A
bancada ruralista nunca saiu do Ministério da Agricultura; mas o fato da sua
expoente, a boquirrota anti-camponeses Kátia Abreu ter sido nomeada para a
pasta, é altamente sintomático. Guido Mantega, que serviu para, durante as
eleições, ensaiar uma qualquer divergência de princípios com Armínio Fraga,
cede lugar a Joaquim Levy, que reza dogmaticamente, e de público, pela cartilha
do consenso de Washington. E por aí vai.
Eis
que agora os “movimentos sociais” vendidos, amestrados, capazes de passar a
perna em milhões de trabalhadores em troca de carguinhos e benesses, se mostram
“surpresos”. Os mesmos que militaram fervorosamente pela eleição de Dilma, a
mesma “intelectualidade” que reeditou o “comigo ou contra mim” durante o
pleito, acusando de “direitistas” os que se recusavam a enxergar o que não
existia –diferenças de essência entre PT e PSDB –escrevem editoriais e dão
entrevistas “criticando” as escolhas de Dilma. Falam em “desilusão”,
“surpresa”, “estelionato eleitoral...”.
Quem
pensam que enganam? Doze anos de governo federal não lhes ensinou nada?
Mil
vezes caras de pau! Mil vezes traidores!
Tratam
o povo sofrido que não tem teto, ou terra, como simples moeda de troca
eleitoral. Buscam com essas declarações e editoriais não a defesa dos direitos
populares, mas pressionar lugarezinhos de segundo e terceiro escalão nos
próximos quatro anos, ademais de um ou outro edital, já que o primeiro escalão
e as estatais são para os “cachorros grandes” da politicalha imunda que rege
nossa República Velha. O PMDB pressiona não votando no Congresso; os
oportunistas da falsa esquerda com uma ou outra mobilização.
Mas
até no seu oportunismo são oportunistas. A direita tradicional, os
latifundiários, os banqueiros, os caciques do PMDB são tudo isso sem o PT, e
sabem morder mais forte também. A “esquerda” oficial, invertebrada, sem os seus
cargos no aparato estatal, tem muito mais a perder. Por isso, faça Dilma o que
fizer nos próximos quatro anos, uma coisa é certa: reeditarão o velho
plebiscito nas próximas eleições; suas ameaças são de brincadeirinha, e sabendo
disso Dilma simplesmente os despreza, e assim seguirá agindo.
Mas
se os movimentos sociais estatais, ou oficiais, são um matagal da onde não
sairá nenhum cachorro, não se pode dizer o mesmo dos setores que eles pretendem
representar. Independente do que digam ou façam os burocratas disfarçados de
operários, desempregados, camponeses ou favelados, os autênticos trabalhadores,
aqueles que vivem do suor do próprio rosto, esses lutarão cada vez mais. Não
tanto por uma consciência avançada, mas pela pressão objetiva da crise
econômica, e política, que se instala. Uma vez em marcha descobrirão quem está
realmente a seu lado e quem atua como quinta-coluna dos patrões e chupa-sangues
em seu meio. E mandarão –milhões já mandaram –as mentiras do PT às favas, e
junto delas todos os falsos “companheiros”, que vestem macacão de dia e bebem
whisky com a burguesia de noite.
Quem
viver verá.
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Comentário do Gama Livre: Análise perfeita! Verdades irrefutáveis!