Quarta, 22 de Julho de 2016
Da Pública — Agência de Reportagem e Jornalismo Investigativo
Por Jessica Mota
Moradores da zona oeste reassentados no Minha Casa, Minha Vida estão
recebendo cobranças indevidas do Banco do Brasil, o que gera insegurança
e medo; alguns estão com nome sujo no SPC
Quando foram removidos à força por causa da construção da
Transolímpica, os ex-moradores da rua Ipadu, da comunidade São Sebastião
e da Vila União de Curicica – comunidades da zona oeste do Rio –, não
tiveram muitas opções. As remoções começaram em 2014 e as mudanças para o
residencial ocorreram no começo de 2015. Alguns receberam a oferta de
uma indenização que não lhes possibilitaria comprar um imóvel na região,
mas a maioria aceitou sair da sua casa em troca de um apartamento num
dos condomínios construídos pelo programa Minha Casa, Minha Vida, do
governo federal, administrado pela prefeitura.
“Na hora de desapropriar, eles prometeram que iam pagar, mas nosso
problema foi que eles [os representantes da Prefeitura] não deram nada
por escrito”, conta Jorge Valdevino, representante do Condomínio Colônia
Juliano Moreira, para onde os moradores foram realocados. A Secretaria
de Habitação da Prefeitura do Rio informa que 96 famílias foram
reassentadas naquele residencial*.
O processo de remoção, com a notificação dos moradores, começou em 2013 para dar lugar à via Transolímpica,
considerada um dos legados dos Jogos Olímpicos no Brasil. Formada por
duas pistas de três faixas, sendo uma exclusiva para o BRT – Bus Rapid
Transport –, a via irá conectar os bairros Deodoro e Barra da Tijuca, na
zona oeste. Quem administra a via é o Consórcio Via Rio, composto pela
CCR, Odebrecht e Invepar. Em contrato com a Prefeitura, o consórcio
ficou responsável pelo cadastro das famílias a serem removidas, pela
demolição das casas e pela mudança dos moradores.