Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sexta-feira, 25 de março de 2022

Na guerra das narrativas, perdem Brasil e Petrobrás

Sexta, 25 de março de 2022


Na guerra das narrativas, perdem Brasil e Petrobrás

A troca do general de pijamas pelo chefe de torcida

O Globo e a Folha de S. Paulo publicaram editoriais na última semana defendendo o fim da Petrobrás como empresa pública. Nada de novo vindo destes dois veículos da imprensa brasileira, que se portam como sucursais dos jornais dos EUA e do Reino Unido. Para eles, a Petrobrás e a Soberania Nacional são grandes empecilhos à rendição do Brasil novamente à condição de colônia, mesmo a nações falidas dentro da nova ordem geopolítica.

Os jornalões brasileiros insistem na tese da defesa do livre mercado para afrontar a escalada de preços de combustíveis. Que a Petrobrás é entrave à entrada de novos empreendedores, vítima da intervenção dos governos de turno. É que é preciso garantir o direito dos acionistas de cobrar que a empresa seja sempre lucrativa.

Criada por Lei, em 1954, a Petrobrás tinha como missão garantir a Soberania Nacional na exploração, produção e distribuição do petróleo e seus derivados no território brasileiro. A campanha histórica “O petróleo é nosso”, que levou à existência da Petrobrás, sempre foi duramente criticada pelos jornalões.

Assim mesmo, a Petrobrás e o Estado brasileiro, construíram uma história de sucesso. Dos poços iniciais no recôncavo baiano até a descoberta do óleo na Bacia de Campos, passando pela instalação do parque de refino, da indústria petroquímica, de fertilizantes e, principalmente, da conquista de uma tecnologia 100% nacional na exploração de petróleo em águas profundas.

Apesar disto, nos anos 1990, quando a Petrobrás entregava ao Brasil a autossuficiência na produção de petróleo, a onda de política neoliberal chegou por aqui. A Petrobrás perdeu o monopólio da exploração do petróleo, da distribuição dos refinados e teve 49% de suas ações vendidas na Bolsa de Nova Iorque.

Assim mesmo, a Petrobrás seguiu sua missão e, em 2006, apresentou ao mundo a maior descoberta de óleo deste século, o pré-sal. E ainda conseguiu o recorde de extrair o primeiro barril com menos de seis anos. Mas isto nunca foi comemorado pelos jornalões, que punham em dúvida a descoberta e a capacidade da Petrobrás em produzir.

Quando veio à tona a Operação Lava Jato, em 2014, revelando casos de corrupção de funcionários da empresa, os jornalões vibraram e repercutiram indefinidamente que a Petrobrás estava quebrada. Foi um efeito cascata, os preços das ações despencaram de R$ 26 para R$ 4. A dívida da empresa, feita para garantir a exploração do pré-sal, parecia tornar-se impagável. Ou seja, mais argumentos para que os jornalões defendessem o fim da Petrobrás.

Enfraquecido politicamente, o governo de Dilma Roussef, cede às pressões, nomeia Aldemir Bendine presidente da Petrobrás e deixa o Congresso aprovar a Lei Serra, que tirou da empresa a condição de operadora única do pré-sal. Bendine inicia a política de frear investimentos e da venda de ativos.

Destituída, Dilma é sucedida por Michael Temer, que indica Pedro Parente para a presidência da Petrobrás, quando se dá início ao Preço Paritária de Importação (PPI), vassalagem ao mercado internacional de petróleo, e à acelerada venda de ativos estratégicos da Petrobrás.

Enquanto isso, as acusações contra a Petrobrás que, de vítima passa a ser ré, destruíram a engenharia nacional, a indústria naval e milhões de empregos no Brasil. Por outro lado, para felicidade dos acionistas, a Petrobrás distribuiu dividendos recordes, à custa de toda a população ao manter o PPI.

Agora, com o conflito entre Rússia e Ucrânia, quando o preço internacional do petróleo disparou, a Europa procura mecanismos de subsídios para diminuir o impacto as suas populações.

No Brasil, a atual gestão da Petrobrás impõe um tarifaço de quase 30% nos preços, quando a inflação já ultrapassa os 10% anuais. Os jornalões aplaudem a atitude da direção e pedem mais. Bolsonaro diz que não manda nada, que é melhor se desfazer da Petrobrás que só dá dor de cabeça. E propõe retirar o general de pijamas e colocar o chefe de torcida.


ENERGIZANDO


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