Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

"Quero ser conhecido como o governador que recuperou Brasília", diz Rollemberg em entrevista publicada hoje (17/12) no Correio Braziliense; vai ser lembrado, acho, pelo caos. "Posto" (entre aspas, entre aspas) de saúde que funciona precariamente embaixo de uma arquibancada do Bezerrão está desde quinta (13/12) sem energia e sem água

Segunda, 17 de dezembro de 2018



Muitas pessoas acham que no final do governo, Rodrigo Rollemberg foi 'picado pela mosca azul', aquela que aparece no poema Mosca Azul, de Machado de Assis. Como o blebeu do poema, deslumbrou-se e passou a sonhar com poder e riquezas (mesmo que não financeiras, no caso do governador), coisas que acabaram destruindo seu senso de realidade. Acha que fez um governo bom, apesar da tragédia que foi para a saúde, a educação, segurança, transporte público etc. etc. etc.

Já a maioria das pessoas que se pronunciam sobre o governo Rollemberg, grupo ao qual este humilde blogueiro se inclui, o governador parece que foi picado mesmo por um milhão de moscas tsé-tsés. Essas moscas que acertaram o quengo do governador, transmitem o trypanosoma brucei. Verdade que no caso em tela, uma variante do trypanosoma brucei, um trypanosoma brucei 'administrativus'. Responsável pela doença do sono dos administradores públicos. Foram quatro anos de sono profundo.

Sono profundo, especialmente quando, sonolento, havia alguma coisa relacionada com a Região Administrativa do Gama. Não vou citar aqui, agora, mas só agora, o caos de hoje, mas que vem de longe, no HRG, Hospital Regional do Gama. Acompanhantes sentados ou dormindo no chão, pois faltam mais de 100 cadeiras para tais pessoas. Uma crueldade.

Disse que não falaria no caos do HRG. Acabei falando um tiquinho.

Mas vou falar de outra cochilada, na realidade um sono terrivelmente profundo do governo Rollemberg. É o sono que no sonho, ele acha que a saúde foi recuperada. A mosca tsé-tsé é brava. Ele continua dormindo e fazem quatro anos que a reforma do Centro de Saúde 8 do Gama empacou e não sai do lugar. Mil promessas de recomeço das reformas pelo secretário de saúde, mas fazer o que se o Chefe está em sono profundo vítima de picadas de moscas tsé-tsés, da espécie 'administrativas'? 

No prédio do Centro de Saúde 8 tudo fechado, ops! Aberto, totalmente aberto, sem portão, com grades com buracos. Só não estão abertos os serviços de saúde.

As equipes de saúde espalhadas. Algumas "sediadas" (ou seria assediadas?) embaixo de insalubre arquibancada do Estádio Bezerrão. Nem vacinas podem aplicar, pois o nível de insalubridade não permite.

Mas vamos em frente, tendo cuidado para não acordar o governo Rollemberg, que dorme em berço nem tão esplêndido. Tenho até medo de acordá-lo e aí páááá... novas ações estabanadas administrativamente, como foram o fechamento do Pronto Atendimento Infantil (PAI) e também da Pediatria do Hospital Regional do Gama. Vai que ele cumpre a promessa de fechar o Centro Obstétrico ou outro serviço essencial à população. 

Dorme ou não dorme um governo que, depois de não reformar o Centro de Saúde 8 do Gama, deixando-o fechado há quase quatro anos, transfere uma equipe de saúde para debaixo da ponte, ops! Debaixo da arquibancada do estádio de futebol do Gama, numa verdadeira bola fora?

E o pior, nem bola fora pode se jogar. Pois desde a última quinta-feira (13/12) no local não há energia elétrica e muito menos água. A CEB cortou a energia do Estádio Bezerrão. POR FAL-TA DE PA-GA-MEN-TO da conta. Faltando energia, as bombas que puxam a água para o local em que atua (???) a equipe de saúde não podem ser ligadas. Falta energia, falta água, falta salubridade, falta força de saúde, falta remédio, só não falta o sono tsé-tsé do governo.

Lembre que é debaixo de uma arquibancada que "funciona" uma equipe do fechado Centro de Saúde 8. E sem isso —energia elétrica e água— os usuários são informados que terão que ir para uma 'unidade' instalada numa casa comum na Quadra 26 do Setor Leste, distante mais de dois quilômetros do Bezerrão, estádio que fica no Setor Central, juntinho ao Setor Norte do Gama. A linha azul na imagem abaixo, mostra o caminho que, por exemplo, uma mãe com seu filhinho no braço, terá que percorrer, muitas vezes a pé, do Bezerrão até a Quadra 26 do Leste.

Enquanto isso, os efeitos das picadas das moscas tsé-tsés continuam agindo sobre o governo do DF. Dorme profundamente. Claro que não dorme em macas quebradas como são as que vemos no HRG.

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Portão de entrada  do "posto" do Bezerrão. Fotos do arquivo do Blog Gama Livre (25/8/2018)