Segunda, 8 de maio de 2017
Do site Ataque aos Cofres Públicos
Com informações do Jornal O Popular e Goiás Real
Em março, um levantamento muito importante foi divulgado a respeito
das Organizações Sociais (OSs) de Saúde que atuam em Goiás, estado
governado por Marconi Perillo (PSDB), um dos citados nas delações da
Lava Jato.
Conforme o estudo, publicado
pelo Jornal O Popular, os custos por paciente dos hospitais da rede
estadual goiana mostram discrepâncias na atuação das OSs, com variação
de R$ 2,4 mil a R$ 22,4 mil nos valores pagos por um mesmo serviço, o
que mostra falta de transparência e padronização. São indícios,
sobretudo, de que houve sobrepreço em insumos e materiais nos
equipamentos gerenciados de forma terceirizada.
Por que há essa diferença que chega a ser 10 vezes maior?
Em alguns casos essa disparidade pode significar um perfil diferente
dos hospitais. Mas ainda assim, especialistas apontam que há muitas
diferenças entre unidades com formato e porte semelhantes.
Os dois hospitais de urgência de Goiânia – Hugo e Hugol – tem custos
bem diferentes, o que causa espanto. O alto custo em um hospital do
interior, o Hurso (que fica em Santa Helena de Goiás), na comparação com
os demais, também levanta dúvidas na planilha da saúde.
Mais do que isso: os custos dos hospitais goianos, geridos por
organizações sociais, são maiores do que os paulistas, também geridos
por organizações sociais. Segundo reportagem do jornal O Popular, a
maioria dos hospitais paulistas – 14 entre 17 – tem de 5 a 8 dias como
média de permanência dos pacientes. Em Goiás, 6 dos 13 registram mais de
8 dias no tempo de internação, com o máximo de 14 dias indicados no
Hurso e no Hospital Geral de Goiânia (HGG).
Vale lembrar que o Hugo, antes das organizações sociais, tinha um
custo cinco vezes menor e atendia quatro vezes mais pessoas. Hoje, o
Hugo atende no máximo 190 pessoas por dia e, antes das organizações
sociais, atendia em média 800.
Os dados foram levantados por uma empresa contratada pelo próprio
governo, e basearam a decisão de não renovar os contratos com todas as
OSs, mas, sim, abrir novos chamamentos públicos.
Sabemos que o problema não será solucionado dessa forma, já que é o
modelo de gestão que permite esse tipo de distorção. As OSs são precisam
fazer licitação para nada. Podem contratar os fornecedores que bem
entenderem, pelo preço que quiserem, com a qualidade que julgarem ser
ideal.
Além disso, como são empresas (“fantasiadas” de entidades do terceiro
setor), as OSs ainda precisam separar do dinheiro que é repassado pelo
poder público a parte que configura o ganho econômico de seus diretores,
o que apesar de ser proibido, é costumeiramente feito de forma maquiada
pelas organizações.
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Do Gama Livre: Recomendamos ver aqui a postagem "Rollemberg mente? Ou quem mente para o governador sobre Organizações Sociais (OSs)?" de 26 de novembro de 2016. Na postagem há o relato de Fernando Aurvalle Krebs, promotor
de Justiça de defesa do patrimônio público do MP de Goiás, no "Encontro A Fiscalização das Organizações Sociais pelos Órgãos de
Controle Externo". Encontro realizado em Brasília em 18 de novembro de 2016. Ele desnudou o escândalo que há em Goiás com as OSs. Ao final da matéria há o áudio da íntegra de sua palestra.