Quarta, 22 de setembro de 2010
Por Ivan de Carvalho
O Pew Research Center é uma organização apartidária sediada em Washington e que, como o próprio nome indica, pesquisa. Nesta sua função, acaba de anunciar – a notícia chegou ao Brasil ontem – os resultados de uma pesquisa que realizou em 22 países. OI, numa outra forma de dizer, os resultados de uma pesquisa realizada no Brasil, semelhante a outras realizadas em 21 países espalhados pelo mundo.
O cerne dessa pesquisa de opinião pública diz respeito à avaliação que a população do Brasil e dos outros 21 países fazem de diversas coisas. As melhores avaliações encontradas no Brasil, dentro do universo de temas pesquisados pelo Pew Research Center, couberam ao presidente Lula e à mídia – esta, atualmente, sob ataque do governo.
Lula conseguiu uma pequena vantagem sobre a mídia, mas com uma margem estreita o suficiente para caracterizar o chamado empate técnico. Nada menos que 84 por cento dos entrevistados no Brasil consideram que a influência do presidente tem sido positiva para o país.
No momento, só Deus seria capaz de superar Lula em avaliação positiva no Brasil e mesmo assim tenho minhas dúvidas, já que o eleitorado se apronta para eleger uma candidata que, segundo voz geral no meio político, era atéia até o início da campanha eleitoral, quando, talvez em resposta à ânsia dos repórteres por novidades, passou a experimentar um processo de conversão progressiva e rápida.
Assim, essa candidata teria avançado do ateísmo àquela “reza básica” quando o avião balança, maneira com que “a gente vai assim equilibrando as coisas” entre o “não sei se é, não sei se não é”, chegando às lembranças da formação cultural católica e do batismo até a mais recente afirmação categórica – “Sou católica, com certeza”.
Mas a mídia – que por falta de coisa mais importante a fazer, anda aqui e ali informando (com demasiada discrição) sobre a orientação religiosa ou o ateísmo de candidatos a presidente da República, uma informação que pode não ter importância para muitos eleitores, mas tem grande importância para muitos outros – não fica quase nada atrás do presidente Lula.
Dos entrevistados pelo Pew Research Center (podem esperar, alguém vai alegar que não vale, por ser entidade sediada em Washington e ter nome em inglês), 81 por cento avaliam que a mídia tem tido uma influência boa para o Brasil.
Assim, quando a mídia critica o presidente, a grande maioria das pessoas não concorda. A outra face da moeda é a de que, quando o presidente critica a mídia, ou simplesmente a ataca, grosseiramente, como vem fazendo nos últimos dias – período em que a mídia tem denunciado certas malfeitorias no governo – a grande maioria das pessoas não concorda com o presidente.
Esta é uma boa razão para ele refletir. Talvez conclua que deve rever os conceitos recentemente emitidos sobre a mídia. Ou talvez conclua, como fez seu colega venezuelano Hugo Chávez, que vale a pena manter a queda de braço e que acabará vencendo. Mas, se vencerá ou não, caso persista, somente a história nos contará.
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Este artigo foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia desta quinta.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.
O cerne dessa pesquisa de opinião pública diz respeito à avaliação que a população do Brasil e dos outros 21 países fazem de diversas coisas. As melhores avaliações encontradas no Brasil, dentro do universo de temas pesquisados pelo Pew Research Center, couberam ao presidente Lula e à mídia – esta, atualmente, sob ataque do governo.
Lula conseguiu uma pequena vantagem sobre a mídia, mas com uma margem estreita o suficiente para caracterizar o chamado empate técnico. Nada menos que 84 por cento dos entrevistados no Brasil consideram que a influência do presidente tem sido positiva para o país.
No momento, só Deus seria capaz de superar Lula em avaliação positiva no Brasil e mesmo assim tenho minhas dúvidas, já que o eleitorado se apronta para eleger uma candidata que, segundo voz geral no meio político, era atéia até o início da campanha eleitoral, quando, talvez em resposta à ânsia dos repórteres por novidades, passou a experimentar um processo de conversão progressiva e rápida.
Assim, essa candidata teria avançado do ateísmo àquela “reza básica” quando o avião balança, maneira com que “a gente vai assim equilibrando as coisas” entre o “não sei se é, não sei se não é”, chegando às lembranças da formação cultural católica e do batismo até a mais recente afirmação categórica – “Sou católica, com certeza”.
Mas a mídia – que por falta de coisa mais importante a fazer, anda aqui e ali informando (com demasiada discrição) sobre a orientação religiosa ou o ateísmo de candidatos a presidente da República, uma informação que pode não ter importância para muitos eleitores, mas tem grande importância para muitos outros – não fica quase nada atrás do presidente Lula.
Dos entrevistados pelo Pew Research Center (podem esperar, alguém vai alegar que não vale, por ser entidade sediada em Washington e ter nome em inglês), 81 por cento avaliam que a mídia tem tido uma influência boa para o Brasil.
Assim, quando a mídia critica o presidente, a grande maioria das pessoas não concorda. A outra face da moeda é a de que, quando o presidente critica a mídia, ou simplesmente a ataca, grosseiramente, como vem fazendo nos últimos dias – período em que a mídia tem denunciado certas malfeitorias no governo – a grande maioria das pessoas não concorda com o presidente.
Esta é uma boa razão para ele refletir. Talvez conclua que deve rever os conceitos recentemente emitidos sobre a mídia. Ou talvez conclua, como fez seu colega venezuelano Hugo Chávez, que vale a pena manter a queda de braço e que acabará vencendo. Mas, se vencerá ou não, caso persista, somente a história nos contará.
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Este artigo foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia desta quinta.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.