Para Jairnilson Paim, em momento de divórcio do capitalismo com a democracia, sistemas universais estão ameaçados. No Seminário SUS 35 anos, ele alerta: só a organização política pode conquistar o SUS que o povo merece, hoje deformado por políticas de austeridade

Nos dias 18 e 19 de setembro, Outra Saúde ajudou a realizar um seminário para marcar a data em que a lei que regulamentou o Sistema Único de Saúde completou 35 anos. Foram 25 convidados que dialogaram em quatro mesas de debate, uma sessão especial, uma conferência e o lançamento de dois livros. Em pauta, temas que abordam os principais entraves impostos à concretização de um sistema de saúde que atenda com dignidade todos os 210 milhões de brasileiros – e as novas oportunidades para fortalecê-lo.

Um dos sanitaristas que melhor contribui para resgatar as bases da Reforma Sanitária Brasileira – e para demonstrar o quanto estamos longe de ter um SUS do tamanho do povo brasileiro – é Jairnilson Paim. Professor e fundador do Instituto de Saúde Coletiva da UFBA, ele foi um dos participantes da conferência final do seminário, na sexta-feira à noite, ao lado de Gonzalo Vecina.

Em entrevista exclusiva concedida a este boletim, algumas horas antes do encerramento do evento, ele refletiu sobre o ponto em que estamos, três décadas e meia após a Lei Orgânica da Saúde. Alerta: o que vivemos hoje é “uma caricatura” do SUS projetado na Constituição de 1988. Mas o jogo não está perdido, desde que a sociedade continue lutando pela sua construção e para resgatar seus ideais.