Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

domingo, 18 de julho de 2021

GDF: Revitalização da W.3 detona patrimônio de meio século de existência

Domingo, 18 de julho de 2021
Do Blog Brasília por Chico Sant'Anna



A esse blog, o arquiteto Fabricio Pedroza, explicou com exclusividade que ao elaborar o seu projeto do calçamento da Avenida W.3 Sul, em primeiro lugar, pensou em propor uma calçada em pedra portuguesa, à exemplo da Avenida Atlântica, em Copacabana, e da Praça do Rossio, na capital portuguesa, Lisboa “pela comprovada beleza desses lugares”.

Por Chico Sant’Anna

Cuidar da história e do patrimônio urbanístico e artístico do Distrito Federal parece não ser o forte da maioria das administrações que passam pelo GDF. Em muitos casos, existe mais um vandalismo do que a preservação da memória urbana. Imagine-se caminhando pelo calçadão de Copacabana e, de repente, você olha pra baixo e percebe que aqueles desenhos de ondas feitos por pedras portuguesas, brancas e pretas, foram retirados pela prefeitura e substituídas por lajotas pré-fabricadas em concreto. Inadmissível, não é? A revolta seria total, com certeza. Bem, esse exemplo não precisa ficar na ficção. Ele é real aqui na Capital da República.

O calçadão de Copacabana, a versão atual, data de 1970 e é de autoria de Burle Marx. Dois anos depois, aqui em Brasília, pedras portuguesas foram usadas para cobrir o passeio público das quadras 500 e 700 da W.3 Sul, até então o principal eixo urbano da cidade.

Aquilo que seria inadmissível na Velha Capital está ocorrendo na Nova Capital e pela ação do próprio governo. As calçadas da W.3 Sul estão passando exatamente por um processo, denominado de “revitalização” pelo GDF. O calçadão completaria meio século de existência, ano que vem. Seu autor, o arquiteto Fabricio Pedroza, reconhecido internacionalmente, está revoltado e, no particular, não economiza palavrões para classificar a “revitalização” posta em marcha pelo GDF. Em público, se limita ao adjetivo “lamentável”.