Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

A guerra declarada e escancarada contra a população que protestava ontem (13/12), em Brasília, na visão de um guerreiro que se recusa a parar de lutar

Quarta, 14 de dezembro de 2016

Quarta, 14 de dezembro de 2016
'Navegar é preciso, viver não é preciso' (Fernando Pessoa)

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Veja a seguir o relato de Jairo Mendonça, 45 anos, casado, pai de 05 filhos, professor, arteeducador, músico, poeta, sonhador utópico, pertencente à classe trabalhadora. Um guerreiro que não se entrega.


“Ontem, na manifestação, fui detido juntamente com um grupo de estudantes e militantes do MST.

Foi uma operação de guerra declarada e escancarada à população que protestava.

Sou filho do período de redemocratização, após os anos de chumbo.

Fiz curso de formação de fé e política no movimento das CEB's (Comunidades Eclesiais de Base) com um certo assessor de movimentos sociais chamado Frei Betto, em 1985, na região do bico do papagaio, extremo norte de Goiás, hoje, Tocantins.

Fui contemporâneo de Padre Josimo Morais Tavares, que se tornou mártir, na luta pela defesa da causa dos posseiros (sem terras) daquela região, dominada e controlada pelos coronéis latifundiários.

Fruto desse percurso histórico, me tornei militante dos movimentos sociais e de todas a causas justas dos humilhados e explorados pelo sistema vampiresco e desumano chamado capitalismo.
Não conhecia a repressão policial e nem o estado de exceção...

Ajudei a construir os 25 anos de democracia. Lutei pelo direito ao voto aos 16 anos, pra poder votar num operário, social democrata, candidato a presidência da república por sempre desconfiar dos gestores públicos ligados ao poder econômico.

Namorava meninas negras, mestiças, mulatas... achava bela aquela miscigenação!

Realizava místicas, em qualquer trabalho que fôssemos fazer, seja oração, estudo ou lazer.

Aprendi a dimensão da poesia, da subjetividade e de, especialmente, tocar o coração das pessoas.

Sou filho da uma geração alimentada pelo surgimento e fortalecimento dos movimentos sociais ligados a mãe terra, a grande casa comum:

CPT (Comissão Pastoral da Terra), MST (Movimento dos Sem Terra), CEB's (Comunidades Eclesiais de Base), etc. Geração alimentada pela utopia, pela esperança, pela abertura e a possibilidade de uma sociedade mais horizontal e menos injusta.

Não vivi a repressão de fato como experimentei no dia de ontem (13/12/16).

Jairo Mendonça.