Segunda, 17 de novembro de 2018
Do
Blogue Náufrago da Utopia
Por Celso Lungaretti
Explorando o filão do ódio: Mussolini...
Para as pessoas que sabem verdadeiramente como foram os anos de chumbo italianos (ou seja, aquelas que não tiveram os cérebros lavados pela tendenciosidade gritante da indústria cultural), eu estarei chovendo no molhado ao repetir que a Justiça daquele país estava contaminada pelo clima de caça às bruxas na década subsequente à morte de Aldo Moro, tendo passado a reger-se pelas razões de Estado em detrimento dos escrúpulos de consciência (que os promotores inquisitoriais mandavam às favas com a desenvoltura de um Jarbas Passarinho).
Este furor irracional e desmedido acabaria arrefecendo, com as leis de exceção sendo adiante revogadas. Mas, incrivelmente, houve sentenças lavradas no período que permaneceram intocadas.
Impunha-se uma anistia, claro, mas havia e há um espírito autoritário sempre rondando os italianos. Ele já encarnou em Mussolini e Berlusconi, devendo em breve o trem fantasma estar com novo condutor, Matteo Salviani. Terror dos imigrantes ele já é.
...Berlusconi...
Cesare Battisti não está sendo caçado por causa de quatro homicídios (a ele falsamente atribuídos por delatores premiados que combinaram de atirar suas culpas nas costas de quem parecia estar a salvo na França), mas porque reconstruiu sua vida e se tornou escritor bem sucedido.
Desde o macartismo estadunidense a história se repete: populistas que exploram o filão do ódio escolhem famosos como alvos, sob pena de não obterem os holofotes almejados.
E já lá se vão 38 anos que Cesare vive de sobressalto em sobressalto, sofrendo uma perseguição tão extemporânea quanto encarniçada e iníqua, que levaria à loucura homens mais fracos. É tempo demais.
Hoje ele só quer escrever seus livros e viver em paz. E é mais do que hora de os abutres desencanarem de quem teima em frustrar suas insídias e já deixou bem claro que preferirá morrer a servir-lhes de troféu.
...e Salvini
Tomara que esta haja sido a última etapa de sua fuga sem fim.
Tomara que a sorte finalmente lhe sorria, no país para o qual tenha ido
Tomara que lhe restem muitos anos pela frente, suficientes para compensar todos os que os obscurantistas, os injustos e os desumanos lhe roubaram. (por Celso Lungaretti)