Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Funk-se quem puder

Bailes na periferia de São Paulo são encerrados sob violenta repressão policial, enquanto meninas são levadas de ônibus das comunidades onde moram para “animar a festa” nas baladas chiques

Por Moriti Neto e Vinicius Souza
Sexta-feira à noite, 20 de julho, periferia da zona sul de São Paulo. Na praça do Jardim Botucatu, aproximadamente 60 garotas entre 15 e 23 anos esperam para embarcar no ônibus que vai levá-las para a balada funk da NEXXT, famosa casa noturna na Vila Olímpia, na parte rica e mais central da zona sul. O “toque de recolher” (a saída), está previsto para meia-noite, segundo o convite enviado às garotas via Facebook e torpedo telefônico.

O programa é grátis, só não inclui o consumo de bebida na casa noturna. Mas os dois rapazes que promovem o evento se encarregam do aquecimento das moças. Carregando garrafas, a dupla transita pelo corredor do velho ônibus de turismo alugado e trata de manter os copos plásticos com vodka e soda sempre cheios. Ninguém recusa. A partida é dada com uma hora de atraso, à uma da madrugada.

O ônibus é bem diferente daquele dourado estampado na página da NEXXT, no Facebook. Também não tem o logo da casa nem a imagem com garrafas de champagne que acompanham as frases direcionadas às garotas: “Leva para a NEXXT e, no final da noite, leva embora. De graça. Só para mulheres”.

Animadas pelos drinks, as meninas não parecem se incomodar com a diferença. O tal modelito “periguete” predomina. Vestidos justos e curtos, apesar de um dia de frio intenso do inverno paulistano. Sandálias com grandes saltos. Maquiagens fortes, principalmente nos olhos. Continue lendo na "Pública"