Segunda, 11 de abril de 2011
Da Agência Senado
O
senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) disse nesta segunda-feira (11) que, ao
longo das últimas décadas, aumentaram as invasões, a grilagem e a compra
ilegal de terras por estrangeiros na Amazônia, o que em sua opinião
ameaça o controle institucional. Ele assinalou que, além da cobiça pelas
matérias primas, pela biodiversidade e pelos minerais, agora existe a
questão da produção de alimentos e de biocombustível.
-
A cada dia que passa, o mundo inteiro precisa consumir toneladas de
recursos naturais e grãos. Assim, se torna cada vez mais grave a falta
de alimentos, e é mais clara a urgência que muitos países demonstram em
adotar, em larga escala, o biocombustível, como fonte alternativa
importante em suas matrizes energéticas - afirmou.
O senador citou estudo recente do Instituto Internacional de Pesquisa em Política Alimentar (IFPRI), com sede em Washington, nos Estados Unidos. A pesquisa, realizada entre 2006 e 2010, constatou que investidores estrangeiros arremataram mais de 20 milhões de hectares de terras naquelas regiões, em operações financeiras que ultrapassam US$ 30 bilhões.
- Segundo a mesma fonte, essas
transações envolvem empresas, fundos de investimentos, governo e pessoas
físicas, em negociações na maioria das vezes suspeitas, cujos contratos
são recheados de artifícios que servem para burlar a legislação
existente nos países alvos. O IFPRI assinala que a maior parte desses
solos é adquirida na África e no Brasil, onde os custos de produção e
dos imóveis rurais são baixos - salientou.
Segundo
Vital do Rêgo, o governo, a sociedade, os líderes políticos e diversas
entidades do setor agrícola estão muito preocupados com a continuidade
dos abusos praticados pelo capital internacional no meio rural
brasileira. Ele disse que há um consenso de que esse avanço sobre terras
no Brasil está se tornando perigoso e exige uma fiscalização rigorosa.
Vital
lembrou que, no final do governo Lula, a Advocacia-Geral da União (AGU)
encaminhou ao Palácio do Planalto um parecer recomendando o fechamento
de brechas à compra de terras por estrangeiros, acima dos limites
estabelecidos pela Lei 5.709/71. Mas, apesar dessa decisão, alertou o
senador, os negócios com imóveis rurais no Brasil continuaram sem a
devida obediência às exigências.
- Em face da
continuidade dos abusos, no dia 15 de março passado, a presidente Dilma
Rousseff decidiu bloquear todos os novos negócios de terras, envolvendo
investidores estrangeiros, com o intuito de burlar as restrições
estabelecidas. Avisou mais ainda que, a partir desse novo aviso,
qualquer operação que contrarie as normas legais vigentes poderá ser
suspensa pela justiça - assinalou.
O senador
Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) disse, em aparte, que é preocupante a
questão fundiária na Amazônia. Ele observou que para os habitantes da
Amazônia há uma série de entraves à regularização de terras e que estão
sendo investigados indícios de fraude. Trata-se, segundo o parlamentar,
de um problema de soberania e segurança nacional.