Sexta, 21 de setembro de 2012
Por
Ivan de Carvalho

Os analistas
parecem haver chegado a uma estranha unanimidade – se nada ocorrer que promova
um terremoto eleitoral na cidade de São Paulo, Russomano vai classificar-se
para o segundo turno com votação bem acima do segundo colocado. E este segundo,
também são unânimes os analistas, tanto pode ser o candidato do PSDB, José
Serra, quanto o candidato do PT, Fernando Haddad.
Serra vinha
caindo lenta, mas seguidamente, nas pesquisas eleitorais. Haddad vinha subindo,
continuamente, ainda que também lentamente. E esperava o PT que ele agora desse
um salto: a senadora petista e ex-prefeita Marta Suplicy, com reconhecido
prestígio em certas áreas da cidade, afinal aceitou os desesperados apelos para
ingressar na campanha eleitoral de Haddad, o poste que Lula decidiu por no
cargo de prefeito da maior metrópole do país.
Assim é que
Marta deixou a primeira vice-presidência do Senado, licenciou-se do mandato e
ganhou o Ministério da Cultura, de onde foi delicadamente expurgada Ana de
Holanda, irmã de Chico Buarque. E então entrou na campanha, tapando o nariz
para um companheiro de coligação, o ex-governador e ex-prefeito Paulo Maluf.
Bem, passaram-se
alguns dias sob a nova configuração, então foi feita a pesquisa e – e não deu
certo, pelo menos até aqui. Haddad, que na pesquisa Datafolha anterior obtivera
17 por cento, oscilou dois pontos para baixo e agora tem 15 por cento. Isto
significa que houve uma interrupção da sua curva de subida, acrescida de uma
incômoda e – não há maldade em dizer – depressiva inflexão para baixo.
Já com o tucano
José Serra aconteceu exatamente o contrário. Ele que vinha em descenso
contínuo, interrompeu a curva de queda e, possivelmente só para esnobar o
contendor petista, subiu um ponto percentual – dos 20 da pesquisa Datafolha
anterior para 21 por cento das intenções de voto, agora. Claro que há sempre
aquela história da margem de erro da pesquisa, mas, com a aproximação das
eleições, o Datafolha ouviu 1.802 eleitores e a margem de erro é de apenas dois
pontos percentuais. Como a diferença encontrada entre Serra e Haddad é agora de
seis pontos (21 e 15, respectivamente), nem utilizando a margem de erro em suas
possibilidades máximas se chega ao empate técnico.
A interrupção de
crescimento e a leve ascensão de Serra não acenderam o sinal amarelo na
campanha do PT. Este já estava aceso há muito tempo. Agora, acionados foram os
sinais vermelhos e os alarmes sonoros. O corneteiro toca “avançar cavalaria” e
é possível que uma porção de marqueteiros esteja gritando “pânico, pânico”
pelos corredores do comitê central de campanha.
Se a eleição
fosse hoje, o petista estaria fora do segundo turno. Há muito tempo, ganhando
ou perdendo, o PT não fica fora do segundo turno numa eleição paulistana. Agora,
sofre esta ameaça. E, pior, com o poste apresentado e apadrinhado por Lula,
precisamente quanto o PT parece estar em má fase quanto às eleições em capitais
de Estados e outras cidades importantes, tudo isto misturado com o julgamento
do Mensalão e as novas peripécias de Marcos Valério. O PT, é o que se fala,
deve reagir, com furiosos ataques contra José Serra e, com algumas cautelas,
também contra Celso Russomano, que é do PRB, que é ligado à IURD, que controla
a Rede Record.
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Este artigo foi publicado
originalmente na Tribuna da Bahia desta sexta.
Ivan de Carvalho é jornalista
baiano.