Segunda, 30 de julho de 2012
Por
Ivan de Carvalho

Foi uma vida longa e bem vivida, grande parte
dela ao lado de sua querida esposa Sônia, que agora deixou. Deu certo como pai de
muitos filhos.
Advogado, foi como pecuarista, político e pessoa
do bem que atuou na sociedade. Quem o conheceu sabe que, diferente de muitos
que operam na área política, era um homem sem ódios, rancores, mágoas ou
preconceitos, de coração leve. Mas conceitos os tinha. Gostava de conversar e
era muito tranquilo – ou “trankilo”, como insistia em pronunciar, talvez em
protesto porque a palavra não tinha o trema que sua pronúncia sugeria. Tenho
certeza de que, na Casa do Pai, foi recebido, “trankilamente”, numa boa morada.
Político, prefeito do município de Castro Alves, obteve
em seguida vários mandatos parlamentares. De deputado estadual e deputado
federal. Exerceu sempre a função pública com honestidade, seriedade e evidente
espírito público. Disto posso dar testemunho pessoal, pois trabalhei com ele como
“secretário extraordinário” de Informação e Divulgação durante o período (1 de
abril de 1977 a 15 de agosto de 1978, portanto, 16 meses e meio) em que foi
prefeito de Salvador.
Foi escolhido prefeito segundo o processo da
época, por indicação do governador Roberto Santos e aprovação da Assembléia
Legislativa, para suceder na prefeitura a Jorge Hage. E deixou o cargo em
agosto do ano seguinte (foi sucedido por Edvaldo Brito) para ter condições
legais de renovar seu mandato de deputado federal.
Mal acabara de assumir o cargo, chuvas
torrenciais como há vários anos não ocorriam quase destruíram a cidade. Ele a
reparou. Em alguns lugares, com muito trabalho, como na reconstrução reforçada
do cais de Amaralina destruído por ondas poderosas e na substituição da
insuficiente macrodrenagem da Avenida Magalhães Neto.
Deixou muitas outras coisas para a cidade. Cito
algumas, mas outras certamente estão escondidas em arquivos secretos da gasta
memória do jornalista:
1. Substituição da drenagem e urbanização da
Baixa dos Sapateiros e Barroquinha, que inundavam a cada chuva forte. Obra
demorada, política e materialmente difícil, complexa, exigiu uma forte campanha
publicitária, não para propaganda da obra, evitar o colapso do intenso e
tradicional comércio local.
2. Construção da Avenida Orlando Gomes, ligando a
Paralela à Orla.
3. Criação, por decreto municipal, do Parque
Metropolitano de Pituaçu (implantação dos equipamentos pelo governo Roberto
Santos, por intermédio da Conder, presidida então pelo economista Osmar
Sepúlveda).
4. Criação da Limpurb e consequente extinção do
antigo DLP – Departamento de Limpeza Pública, cuja estrutura superada impedia
um serviço de limpeza decente.
5. Pavimentação da segunda pista da Av. Juracy
Magalhães Jr.
6. Drenagem e urbanização
em áreas paupérrimas da periferia da cidade.
Muito mais haveria a dizer.
Sobre obras, ações de governo e pessoas. Por exemplo, que a cidade deve
bastante, e especialmente, a Luiz Braga, então secretário de Obras, ex-deputado
e engenheiro. À diretora do Oceplan (Órgão Central de Planejamento), Maria
Auxiliadora e ao economista e assessor especial Antonio Alberto Valença. E,
claro, ao prefeito, sob cujo comando eles e outros serviram.
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Este artigo foi publicado originalmente na Tribuna desta segunda.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.