Quarta, 29 de setembro de 2010
Por Ivan de Carvalho
Como se esperava, mal foram conhecidos os números da pesquisa Datafolha, realizada na segunda-feira e divulgada na terça, indicando forte possibilidade (nada de certezas) de segundo turno nas eleições presidenciais – o que setores governistas, enquanto animava as oposições – desabaram sobre a mídia e o eleitorado, ontem, resultados de pesquisas dos institutos Ibope e Sensus. Só faltou o Vox Populi, que não tardará.
Pelos números do Ibope e do Sensus, a candidata do PT, Dilma Roussef, líder em todas as pesquisas eleitorais desde que ultrapassou o tucano José Serra, sofreu perda. Dá para dizer que está, da mesma maneira que apareceu nos resultados do Datafolha, em linha descendente nas intenções de voto.
No entanto, há uma diferença muito expressiva entre os resultados do Datafolha e os oferecidos pelo Ibope e pelo Sensus. Nestes dois últimos, a queda de Dilma é bem mais suave que no Datafolha, bem como neste a ascensão da soma dos votos dos demais candidatos (vale citar José Serra, mas a subida maior coube a Marina Silva, do Partido Verde) é acentuada.
É claro que as pesquisas do Ibope e do Sensus vão diminuir muito a preocupação – que em muitos casos chegou a caracterizar-se como quase pânico – da campanha de Dilma Rousseff e de seus aliados.
Uma demonstração clara dessa preocupação quase-pânico está na ação direta de inconstitucionalidade ajuizada pelo PT ante o STF, contra a exigência legal de um documento oficial com fotografia (além do título eleitoral, que não tem foto) para o eleitor votar.
É claro que as pesquisas do Ibope e do Sensus vão diminuir muito a preocupação – que em muitos casos chegou a caracterizar-se como quase pânico – da campanha de Dilma Rousseff e de seus aliados.
Uma demonstração clara dessa preocupação quase-pânico está na ação direta de inconstitucionalidade ajuizada pelo PT ante o STF, contra a exigência legal de um documento oficial com fotografia (além do título eleitoral, que não tem foto) para o eleitor votar.
Ora, o PT apoiou e votou, no Congresso Nacional, a favor da lei que estabeleceu a exigência de documento com foto em nome da lisura das eleições. Pois o título apenas, não tendo foto, pode dar ensejo a uma pessoa votar em lugar de outra, fraudando o pleito.
O PT ajudou a aprovar a lei (que teve apoio geral na Câmara e Senado) e o presidente Lula a sancionou. Na ocasião, o PT não viu inconstitucionalidade nenhuma.
Mas agora, quando lhes parece que a eleição presidencial de domingo está apertada (quanto a haver ou não segundo turno, do qual o PT foge como o diabo da cruz, coisa que, suponho, qualquer outro partido na mesma situação também faria), os petistas acreditam que está mais concentrada em “seu” eleitorado a ausência de documento oficial com foto e então logo passaram a ver inconstitucionalidade e desnecessidade na lei que antes, ao seu ver, contribuiria para assegurar a lisura do pleito.
E, impressionante, é que o STF começou a votar a ação do PT e revelou tendência (ainda não consumada porque o julgamento foi interrompido por pedido de vistas do ministro Gilmar Mendes) para aceitar as alegações deste partido. Mais correto estaria o ministro Marco Aurélio, para quem nem título de eleitor seria preciso para votar, já que o nome do eleitor está na lista de votação: bastaria chegar na seção e apresentar a carteira de identidade. Tem razão. Mas vale ressaltar que a carteira de identidade tem fotografia, ao contrário do título, que devia ter, mas não tem, sabe Deus por qual razão. Bem, apesar de Ibope e Sensus, parece que o Datafolha e, quase certamente, pesquisas internas acenderam mesmo o sinal de alerta na campanha de Dilma. O clima já não é de quase-pânico, nada disso, mas, em rio de piranhas, convém nadar de costas.
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Este artigo foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia desta quinta.
Ivan de Carvalho é jornalista político baiano.
Ivan de Carvalho é jornalista político baiano.