Do Blogue Náufrago da Utopia
Por Celso Lungaretti
(seguem-se trechos da notícia Bolsonaro admitiu atos de indisciplina e deslealdade no Exército, de autoria do repórter Rubens Valente, publicada nesta 2ª feira, 15, pela Folha de S. Paulo)
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O fãzoca do torturador serial Brilhante Ustra... |
Documentos obtidos pela Folha
no Superior Tribunal Militar mostram que o deputado e presidenciável
Jair Bolsonaro (PSC-RJ) admitiu em 1987 ter cometido atos de
indisciplina e deslealdade para com os seus superiores no Exército.
O
então capitão foi acusado por cinco irregularidades e teve que
responder a um Conselho de Justificação, uma espécie de inquérito,
formado por três coronéis..
Ele foi considerado culpado pelos coronéis, mas absolvido depois em recurso acolhido pelos ministros do STM, por 8 votos a 4.
O processo tinha dois objetos: um artigo que ele escreveu em 1986 para a revista Veja
para pedir aumento salarial para a tropa, sem consulta aos seus
superiores, e a afirmação, meses depois, pela mesma publicação, de que
ele e outro oficial haviam elaborado um plano para explodir
bombas-relógio em unidades militares do Rio.
Os
documentos informam que, pela autoria do artigo, Bolsonaro foi preso
por 15 dias ao "ter ferido a ética, gerando clima de inquietação na
organização militar" e "por ter sido indiscreto na abordagem de assuntos
de caráter oficial, comprometendo a disciplina".
[Tudo
começou quando] O Exército detectou um movimento para desestabilizar a
cadeia de comando e determinou uma investigação, a mando do ministro e
general Leônidas Pires Gonçalves, alvo de Bolsonaro.
[Clique na imagem para ampliá-la]
...o terrorista que contava planos malucos para repórteres...
Em
interrogatório reservado de 1987, o então capitão assinou documento no
qual reconhece ter cometido uma "transgressão disciplinar" ao escrever
para Veja. "E que, à época, não levou em consideração que seria uma deslealdade mas que, agora, acha que sim."
O STM decidiu que pelo artigo ele já havia sido punido com a prisão.
Depois, a revista publicou que ele e outro capitão haviam elaborado um plano chamado Beco sem saída, que previa uma série de explosões. Como evidência, a revista divulgou esboços atribuídos a Bolsonaro.
Na
reportagem, ele dizia que haveria "só a explosão de algumas espoletas" e
explicava como fazer uma bomba-relógio. "Nosso Exército é uma vergonha
nacional, e o ministro está se saindo como um segundo Pinochet",
afirmava.
...e o grande defensor de posições abomináveis. |
Bolsonaro
negou a autoria de qualquer plano de bombas e citou que dois exames
grafotécnicos resultaram inconclusos. Perícia da Polícia Federal, porém,
foi inequívoca ao concluir que as anotações eram dele.
Os
coronéis decidiram, por unanimidade, pela condenação. "O Justificante
[Bolsonaro] mentiu durante todo o processo, quando negou a autoria dos
esboços publicados na revista 'Veja', como comprovam os laudos
periciais."
Segundo
documento assinado por três coronéis, Bolsonaro "revelou comportamento
aético e incompatível com o pundonor militar e o decoro da classe, ao
passar à imprensa informações sobre sua instituição".
Pela
lei, decisões do conselho deviam ser enviadas ao STM. No tribunal,
Bolsonaro negou em abril de 1988 o plano das bombas, mas reconheceu a
autoria do artigo: "Admito também a transgressão disciplinar [...], pela
qual, acertada e justamente, fui punido com quinze dias de prisão...".
Obs. Os interessados em mais informações sobre o plano do Bolsonaro de explodir os banheiros da Vila Militar poderão obtê-las clicando aqui.