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(Millôr Fernandes)

sábado, 5 de dezembro de 2020

UNICEF pede US$ 6,4 bilhões para financiamento de emergência para 190 milhões de crianças afetadas por crises humanitárias e a pandemia

Sábado, 5 de dezembro de 2020

Da ONU Brasil

O UNICEF lançou o maior apelo de sua história para financiamento de emergência de US$ 6,4 bilhões a fim de alcançar 300 milhões de pessoas, incluindo mais de 190 milhões de crianças, com apoio e serviços essenciais até o final de 2021. O apelo representa um aumento de 35% sobre os fundos solicitados para 2020 e um reflexo da expansão das necessidades humanitárias globalmente em meio a crises prolongadas e a pandemia de COVID-19. 

Os irmãos sírgios Ahmad, 7 anos, e Saad, 5, carregam kit de higiene familiar no acampamento Fafin, zona rural do norte de AlepoOs irmãos sírios Ahmad, 7 anos, e Saad, 5, carregam kit de higiene familiar no acampamento Fafin, zona rural do norte de Alepo. Foto | Almatar/UNICEF 

"Quando uma pandemia devastadora coincide com conflito, mudança climática, desastre e deslocamento, as consequências para as crianças podem ser catastróficas", disse a diretora executiva do UNICEF, Henrietta Fore. "Hoje estamos enfrentando uma emergência de direitos da criança em que a COVID-19 e outras crises estão se combinando para privar crianças de sua saúde e bem-estar. Esta situação sem precedentes exige uma resposta igualmente sem precedentes. Estamos pedindo aos nossos doadores que se juntem a nós para que, juntos, possamos ajudar as crianças do mundo a superar os tempos mais sombrios e evitar uma geração perdida".

A pandemia de COVID-19 continua a causar estragos na vida das crianças, principalmente as mais vulneráveis. Os serviços de vacinação de rotina para crianças foram interrompidos em mais de 60 países, enquanto quase 250 milhões de estudantes em todo o mundo ainda estão afetados pelo fechamento de escolas. A instabilidade econômica está interrompendo serviços essenciais e tornando a sobrevivência mais difícil para as famílias e aumentando o risco de violência doméstica e de gênero.

Enquanto isso, novas crises humanitárias surgiram em 2020. O conflito na região de Tigray, na Etiópia, deixou 2,8 milhões de pessoas com necessidade urgente de assistência. Na província de Cabo Delgado, em Moçambique, mais de 425 mil pessoas, incluindo 191 mil crianças, foram deslocadas. Os relatos de assassinatos, sequestros, recrutamento e uso de crianças como soldados estão aumentando. Além disso, fortes tempestades devastaram comunidades vulneráveis na América Central e no Leste Asiático (Filipinas, Vietnã e Camboja), afetando 2,6 milhões e 13,4 milhões de crianças, respectivamente.

Ao mesmo tempo, a pandemia piorou emergências prolongadas em países como Afeganistão, Bangladesh, Burkina Faso, Líbia, República Democrática do Congo, Sudão do Sul, Ucrânia e Venezuela. O próximo mês de março marcará 10 anos de conflito na Síria e seis anos de conflito no Iêmen, deixando quase 17 milhões de crianças necessitando de assistência humanitária somente nesses dois países.

O número de desastres relacionados ao clima triplicou nos últimos 30 anos, ameaçando a segurança alimentar, aumentando a escassez de água, expulsando as pessoas de suas casas e aumentando o risco de conflitos e emergências de saúde pública. Estima-se que 36 milhões de crianças, mais do que nunca, vivem deslocadas devido a conflitos, violência e desastres. A desnutrição infantil está aumentando em países de todo o mundo.

Como parte de sua Ação Humanitária para as Crianças, que apresenta o apelo da agência para 2021, o UNICEF planeja alcançar:

  • 149 milhões de mulheres e meninas e 7,4 milhões de crianças com deficiência;
  • 6,3 milhões de crianças em tratamento para desnutrição aguda grave;
  • 27,4 milhões de crianças vacinadas contra o sarampo;
  • 45 milhões de pessoas com acesso a água potável para beber, cozinhar e higiene pessoal;
  • 19,2 milhões de crianças e cuidadores com acesso a saúde mental e apoio psicossocial;
  • 17 milhões de crianças e mulheres com acesso a intervenções de mitigação, prevenção ou resposta de risco à violência de gênero;
  • 93,3 milhões de crianças com educação formal ou não formal, incluindo aprendizagem precoce; e
  • 9,6 milhões de famílias com assistência em dinheiro.

Como parte de sua resposta à COVID-19, o UNICEF está ativando sua maciça operação de fornecimento e compras no lançamento e na distribuição de uma vacina, com foco na equidade para alcançar as crianças e famílias mais vulneráveis. Esse trabalho inclui a coordenação com as principais companhias aéreas e empresas de frete globais para intensificar os esforços para entregar vacinas a mais de 92 países ao redor do mundo assim que elas estiverem disponíveis. A agência também está coliderando esforços para ajudar a prontidão dos governos para implantar as vacinas – incluindo o posicionamento prévio de seringas, mapeamento de equipamentos da cadeia de frio e combate à desinformação.

Os cinco principais apelos por necessidades de financiamento para 2021 são para refugiados sírios (US$ 1 bilhão), Iêmen (US$ 576,9 milhões), República Democrática do Congo (US$ 384,4 milhões), Síria (US$ 330,8 milhões) e Venezuela (US$ 201,8 milhões).

Colocar as organizações nacionais e locais no centro das operações humanitárias é uma estratégia-chave na resposta humanitária do UNICEF. Os principais resultados em 2020 foram possíveis graças às parcerias do UNICEF com equipes humanitárias locais, agências da ONU, sociedade civil e organizações não governamentais, equipes de resposta nacionais e locais e parceiros de recursos. Os resultados notáveis incluem:

  • 1,5 milhão de crianças tratadas por desnutrição aguda grave;
  • 3,4 milhões de crianças vacinadas contra o sarampo;
  • 3 bilhões de pessoas alcançadas com mensagens sobre a COVID-19 relacionadas à prevenção e ao acesso a serviços;
  • 1,8 milhão de profissionais de saúde com equipamentos de proteção individual;
  • 45,5 milhões de famílias beneficiadas com medidas de assistência social novas ou adicionais fornecidas pelos governos para responder à COVID-19 com o apoio do UNICEF;
  • 2,5 milhões de kits de teste de COVID-19 fornecidos a 56 países.