Domingo, 21
de junho de 2015
Andreia
Verdélio - Repórter da Agência Brasil
O inverno começa oficialmente hoje (21) e a diminuição da
temperatura deve vir acompanhada de cuidados com a saúde, principalmente de
crianças, idosos e pessoas propensas a doenças respiratórias. Segundo o médico
alergista, José Carlos Perini, as mudanças bruscas de temperatura que ocorrem
ao longo do dia causam um estresse no corpo fragilizando a resistência
orgânica.
Presidente da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia,
Perini explica que muitos hábitos - como fechar os ambientes em casa, no
trabalho, no carro e até mesmo no transporte coletivo - acabam atrapalhando a
imunidade do organismo. “Esse enclausuramento por causa da temperatura é um
fator de risco e facilita a proliferação de vírus pelo ambiente. Quando fazemos
isso em casa também ajudamos os ácaros, fungos e mofo a proliferarem mais
rapidamente”, disse.
A dica do alergista é fazer circular o ar no ambiente,
deixando uma fresta da janela aberta no transporte e em casa durante o dia, e
evitar aglomerações. Ele aconselha ainda as pessoas, principalmente os
alérgicos, a lavarem as roupas que estão guardadas há certo tempo, antes de
usar, porque elas acumulam mofo.
O período frio também vem acompanhado da proliferação de
vírus respiratórios, que aumentam manifestações respiratórias, como a gripe, o
resfriado e a rinite alérgica, disse Perini, explicando que os pacientes com
asma devem ter mais atenção, já que a frio simula a contração do pulmão e pode
agravar o problema. “A pessoa que tem doença crônica deve ter o acompanhamento
de um médico. No Brasil, apenas 10% a 15% das pessoas que têm asma usam os
tratamentos adequados e é absurdo porque já há acesso gratuito a medicamentos”,
disse o alergista, destacando que entre 2,5 mil e 3 mil pessoas morrem de asma
no Brasil todos os anos.
O especialista alerta para a importância, como medida de
prevenção, da vacina contra a gripe oferecida pelo governo para grupos
específicos.
Além das baixas temperaturas, algumas regiões também são
marcadas pela queda da umidade no ar, um agravante para o organismo, disse
Perini, pois as pessoas ficam com dificuldade de respirar. Ele explica que,
além de nebulizadores, podem ser utilizadas toalhas molhadas esticadas pela
casa para aumentar a umidade do ar. “Bacia, balde ou copo com água são mitos,
porque a superfície é reduzida e a água não vai conseguir evaporar”, enfatizou.
O uso de aquecedores em casa também é aconselhado pelo
alergista, desde que em uma temperatura confortável, por volta de 21 graus
Celsius.
Além do sistema respiratório, a pele também é muito
prejudicada com o tempo seco. Ele lembra que banhos quentes removem a
hidratação natural da pele.
É importante também tomar muito líquido, comer frutas,
legumes e verduras. Segundo Perini, é importante estar atento para a
diversidade de cores no pratu o que ajuda a aumentar a diversidade de vitaminas
protetoras.
O inverno este ano deve ser um pouco mais quente em
praticamente todo o país, segundo a previsão do Instituto Nacional de
Meteorologia (Inmet), com até 1 grau Celsius de aumento. Será um período de
temperaturas amenas, mas com frio intenso na entrada de massas de origem polar
nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste e com menos frequência e menos intensos
no sul das Regiões Norte e Nordeste.
O Inmet prevê ainda chuvas acima do normal para o período no
leste de Mato Grosso e em áreas no norte de Goiás, norte do Pará e Amapá,
Rondônia e Rio Grande do Sul. Chuvas abaixo das normais serão verificadas no
leste de Goiás, norte e sul de Mato Grosso, oeste do Pará e região central do
Amazonas, litoral do Nordeste, Minas Gerais, São Paulo e oeste do Mato Grosso
do Sul e noroeste do Paraná. Nesta época do ano, os valores médios das chuvas
no Centro-Oeste são muito baixos, entre 10 milímetros (mm) e 30mm de
precipitações mensais, exceto no extremo sul de Mato Grosso do Sul que tem
médias históricas entre 60mm e 80mm nesses meses.
Segundo o Inmet, outro fenômeno meteorológico comum nessa
época do ano são as inversões térmicas que causam nevoeiros e neblinas nas
primeiras horas do dia, mas provocam queda da umidade relativa do ar, chegando
a registrar valores de até 30% e por vezes abaixo desse valor, na região
central do Brasil. O ar seco e o vento calmo favorecem a ausência da chuva, a
suspensão de poeira e fumaça e as queimadas.