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(Millôr Fernandes)

sábado, 20 de setembro de 2025

Bahia inaugura turbina de 220 m, maior aerogerador onshore das Américas

Sábado, 20 de setembro de 2025

Bahia inaugura turbina de 220 m, maior aerogerador onshore das Américas

2.500 MWh por mês, o suficiente para abastecer 15 mil residências

AEPET
Publicado em 19/09/2025
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Desenvolvida com tecnologia nacional, a turbina pesa 1.830 toneladas e tem potência de 7 MW. Foto: Petrobras/Divulgação

O maior aerogerador terrestre das Américas, com 220 metros de altura — o equivalente a seis estátuas do Cristo Redentor — entrou em operação no Complexo Eólico de Brotas de Macaúbas, na Bahia, a cerca de 590 quilômetros de Salvador. A turbina pesa 1.830 toneladas e tem potência de 7 MW, capaz de gerar aproximadamente 2.500 MWh por mês, o suficiente para abastecer 15 mil residências. Do solo à ponta da pá, o comprimento equivale a seis estátuas do Cristo Redentor empilhadas. Em relação ao peso, é o mesmo de 1.660 carros populares ou 44 Boeings 737.

O projeto foi desenvolvido em parceria por Petrobrás, WEG e Statkraft, com apoio do BNDES e do Ministério do Meio Ambiente. O investimento de R$ 130 milhões da Petrobrás veio da cláusula de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que obriga empresas de óleo e gás a destinarem parte dos contratos de exploração para projetos tecnológicos. A WEG foi responsável pelo desenvolvimento do aerogerador, com tecnologia nacional e fornecedores locais, enquanto a Statkraft realizou a aquisição e instalação.

Segundo a Petrobrás, o modelo reduz custos de instalação e manutenção, por concentrar maior geração em uma única estrutura e ocupar menos área física. A estatal destacou ainda que a iniciativa representa um passo na diversificação da matriz energética brasileira, hoje ainda dependente de hidrelétricas e termelétricas.

A Bahia lidera a produção de energia eólica no Brasil, com mais de 13 GW de capacidade instalada, e o Nordeste responde por mais de 80% da potência eólica nacional, segundo a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica). Os ventos constantes e de alta qualidade da região são considerados um dos diferenciais competitivos mais importantes para atrair investimentos.


Embora seja o maior das Américas, o aerogerador baiano tem dimensões menores que turbinas de última geração já em operação na Europa e na Ásia, que chegam a 10 MW ou até 15 MW em versões offshore. Para especialistas, a implantação no semiárido nordestino mostra que o Brasil avança em escala tecnológica própria, com adaptação às condições locais e utilização de componentes nacionais.

Além do impacto na matriz energética, o projeto movimenta a economia regional, com geração de empregos diretos e indiretos durante a instalação e manutenção, além do fortalecimento da cadeia de fornecedores no interior baiano. A Statkraft informou que a turbina se integra ao processo de modernização do Parque Eólico de Seabra e pode servir de referência para futuros leilões de energia renovável.

Comparativo internacional e projeções

No cenário global, o Brasil ocupa a 7ª posição em capacidade eólica instalada, com 31,5 GW em operação até julho de 2025, segundo a Global Wind Energy Council (GWEC). A China lidera com mais de 430 GW, seguida pelos Estados Unidos, com cerca de 150 GW. O novo aerogerador na Bahia reforça a estratégia nacional de aumentar a participação das fontes renováveis, que já respondem por cerca de 93% da matriz elétrica brasileira, de acordo com o Ministério de Minas e Energia.

A ABEEólica projeta que, até 2030, o Brasil poderá alcançar 50 GW de capacidade eólica instalada, consolidando o Nordeste como epicentro da geração. A tecnologia nacional desenvolvida pela WEG em parceria com a Petrobras poderá ser replicada em outros projetos, inclusive offshore, segmento em que o país já mapeou potencial de 700 GW ao longo da costa.

Fonte(s) / Referência(s):
Movimento Econômico