Quinta, 15 de dezembro de 2016
Do Esquerda.Net
Um novo composto químico que
pode ser usado no tratamento do câncer foi descoberto por investigadores
da Universidade do Algarve.
15 de Dezembro, 2016
Para os investigadores esta descoberta é uma porta que se abre ao tratamento do cancro. Foto Biomedicina
Cientistas do Centro de
Investigação em Biomedicina da Universidade do Algarve (UAlg)
descobriram um novo composto químico que pode ser usado no tratamento
do cancro.
O coordenador do projeto, Wolfgang Link, disse à Lusa que o novo
composto - cuja função é ativar uma proteína que, nas células
cancerígenas, está deslocada do seu local de origem - pode representar o
primeiro passo para desenvolver um fármaco com vista ao tratamento de
certos tipos de cancro, constituindo-se como uma alternativa aos
tratamentos de quimioterapia clássica, que é mais tóxica podendo por
essa razão causar um maior número maior de efeitos secundários.
Gene supressor
"Nós prevemos que este tipo de tratamento é especialmente eficaz nos
cancros em que [a proteína] Foxo está fora da sua localização, como o
cancro da mama ou da próstata", afirmou Wolfgang Link, tendo
acrescentado que foram testados 500 diferentes compostos até se
conseguir encontrar um que tem a função de realocar a proteína no núcleo
das células.
Por seu turno, Bibiana Ferreira, que participou também neste projeto,
disse que o que esta investigação acrescenta de novo ao que já se sabia
"é exatamente a descoberta de um novo composto que atua como um gene
supressor de tumor", gene que, normalmente, numa célula cancerígena,
está "sequestrado" no citoplasma.
Bebiana Ferreira referiu que"esta droga atua especificamente neste
gene e faz com que ele passe para o núcleo, onde pode ter a sua função
normal", tendo adiantado que o passo seguinte é "caracterizar melhor
esta molécula a nível celular", para posteriormente o testar em
laboratório.
"O nosso objetivo é matar as células cancerígenas e livrarmo-nos
delas, mas sem danificar as células normais", sublinhou a investigadora,
tendo adiantado que o projeto precisa agora de obter financiamento para
poder avançar.
Os investigadores fazem notar que uma das vantagens da utilização
deste tratamento no cancro é que, apesar de também ser químico como a
quimioterapia, é mais específico e localizado, atuando apenas na
proteína em questão.
"A longo prazo, é uma porta que se abre ao tratamento", declarou
Link, que fez questão de revelar que o projeto envolveu investigadores
nacionais e internacionais, da Universidade do Algarve, em colaboração
com a de Milão, em Itália, e a Fundação Medina, em Granada, Espanha.
Esta descoberta foi divulgada num artigo científico na revista Plos One, havendo ainda a possibilidade de vir a ser a ser publicado, no início de 2017, na revista Nature.
Refira-se que o Centro de Investigação em Biomedicina da Universidade
do Algarve – que é composto por 42 membros doutorados com atividade
científica – tem como objetivos principais a formação avançada de
recursos humanos, investigação da etiologia da doença e a implementação
de estratégias de combate à doença nas áreas da prevenção, diagnóstico e
terapêutica.