Segunda, 10 de setembro de 2012
Aline Leal ValcarenghiRepórter da Agência Brasil
Brasília - O Ministério da Saúde lançou em 2006 as Diretrizes Nacionais
para Prevenção do Suicídio recomendando que cada estado elaborasse suas
estratégia nessa área. Depois de seis anos, no entanto, pouca coisa
mudou, segundo Alexandrina Meleiro, psiquiatra filiada à Associação
Brasileira de Psiquiatria e integrante da organização não governamental
Centro de Valorização da Vida (CVV).
“Faz tempo que todas as coisas ligadas ao suicídio não ficam mais do
que no papel. Reúnem-se grandes nomes, celebridades e não sai nada do
papel”, afirmou. No Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, lembrado hoje
(10), a especialista dá sugestões do que pode ser feito para mudar esse
quadro.
Para incentivar políticas públicas voltadas para a prevenção do suicídio em todo o mundo, a Organização Mundial da Saúde cobrou em documento mais ações relativas à questão. O Distrito Federal (DF) também lançou hoje um programa de políticas públicas para prevenir o suicídio.
De acordo com a coordenadora de Prevenção ao Suicídio da Diretoria de
Saúde Mental, Beatriz Montenegro, o DF é a primeira unidade federativa a
desenvolver uma política pública voltada para a prevenção do suicídio.
A psiquiatra acredita que o primeiro passo para uma prevenção
eficiente é a orientação. Na opinião dela, líderes de grupos como
escolas e igreja deveriam ser diretamente orientados pelo serviço de
saúde pública a reconhecerem os sinais que as pessoas dão de que estão
pensando em suicídio.
“Eu instruiria professores e esses professores instruiriam pais. Eu
instruiria representantes de todos os credos religiosos, seja padre,
pastor, rabino, de tudo quanto é religião. Instruiria também comunidades
como Lions, Rotary, e todas as comunidades que fazem serviços
voluntários”, explica Alexandrina Meleiro.
Abandono de amigos e de atividades sociais, perda de interesse em
atividades que antes traziam prazer, estado emocional instável e
conversas sobre a morte podem ser sinais de que algo está errado e de
que a pessoa com esses sinais pode, num futuro próximo, cometer
suicídio. De acordo a psiquiatra, diante dessas evidências, pessoas mais
próximas devem procurar profissionais especializados no assunto.
Outra atitude a ser tomada na prevenção do suicídio, de acordo com
Alexandrina, seriam programas de treinamento das pessoas que trabalham
nas emergências e nos serviços de qualidade mental, compostos por
psicólogos, psiquiatras e terapeutas de família.
”Quando há uma tentativa [de suicídio], a pessoa vai para um serviço de
emergência. Nele, não há pessoas qualificadas para o tratamento. O
primeiro tratamento médico-cirúrgico é feito como se fosse um trauma
qualquer. Mas, dali, o paciente precisaria de um encaminhamento para
internação, para um psiquiatra ou psicólogo. Do pronto-socorro ele vai
pra casa. Nada é feito”, explica.
O Ministério da Saúde foi procurado pela Agência Brasil
em duas oportunidades para comentar o tema, mas a assessoria de
imprensa não tinha informação sobre o desenvolvimento de ações previstas
pelas Diretrizes Nacionais para Prevenção do Suicídio de 2006. De
acordo com a portaria
que estabelece as diretrizes, a Secretaria de Atenção à Saúde do
Ministério da Saúde teria atribuição de regulamentar o documento em 120
dias.
Entre as determinações do documento, está a de desenvolver estratégicas
de informação, de comunicação e de sensibilização da sociedade “de que o
suicídio é um problema de saúde pública que pode ser prevenido”. Página
da Estratégia Nacional de Prevenção do Suicídio do Ministério da Saúde prevê a elaboração do Plano Nacional para Prevenção do Suicídio e do Plano Plurianual 2008-2011.
Edição: Davi Oliveira