Bailes na periferia de São Paulo são
encerrados sob violenta repressão policial, enquanto meninas são levadas
de ônibus das comunidades onde moram para “animar a festa” nas baladas
chiques
Sexta-feira à noite, 20 de julho, periferia da zona sul de São
Paulo. Na praça do Jardim Botucatu, aproximadamente 60 garotas entre 15 e
23 anos esperam para embarcar no ônibus que vai levá-las para a balada
funk da NEXXT, famosa casa noturna na Vila Olímpia, na parte rica e mais
central da zona sul. O “toque de recolher” (a saída), está previsto
para meia-noite, segundo o convite enviado às garotas via Facebook e
torpedo telefônico.
O programa é grátis, só não inclui o consumo de bebida na casa
noturna. Mas os dois rapazes que promovem o evento se encarregam do
aquecimento das moças. Carregando garrafas, a dupla transita pelo
corredor do velho ônibus de turismo alugado e trata de manter os copos
plásticos com vodka e soda sempre cheios. Ninguém recusa. A partida é
dada com uma hora de atraso, à uma da madrugada.
O ônibus é bem diferente daquele dourado estampado na página da
NEXXT, no Facebook. Também não tem o logo da casa nem a imagem com
garrafas de champagne que acompanham as frases direcionadas às garotas:
“Leva para a NEXXT e, no final da noite, leva embora. De graça. Só para
mulheres”.
Animadas pelos drinks, as meninas não parecem se incomodar com a
diferença. O tal modelito “periguete” predomina. Vestidos justos e
curtos, apesar de um dia de frio intenso do inverno paulistano.
Sandálias com grandes saltos. Maquiagens fortes, principalmente nos
olhos. Continue lendo na "Pública"