Domingo, 16 de março de2014
Ary Graça teria recebido comissão de R$ 10 milhões
O presidente da Confederação Brasileira de Vôlei, Ary Graça,
pediu demissão do cargo nesta sexta-feira (14) após ter sido divulgada uma
denúncia de corrupção em que ele teria recebido uma comissão de R$ 10 milhões
por meio de contratos de patrocínio com o Banco do Brasil. O escândalo,
denunciado pelo canal ESPN Brasil, é uma vergonha para o país que vem sendo
destaque na mídia internacional por estar a três meses do início da Copa do
Mundo. A Controladoria Geral da União vai apurar as irregularidades.
O escândalo, no entanto, não se encerra com as apurações e a
renúncia do presidente da CBV que acumulava ainda outro cargo de relevância no
vôlei mundial. Presidente da Federação Internacional de Vôlei (FIVb), Ary Graça
perde completamente a credibilidade diante dos órgãos internacionais ligados ao
esporte e compromete a imagem do Brasil que nos últimos 30 anos se tornou uma
potência do vôlei internacional. O diretor geral da FIVb, André Dias Azevedo,
amigo e homem de confiança de Ary, é dono de outra empresa que também recebeu comissões
milionárias.
Com a saída de Ary da CBV, Walter Laranjeiras,
assume a presidência da Confederação, mas não encerra o problema pelo fato de
ter fortes ligações com o ex-presidente. Numa tentativa de minimizar as
denúncias, a carta de demissão de Ary Graça foi escrita no final do ano passado
e justifica a saída para que ele possa se dedicar mais à FIVb. As denúncias
envolvem ainda o superintendente geral da CBV, Marcos Pina, que renunciou ao
cargo no final de fevereiro e também teria recebido parte da comissão.
Para o técnico Bernardinho, o escândalo despertou uma grande
tristeza por tudo que o vôlei brasileiro representa. Segundo ele, o esporte não
merecia isso e as pessoas não podem ver o vôlei do Brasil manchado por essas
denúncias. “Tudo isso para mim é muito triste”, disse ele. Outro
técnico do vôlei brasileiro e renomado mundialmente, José Roberto Guimarães,
pediu que os fatos sejam esclarecidos e que os culpados sejam, apontados e
banidos do esporte.
Para o presidente do Comitê Olímpico
Brasileiro (COB) e
do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos do Rio 2016, Carlos Arthur
Nuzman, há uma grande preocupação com as denúncias. Os fatos, ressaltou
ele, devem ser apurados
por ser uma questão de respeito aos atletas e treinadores. Nuzman
ressaltou que tudo deve ser
explicado, o que houve e o que não houve. "O exemplo de profissionalismo
que o vôlei
sempre deu deve ser mantido", afirmou ele.
Copa do Mundo e Olimpíadas
O Jornal do Brasil vem destacando em várias matérias e
editoriais a situação dos gastos que estão sendo feitos para realização da Copa
do Mundo e das Olimpíadas em 2016. O alto custo dos estádios, que após o
evento, ficarão ociosos, e da infraestrutura para os jogos olímpicos, são temas
constantes em nossas edições. Somam-se a isso as recorrentes denúncias de
superfaturamento de obras feitas com dinheiro público que deixam de ir para saúde,
educação, saneamento e tantas outras destinações que beneficiariam à população
brasileira.
Além dos altos
gastos, as exigências feitas pela Fifa e as intervenções da entidade em assuntos
que não lhe dizem respeito incita todos os brasileiros a uma reação contra o
evento que sempre teve no país um dos maiores públicos do planeta. Em editorial
publicado em 19/2, o Jornal do Brasil questionava as imposições da Fifa:
“A forma intensiva com que a Fifa atuou no Brasil para
realização da Copa do Mundo, não só na execução das obras dos estádios mas
também na escolha das sedes dos jogos em cada capital, deve ser a razão
fundamental para o prejuízo que está sendo imposto ao país. A forma mais
conveniente para se evitar esse prejuízo seria uma ação do Ministério Público
visando o bloqueio de todas as receitas dos jogos como forma de compensar a
perda que o país terá. E ainda, há incidência de tributos sobre essa
arrecadação? Há previsão de recolhimento do Imposto de Renda sobre os ganhos da
Fifa com a Copa do Mundo no Brasil? E não havendo, que lei determina essa
isenção?”